07 setembro 2014

Diário de Rafaela.Confissões.

O Expresso Vida publica com exclusividade as primeiras confissões que a pequena Rafaela ditou para seu diário no dia de seu aniversário  de seu primeiro mês de vida, que se deu em primeiro de Setembro último.

Bem interessante.

Vale a leitura:
 
" Diário da Rafaela.

Querido diário.

Está completando um mês que estou por aqui. Amanhã faço meu primeiro mês de vida.

Tanta novidade que não sei nem como falar. Aliás, ainda não aprendi a falar. Nem escrever, portanto nessas primeiras linhas, eu penso e você, querido diário, memoriza em suas páginas etéreas.

 

Gostei muito do meu quarto.

Parece que tudo foi feito com muito carinho, amor e bom gosto. Tudo muito delicado. As pessoas que tem vindo me visitar são também bem educadas, simpáticas e carinhosas. Veio até gente de muito longe.

 

Vieram de um lugar de nome esquisito: rio. Entendi que elas moram num rio. Mas é um rio seco. Não entendi bem. Tem cada coisa engraçada nesse mundo que estou chegando. Fico até preocupada porque tenho tanta coisa para aprender. Ainda bem que meu papai e minha mamãe gostam bastante de mim para me ensinar.

 

Lá na casa que eu vivia com as outras criançinhas, Papai do Céu ensinava uma porção de coisas para que pudéssemos saber quando chegássemos por aqui. Nunca falou que as pessoas poderiam morar num rio...(????) Mas logo vou entender. Eu sei que os peixinhos moram no rio. O papai tem peixinhos bonitinhos num aquário que parece rio. Mas gente dentro do rio é estranho. Tem tanta coisa que eu tenho que apreender.

 

Lá era muito bom.  Tudo era claro, calmo e todos éramos muitos felizes.

 

Quando me avisaram que eu fora escolhida para vir para cá, fiquei muito contente... muito, muito contente. Papai do Céu escolheu um papai e uma mamãe muito gentis. Muito bons comigo e com as pessoas. São bem pacientes e gostam muito de mim. Estou feliz por ser a filinha que eles tanto queriam.

 

Fui avisada, me despedi das minhas amiguinhas e de repente estava dentro de uma bolsa d’água, gelatinosa, quentinha com muita paz. Quase igual a casinha azul lá do céu.

 

Fui avisada que ficaria por lá algum tempo. Ficaria ali  enquanto papai e mamãe estariam ajudando a fazer minha roupa. Aquela que eu vou vistir enquanto estiver por aqui... Bem legal. Lá na casa do Papai do Ceu a gente não tem roupa. A gente é invisível... Só aqui nesse lugar que as pessoas são de carne e osso. ( Bem interessante !!!) Lá, dizem que eu era alma. Outros falam que eu era espírito e alguns dizem até que eu não existia. Isso não importa, o que importa é que eu existia e vivia muito feliz com os anjinhos e um montão de gente que cuidava de todos. Era muito bom.

 

Mas agora o papai e a mamãe fizeram minha roupinha e estou por aqui vestida desse jeito. E eles capricharam. Todo mundo diz que sou bonitinha. Que sou linda. Que tenho a boquinha igual da mamãezinha. Que sou espertinha. Que meus olhos são lindos... Papai e mamãe souberam me fazer. Gostei.

 

Pena que eles ainda não me mostraram num espelho. Não sei como que eu sou. Gostaria de ver, pois parece que eles capricharam. ( há há há !!!!)

 

Naquela bolsa que eu estava era tudo tranquilo. Não tinha nenhuma dificuldade. Comia, dormina e brincava. As vezes sentia mamãe falar comigo, papai agradar com carinho e escutava outras pessoas comentando ao meu respeito. Mas não tinha ideia do que acontecia aqui fora.

 

É tudo muito estranho por aqui. Muito barulho e meio confuso...

 

Quando eu saí daquela bolsa, disseram que eu estava cheia de vida, que eu era uma menina, muito cabeluda... Tudo tão óbvio... não entendi porque. Era um montão de gente, mexendo em mim, me examinando, como se eu tivesse atravessando a fronteira. Só faltou pedirem passaporte.

 

Quando eu saí da casa do Papai do Céu e fui para a barriga da mamãe foi tão rápido e fácil... o pessoal daqui é tão complicado. Tão burocrático. Examinam tudo na gente: Pesam, tiram fotografia, espetam o dedo, sujam o pé... É engraçado e complicado.

 

Meu avô quando mexeu em mim, comentou que eu tinha dedinhos, unhas, que eu era perfeitinha... Engraçado. Se eu sou gente, tenho que ser igual as outras gentes. Tudo muito estranho. As pessoas gostam de mim, mas são estranhas.

 

Mas foi legal.

Quando eu cheguei o papai estava muito emocionado. A mamãe muito feliz.

Fiquei contente de vê-los e vou me esforçar para deixar sempre todo mundo contente.

Gostei deles. São mais bonitos do que imaginava. São gentes muito boas, como o Papai do Ceu falou.

 

Querido diário.

Vai completar um mês que estou por aqui.

Sei que tenho sido meio chatinha, mas é que não sei falar e preciso comer. Aprendi que só chorando, fazendo barulho é que vão entender que não estou gostando de algo. Mas assim que souber falar, vou me comportar melhor.

 

Também é tão gostoso ficar abraçadinha nas pessoas que gostam de mim... e na mamãe então é bem legal. É quentinho. Ela tem um cheiro tão gostoso. O cheiro do papai é diferente: Mas também é uma delícia. Eu gosto muito dos dois.

 

As vezes quem me pega é um vovô ou uma vovó, ou titia... uma porção de gente carinhosa. É bom, mas prefiro a mamãe e o papai.

 

Soube que me deram muitos presentes. Não entendi bem porque. Nem sei direito o que é presente.

 

Papai do Ceu avisou que algumas crianças que estavam lá, quando fossem para cá, não iam ganhar presentes e não teriam uma casinha bonita igual a minha. Mas eu fui escolhida para ficar num lugar bonito, com gente bonita e que gostam muito de mim.

 




 

Também gostei de ter vindo para o Brasil... tem cada lugar no mundo que eu não gostaria de estar... Aqui é bom. Todos falavam lá na casinha azul... mas realmente eu gostei, principalmente a casinha que eu estou.

 

Parece que presente é coisa para me deixar mais bonita e me agradarem... Isso quer dizer que gostam do papai e da mamãe e também de mim.

 

Já ouvi de uma porção de gente que esteve por perto que sou a mais nova torcedora do JEC. La no céu não me ensinaram o que era o Jec. Nunca tinha ouvido falar nisso. Mas logo vou aprender.

 

O que me lembro é que o Paulo, um velhinho simpático, de barba branca, bem bonzinho, sempre que me encontrava dizia para não esquecer dele. (? ) Dizia que meu pai, meu avô eram amigos dele... Não entendia que ele queria dizer e ainda não entendi. Mas não esqueci. Mas também não entendi. Dizia que ele ia me deixar muito feliz escolhendo ele para seguir.

 

Cada coisa engraçada e complicada...

 

Ouvi que sou sadia e pequenininha.  O Papai do Céu também me avisou que eu seria assim... E porisso sou feliz. Tudo que ele disse é verdade.

 

Bom. Assim que eu apreender a falar vou contar tudo para você direitinho. E para o papai e para a mamãe. Tchau.

 

Até qualquer hora...

 

Rafaela."
 
Roberto J. Pugliese
(Avô paterno de Rafaela )

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