Memórias nº 94
Instituto
Mackenzie.
Lourenço concluíra o ginásio
no Arquidiocesano, tradicional colégio da Vila Mariana, em São Paulo, em cujas
carteiras, ilustres personagens da história já haviam sentados, entre outros,
alguns prefeitos e vereadores da cidade, juízes, médicos e advogados renomados
e entre esses, Jânio da Silva Quadros e Wenceslau Brás, que se elegeram
presidentes da república. Instituição de ensino dos Irmãos Maristas, leigos de
origem francesa, voltados para educação.
Concluído o curso ginasial em
1965, no ano seguinte matriculou-se no Curso Clássico, o terceiro grau então
existente, voltado para as letras, distinto do Curso Científico, voltado para
ciências exatas. Fora estudar no Colégio Mackenzie, instituição também
tradicional quanto a outra, mas cujo regime disciplinar, era radicalmente
distinto, sem qualquer restrição ou
regra comportamental de convivência.
De repente Lourenço se viu
livre, leve e solto, em frente da Faculdade de Filosofia da USP, instalada do
outro lado da rua, convivendo com radicais da esquerda e de direita, falando de
política e tendo aula de inglês, sem que a professora proferisse qualquer
sílaba em português.
Dentre os professores destaca
o de literatura: Isidoro. Outro não se recorda...
Um prédio erguido no jardim
acadêmico, ao lado de outros, onde se encontravam as escolas de arquitetura, de
engenharia, de direito, de economia
permitindo conviver com jovens de ambos os sexos, com costumes liberais e
vindos de todos os cantos, influenciando de forma recíproca, uns aos outros,
num convívio bem democrático. Alunos dos cursos superiores junto com os do
terceiro grau, sem portões que fossem fechados, sinos e regras que lhes foram
impostas desde o primário nos colégios de bairro em que estudara. Não havia
mais boletins. As notas eram publicadas com afixação nas paredes de papéis
impressos na secretaria.
Tudo mudou repentinamente.
E, sem avaliar bem o que
acontecia, Lourenço se viu ao lado de Arnaldo Baptista que estava se esforçando
para firmar a sua banda, ainda não conhecida e às sextas feiras, dava convites
aos colegas para prestigia-la. Os Mutantes, com Rita Lee e aparelhagem
eletrônica de ponta, estavam surgindo à passos largos.
Na mesma sala, não menos
excêntrico para aqueles tempos, Peticov o genial mestre das tintas, também dava
seus primeiros passos para a fama.
A toda essas mudanças
comportamentais, ajunte-se a transformação de pinto para galo e todas as
novidades das cortinas da vida que mostravam para um novo espetáculo.
A esse tempo, Giba seu amigo
de Itanhaém, estudava Química Industrial e assim se encontravam com frequência.
Aliás esse fora seu incentivador para estudar no Mack...
E Lourenço foi reprovado. Sem
qualquer chance. Algo inusitado acontecera e não sabia como dar a notícia. Sem
alternativa, tomou o primeiro ônibus que passou e seguiu sentado no último
banco refletindo... No ponto final, voltou... e no ponto inicial retornou... e
assim passeou durante o dia inteiro.
(...)
No ano seguinte se viu
matriculado no Colégio São Bento para repetir o primeiro Colegial que fora
reprovado. E cursou o Clássico onde teve o privilégio de ser aluno, entre outros sabidos professores, do Dr. Henrique Vailati com quem veio desfrutar de seus ensinamentos e amizade.
Em 1970 ingressou na Faculdade de Direito da PUC-Sp.
Em 1970 ingressou na Faculdade de Direito da PUC-Sp.
Roberto J. Pugliese
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São
José de Letras
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