Memória nº 60
Banquete em Subauma:
Pão com sardinhas.
Distante aproximadamente vinte
quilômetros de Iguape, junto à rodovia SP 222, que nesse trecho atualmente tem o nome de Ivo
Zanella, Subauma se constitui em um núcleo urbano onde pescadores amadores
mantinham desde tempos idos, pesqueiros,
barcos e casas simples de turistas amantes da natureza e da pesca
principalmente.
Lá a estrada muda o rumo e se
distancia da orla seguindo para o interior em direção à Pariquera Açu, e havia
um único empório, onde Fragoso vendia de tudo um pouco.
Era bar, boteco, armazém... Até
farmácia com Melhoral, Engove, esparadrapos, colírios e remedinhos corriqueiros.
Fragoso tinha de tudo para salvar a dispensa de quem estivesse por lá e
precisasse de algo, já que nos finais de semana, pescadores apareciam pegavam
seus barcos e, do riozinho, seguiam em
direção ao Mar Pequeno para suas pescarias. Ao anoitecer sentiam falta de
azeite, vela, álcool, abridor de latas, cerveja, cachaça... e corriam para lá
onde havia sempre para servir alguém da família do comerciante pronto para bem atender, jogar conversa fora e
ganhar o pão nosso de cada dia.
Certa vez, quando mantinha
dois loteamentos junto ao Rocio, à beira do Valo Grande, nas proximidades do
campo de aviação, Lourenço por volta das 15 horas partiu de Iguape em direção à Cananéia, seguindo pela
rodovia, então sem asfalto. Junto com o sócio Zé Antonio, seguiram sem almoço e
a fome bateu.
Entraram no Subauma, então
modesto aglomerado de pequenos ranchos, com uma única rua que da rodovia
terminava na beira do rio.
Junto à garagem de barcos,
deram com o barzinho tosco mas
providencial, pois poderiam comer um peixinho frito ou batatas fritas e tapear o estomago até o
jantar...
- Não tenho nada para servir.
Não faço almoço... Já é tarde.
(...)
Não teve jeito. A mulher
havia ido para a cidade e assim não tinha nada e como preparar...Fora
irredutível e não aceitou qualquer argumento da dupla faminta. Fragoso,
simpático, educado e sem maiores esclarecimentos, disse não a todos os
argumentos.
- Tem sardinhas em lata?
Duas latinhas de sardinhas
para cada um, acompanhado de cerveja gelada e biscoito salgado, pois não havia
pão, foi o saboroso e grande banquete inesquecível.
De lá, seguiram o caminho e à
noite, já hospedados, jantaram em Cananéia.
Roberto J. Pugliese
presidente da Comissão de Direito
Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São
José de Letras
Autor de Terrenos de Marinha e seus
Acrescidos, Letras Jurídicas
Autor de Direitos das Coisas, Leud
Nenhum comentário:
Postar um comentário