06 julho 2013

A mulher paulista na Vila de São Paulo de Piratininga.


 

Perfil histórico da mulher paulista -

 

As mulhereres paulistas, especialmente as paulistanas que viviam perdidas nos confins do planalto de Piratininga, nos tempos da colonização, eram conhecida por “ mulheres tapadas”, pois eram recolhidas em seus lares e nas poucas vezes que saiam à rua, cobriam-se totalmente com mantos baetas de cor escura, nos moldes das mulheres do interior de Portugal.
Naqueles tempos coloniais, dizem os historiadores, que as mulheres paulistanas ao se casarem deixavam o poder opressivo dos pais e passavam para o poder dos maridos, sendo essa a caricatura que sempre pintaram dessas mulheres, recatadas e austeras.

Dizem que se limitavam às tarefas caseiras, incluído as visitas as capelas e igrejas onde rezavam costumeiras e quase diariamente  e a fazer e cuidar de muitos filhos... Uma atrás do outro, multiplicando a prole de seus maridos bandeirantes.
Também tinham participação ativa na vida da cidade, a tosca vila isolada, longe do litoral e das noticias da metrópole.  Faziam curas e partos,  sem descuidar de colaborar na economia dos lares.

Nos primeiros anos da Colonia não havia mulheres brancas no planalto. As uniões se davam entre os europeus e indígenas, sem qualquer solenidade religiosa e que provocava poligamia aceita pela  sociedade local.
Com o tempo, os portugueses principalmente, passaram a se casar na Igreja com as mulheres de tribos aliadas. Os primeiros habitantes deram origem a clã paulistana conhecida como os quartocentões gerando gerações de mamelucos.

As primeiras famílias legalmente constituídas entre europeus e as “ negras da terra “ como eram chamadas, provocaram miceginação cultural interessante, pois os filhos legítimos eram culturalmente brancos, mesmo sendo mamelucos, com hábitos trazidos da Europa e criação próxima às tradições indígenas.
Dessa união surgiram as mais antigas linhagens familiares paulistanas. Dessa linhagem especial, diferenciada das demais mulheres cuja origem era ignorada, a vocação era casar e proliferar dentro das leis do Cristianismo e também seguirem a vocação religiosa, algumas  se tornando freiras.

Sem delongas vale concluir que essas mulheres por estarem na Vila de São Paulo, longe de tudo e de todos, especialmente do litoral, eram mulheres fortes e capazes, que ajudaram a construir o perfil da mulher paulistana que, séculos mais tarde, quando houve necessidade, em face de GUERRA PAULISTA de 1932, sem qualquer receio, a par de incentivar seus pais, filhos, maridos, noivos, também foram para as trincheiras, para os hospitais e para as indústrias.
Não tiveram qualquer receio em doar suas jóias para o esforço de guerra que o momento exigia e mostraram que a mulher paulistana, desde os tempos de Bartira, a linda indígena que foi casada com João Ramalho e ajudou a fundar São Bernardo da Borda do Campo, tem sido o esteio e baluarte da grandeza da cidade e do Estado.

E a história se repetiu durante os anos de chumbo, quando meninas e jovens mulheres revoltadas com o estado de coisas que se apresentava no país, ajudaram a guerrilha no norte de Goiás e foram covardemente assassinadas pelas forças federais.
Helenira Rezende de Souza Nazareth, Luisa Augusta Garlippe, Maria Lúcia Petit da Silva e Suely Yumiko Kanayama, mulheres paulistas, guerrilheiras, desaparecidas no Araguaia são, como foram suas antecessoras mamelucas, também exemplo da fibra e da força da mulher paulistana, que, diga-se de passagem, que mais do que a personalidade forte e marcante também são graciosas, bonitas e elegantes.Sempre foram.

No mês de julho, quando a paulicea em festa comemora a guerra heróica movida por São Paulo contra a caudilhagem, o Expresso Vida brinda a feminilidade local, trazendo um pouco da história da mulher paulista. Apenas uma síntese do que traz os compêndios que se referem a colonização do planalto de Piratininga.
O Expresso Vida lembra que a mulher de São Paulo foi fundamental para que de modo valente e corajoso os 30 mil soldados constitucionalistas enfrentassem os 350 mil federais e impusessem fosse editada a Constituição de 1934.

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São José de Letras

Fonte -Madalena Marques Dias

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