21 março 2021

antonio paixão: A verdade nas entrelinhas.


Conversa com Antonio Paixão.

O Expresso Vida mais uma vez traz para o seu seleto público mais um estreito conto crítico de Antonio Paixão

Boa leitura
:

 "OVNI E A FALÊNCIA DO ESTADO BRASILEIRO
Já há três meses e meio em seu retiro etílico passado no isolamento obsequioso para fugir à infecção do COVID-19 num tonel de vinho na formidável vinícola de São Roque, no interior do Estado de São Paulo, nosso bravo poeta, António Paixão, recebeu a ligação telefônica de seu médico, o Dr. Hamilton Andrews, um entusiasta das terapias de Baco, as bacanais. Segundo ele, essas se tornam insuperáveis se ao vinho somarem-se as bacantes. 

“Olá, meu caro Paixão! Há tempos que não tenho notícias suas. A última foi quando você entrou no tonel. Você continua aí no mesmo lugar”?
“Sim, Hamilton. Persisto em meu agora reconhecido e premiado tratamento preventivo e terapêutico ao vírus diabólico, que me valeu o troféu IG-Nóbil, outorgado em Portugal. Estou bem de saúde. E você”?
“Eu sigo muito bem, Paixão. Continuo a tomar meio litro do rum cubano, Havana Club, pela manhã, no mais absoluto jejum, acompanhado de um puro Cohiba. Não há vírus mortal ou de outra forma nefando que se aproxime. Ahahah. Como você sabe, sou muito cioso do rigor científico e não transijo”.


“Mas você repete a dose antes de dormir, certo”?
“Claro, Paixão. Todas as noites. Não podemos dar uma oportunidade ao Sinistro. Este vírus é insidioso e todo cuidado é pouco. O seguro morreu de velho, como diz o ditado. Ahahah. Amigo, estou preocupado com você neste barril, sem exercícios físicos, fora as deglutições e gargarejos com o santo bálsamo etílico. Recomendo um passeio pelos vinhedos de São Roque, ao menos uma vez por semana”.


“Irei pensar. Obrigado pelo seu interesse. Abraços e passar bem”.
Recebida a recomendação do querido amigo, sensata pessoa e competente médico, quem está ocasionalmente até mesmo quase sóbrio, nosso bravo poeta resolveu seguir à risca a prescrição e, no sábado seguinte à noite, saiu nu e descalço de seu tonel, abriu as portas da vinícola e adentrou pelos viçosos vinhedos. Em contato com o ar fresco das colinas, sua primeira sensação foi a do encolhimento do pau, seguida pelo arrepio no cu.

]
Ainda sob o forte impacto do primeiro efeito e não plenamente recuperado do segundo, Paixão observou três luzes brancas no céu noturno sobre a colina, adiante do vinhedo. Elas se mexiam lateralmente e de cima para baixo, ora veloz, ora lentamente. Uma estava mais à frente e as demais na retaguarda, formando um triângulo luminoso, o que despertou não apenas a sua curiosidade mas, no primeiro momento, um certo temor.


Estupefato e paralisado pelo arrepio, agora já mais intenso, Paixão observou a luz mais próxima se avizinhar, revelando uma aeronave em forma de disco, a qual pousou suave e docemente metros à frente da posição onde se encontrava. Era um OVNI! Dele saíram por uma escada telescópica três indivíduos humanoides, de coloração esverdeada, desarmados e cada qual com um pequeno computador portátil em mãos. A atitude dos visitantes era amistosa, o que não foi suficiente para dissipar o grande cagaço.


“Boa noite, o nosso intento é pacífico”, disse aquele que aparentava ser o líder do grupo. “Somos de Marte e poderemos conversar em sua língua, através do tradutor computadorizado implantado em nossos cérebros”.

Ainda temeroso, nosso bravo poeta pode apenas dizer “E o que querem vocês de mim? Eu estava muito feliz recolhido em meu tonel de vinho e saí apenas para esticar as pernas, conforme recomendação de meu médico, o Dr. Hamilton, aquele sacana”.
“Meu nome é XYZPRB8 e sou o coordenador deste grupo de estudos na presente pesquisa de campo. Esse aqui à minha direita é o meu assessor Ervil Alul 4Ever e, à minha esquerda, é minha assistente Angela Davis 2bis”.


“Meu nome é António Paixão, poeta, corintiano e vencedor do prêmio IG-Nóbil. Eu pensei que os marcianos apenas visitassem o grande capeta do Norte, os Estados Unidos da América (EUA)”.
“De fato, disse XYZPRB8, lá vamos aos EUA para estudar as ações medonhas, nocivas, molestas, pavorosas, nefastas, repelentes, repugnantes, tétricas e vis que um Estado terrestre pode praticar contra os demais. Examinamos também as práticas genocidas tanto sistemáticas quanto reiteradas, algumas delas por décadas, como aquelas praticadas contra Cuba e o seu valente povo”.
“Vocês vão ao lugar certo para aquele estudo”, respondeu Paixão. “Mas o que vocês vêm fazer neste infeliz Brasil, neste calamitoso momento e qual o porquê de me procurarem”?
“Estamos aqui para fazer um estudo de campo sobre um Estado falido, no caso o Brasil. Temos um questionário de perguntas, para as quais buscamos esclarecimentos. Nossa escolha recaiu sobre sua pessoa, porque nu, descalço e com o corpo manchado de vinho tinto nos pareceu a pessoa mais pura, sensata e benigna que examinamos nestas plagas inditosas e desventuradas”, respondeu rapidamente o XYZPRB8.


“Então vamos todos entrar na vinícola, já que imerso em meu tonel de vinho ficarei mais à vontade e com maior inspiração para responder às vossas perguntas. Se quiserem me fazer companhia, há espaço para vocês também”.
“De acordo”, respondeu o XYZPRB8, “mas ficaremos do lado de fora para evitar contaminações recíprocas. Pedimos sinceras desculpas”.


Já acomodado no conforto de seu tonel de vinho e depois de tomar alguns goles para ganhar coragem, António Paixão afirmou com alguma solenidade: “vamos então ao vosso questionário, ao qual darei minha melhor atenção, mas gostaria de ouvir a totalidade das perguntas, para apenas depois dar as minhas respectivas respostas. Esclareço, desde o início, que não é fácil entender o Brasil. Se este país não é para principiantes terrestres, imaginem só as dificuldades que se põe aos marcianos”.
De olho em seu computador manual, XYZPRB8 esclareceu que o questionário havia sido dividido em seções, a primeira delas a respeito de aspectos institucionais do Brasil. “O Brasil tem hoje a 9ª economia do mundo. Há alguns anos, era a 6ª. O Produto Interno Bruto do país é hoje de US$ 2 trilhões; suas reservas cambiais, que já foram maiores, estão hoje em US$ 340 bilhões; e o seu saldo comercial no ano de 2019 foi de US$ 47 bilhões”.


“Vejo que vocês marcianos estão muito bem informados a respeito de nosso país”, afirmou António Paixão, um tanto quanto surpreso.
“De fato”, respondeu XYZPRB8, “fizemos nossa lição de casa e somente trabalhamos com números oficiais de organismos internacionais, porque as estatísticas brasileiras são notoriamente pouco confiáveis. Contudo, se puder continuar, não conseguimos entender o porquê de ter o Brasil a segunda maior concentração de renda do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Cerca de metade da renda nacional pertence a apenas 10% da população. Grande parte dos demais habitantes vive na indigência absoluta e quase todos os restantes vivem em dificuldades”.


“Veja bem, Poeta António Paixão, os números institucionais do Brasil não fazem sentido. Os bancos têm cerca de 8.5% do PIB do país e seu lucro cresceu 18% em 2019, sem contar com os serviços auxiliares, ao passo que o próprio PIB brasileiro cresceu apenas 1.1%, percentual igualmente refletido no aumento da arrecadação de impostos. O Tesouro paga aos rentistas uma taxa de juros de 34%, enquanto a taxa básica do país é de apenas 2.25% ao ano. Por sua vez, o consumidor ordinário ou indivíduo comum paga juros de 100% ao ano ao sistema financeiro”.


“São, de fato, números escandalosos a respeito dos quais ninguém no país parece ter vergonha, muito menos a classe política, que adora os banqueiros e venera os rentistas”, disparou António Paixão, interrompendo a narrativa.
“Por outro lado, poeta”, continuou XYZPRB8, “ o Brasil tem cerca de 12 milhões de pessoas, mais do que a população de Portugal, a habitar moradias precárias, insalubres e indignas, normalmente barracões de materiais descartados, nas 6.329 favelas que infestam seu território. Ademais, há pelo menos 500 mil habitantes de rua, número equivalente à população de Gênova; e mais de 120 mil trabalhadores sem-terra”.
“Segundo a ONU, no seu país, 33 milhões de pessoas, número aproximado da população da Polônia, não têm onde morar; 57 milhões, um Reino Unido, não têm ligação a uma rede de esgotos; 24 milhões, uma Austrália, não têm água encanada; e 15 milhões, uma Holanda, não têm acesso a coleta de lixo. Ainda segundo a ONU, há 5 milhões de famintos no Brasil, número que é provavelmente muito maior nos dias de hoje, talvez mais do que o dobro, com a presente pandemia do COVID-19”.
“Parece que os privilegiados de seu país, herdeiros legítimos de uma cruel sociedade escravocrata, são lamentavelmente insensíveis à miséria alheia e optaram conscientemente por manter o povo na adversidade, indigência e desamparo”, continuou o marciano. “Acresce que a população carece igualmente de uma educação pública de qualidade, que possa formar cidadãos conscientes e saibam exercer o direito de voto e fiscalizar seus representantes. Contudo, o vosso regime é dito democrático, ou seja, em tese um governo do povo, pelo povo e para o povo, mas parece a nós, lá em Marte, mais com uma situação de território ocupado por ferozes e inescrupulosos conquistadores da guerra de classes”.
“É a mais triste verdade”, foi o comentário singelo do António Paixão.
“Também nos causa muita estranheza o modo de operar das instituições de Estado no Brasil. Veja só o caso do presidente da República: ele é a favor da tortura, a favor dos ricos, a favor de uma sua ditadura pessoal, a favor do armamento de seus apoiadores; mas contra as mulheres, contra os negros, contra os indígenas, contra os pobres, contra o Judiciário, contra o Parlamento, contra os professores, contra as universidades públicas, contra os estudantes, contra nortistas e nordestinos e contra as florestas do país e de sua fauna. Ele é até mesmo contra as medidas de contenção da presente pandemia, não se incomoda com as mortes e ainda manda o povo tomar banho de esgoto”, disse o pesquisador marciano.


“O exército de seu país, no nosso entender, não tem razão de existir como tal, pois desprovido de qualquer poderio militar digno de nota. Parece que a instituição sirva apenas como sinecura para os seus integrantes atuais e reformados, bem como respectivos parentes. Causa-nos ainda profunda estranheza um quadro de cerca de 3 mil militares a ocupar postos civis no governo federal brasileiro. Tem-se a impressão de uma guarda pretoriana a postos para um autogolpe do presidente, em ensaio para a ditadura. Ademais, a política externa do Brasil foi entregue aos EUA por pessoas que acreditam que a terra é plana. Nós, que viemos do espaço, podemos assegurar que a terra é redonda, esférica mesmo”, completou XYZPRB-8.


“Obrigado pelo esclarecimento e convincente testemunho, que por estas plagas se faz hoje necessário”, respondeu educadamente o poeta.
“A respeito do Judiciário, quer nos parecer lá em Marte que os vossos juízes sejam como os militares. Buscam apenas suas vantagens corporativas pessoais. Eles gostam de ter pagamentos generosos e ricos desembolsos para viajar ao exterior, para comprar ternos nos EUA e gravatas na Itália. Praticam o nepotismo das maneiras mais criativas. O trabalho fica atrasado por décadas, mas não importa, o povo não merece justiça. Ela não é para a gentalha, plebe ou ralé, o que parece seja a atitude generalizada enraizada solidamente no ethos das classes dominantes. Quando desenvolvido, o serviço é feito pelos assessores, grupo interessante onde há apenas mulheres bonitas e rapazes bem-apessoados, quase todos brancos, bem cuidados, cheirosos e elegantes”.


“O mesmo parece ocorrer no vosso Parlamento”, continuou XYZPRB-8. “Os parlamentares brasileiros aparentemente exercem o mandato público em benefício próprio e de suas famílias, oficiais ou não. Tratam o que deveria ser um serviço público como um negócio. Votam de acordo com os interesses pessoais e sabe-se, em Marte, que muitos deles só se movem mediante vultuosos pagamentos feitos por entidades públicas que são a eles alocadas para exploração própria. Colocam-se no centro para que a logística de venda seja mais cômoda. Os liberais dispensam a rede de serviços públicos, que serve apenas à ralé sendo, portanto, desnecessária. Aliás, qual é o sentido da presença de um tal Deputado Alexandre Frota no parlamento brasileiro? Para quem mesmo trabalha o tal de Queirós”?
“Caro XYZPRB8” interrompeu António Paixão, “deixe-me tomar alguns muitos goles deste celestial bálsamo vinícola, porque fiquei deprimido com o quadro descrito por si, muito embora sabido, verdadeiro e apenas parcial. Servidos”?


“De fato, poeta, temos ainda cerca de 3.600 perguntas adicionais a respeito de temas como educação pública, pesquisa científica, direitos humanos, meio ambiente, agronegócio e pesticidas, distribuição de riquezas, forças armadas, política externa, comércio exterior, diplomacia, milícias fascistas, privatizações, desinformação ou Fake News, cultura, genocídio das populações indígenas e de segmentos dos infectos com o COVID-19, opressão à população negra, repressão às mulheres e às populações LGBT, dentre outros”.


“Meus queridos XYZPRB8, Ervil Alul 4 Ever e Angela Davis 2bis, gostaria de cumprimentar a todos os marcianos de vossa equipe pelo amplo trabalho desenvolvido a respeito do Brasil, que é da mais alta qualidade e pelo interesse em meu pobre país. De acordo com o que já vimos até o momento, não há necessidade de prosseguirmos em nossa conversa porque, daquilo que já foi tratado, resultou evidente que os problemas da falência do Estado brasileiro ficaram claramente expostos pelas próprias perguntas feitas até agora”, arrematou o poeta António Paixão, orgulhoso de ser bêbado, mas lúcido; e pobre, mas digno.


“Desejo muita saúde e boa viagem de regresso a Marte para vocês, mas não sem antes fazer o convite para desfilarem na escola de samba da Gaviões da Fiel, em nosso próximo carnaval, no bloco ‘Bons Marcianos são Corintianos’.
Vai Corinthians!!!!”"


 
Roberto J. Pugliese
editor
advogado remido
www.puglieseadvogados.com.br

20 março 2021

O povo não aguenta mais -

 

Imagem 

Expresso Vida

Democracia é o melhor regime entre todos que se conhece, pois todos podem se manifestar. Os contentes e os descontentes.Analisem, reflitam e deixem sua opinão.

Viva a democracia!

Roberto J. Pugliese                                                            editor                                                                                                          autor de terrenos de marinha e seus acrescidos, letras jurídicas, 2015


17 março 2021

NOTA DE FALECIMENTO = PÊSAMES !

 COM MUITA TRISTEZA E SENTIMENTO ABALADO, PARTICIPO A TODOS OS LEITORES DO EXPRESSO VIDA, O FALECIMENTO DE SADY ANTONIO BOESIO PIGATTO, ilustre advogado militante no Estado do Tocantins, que entre outros cargos, na advocacia foi vice presidente da OAB_TO- GURUPI E CONSELHEIRO FEDERAL POR VÁRIAS GESTÕES.

Professor de direito e senhor de currículo invejável que deixa como legado para a família e todos que o conheceram.  Exemplo a ser seguido por todos que o conheceram e dele ouviram falar.

Meu amigo e parceiro leal e combativo.

Sentimentos solidários  à família querida e amiga enlutada.

Roberto J. Pugliese     

editor                                                                                                                           

( Roberto J. Pugliese  foi presidente da OAB-TO-GURUPI por duas gestões )

Receita simples para ser feliz em tempos de reclusão

Receita para ser feliz.

 

O Expresso Vida recebeu a mensagem abaixo do amigo Márcio Martini, um artista de Cananéia,Sp e pediu para reproduzir. Prestem atenção, pois será o primeiro passo para encontrar a felicidade que tanto procuramos, mormente em tempos de reclusão, pandemia, solidão...

 

“Nos bons idos dos anos 60 a gente tomava "o que cabia no bolso", isto é,  estudantes durangos não tínhamos grana nem prum maço de Macedônia, que dirá tomar GIN FIZZ COM HORTELÃ no Panelinha (luxo pra poucos)!

O que a gente mais bebia era cachaça - era barato e dava um barato barato, se é que me faço entender.

Naquele tempo, nas bocas do bares, havia um trava-língua - que funcionava melhor do que qualquer etilômetro -  que era assim:

NAS LADEIRAS DE LORENA LOGRAM OS LOGRADOUROS

Falar isso sóbrio já é difícil, imagine só como será depois de estar "anisiado".

ANISIADO? Não é neologismo nada:

Naquele tempo a gente misturava cachaça com anis que ficava parecendo que vc tinha chupado um Dulcora de Anis, ô delícia. As namoradas nem percebiam que tinha cachaça por trás do sabor.

É o mesmo que dizer que o cara tomou tanto com anis que ficou ANISIADO!

ô prosa...

Mas ... o que eu queria contar MESMO é como fazer uma cachaça com anis estrelado.

É fácil e você só precisa ter paciência de esperar "ficar pronto". É assim:

Primeiro purgue as folhas de cataia numa cachaça. Arrolhe e guarde em local seco e fresco.

Só aí já vão uns 45 dias.

Depois disso, abra a garrafa e coloque entre 20 e 30 estrelas de anis.

Novamente arrolhe e guarde em local seco e fresco.

Quanto mais o tempo passar, mais as estrelas de anis irão para o fundo da garrafa.

Essa cachaça estará "tinindo" quando as estrelas estiverem lá no fundo.

Isso demora ao menos uns 40 dias.

Portanto, se você gostou da ideia de esperar uns 80 dias, faça logo DUAS garrafas.

 

A experiência comprova a teoria do "fazer só uma é pouco, duas é bom ..."

Ah ... vc quer a receita do gin fizz? ...

GIN FIZZ COM HORTELÃ DO PANELINHA

1 dose de gim

2 colheres de suco de limão

1 colher de açúcar

100 ml de club soda (ou água com gás) bem gelado

QB: gelo, folhas de hortelã, fatias de limão

Misture o gim, suco de limão e açúcar

mexa pouco

complete o copo com cubos de gelo

derrame club soda sobre as pedras

Coloque hortelã mas não mexa a mistura

decore com fatias de limão “

Marcio Martini

Depois dessas duas receitas o apreciador de uma boa dose encontrará a felicidade. Sem dúvida.

Roberto J. Pugliese

Editor

Autor de O Caminho das Ostras.

 

09 março 2021

Divisão política - Indispensável para o desenvolvimento nacional

 O Brasil é um dos maiores  Estados Soberanos do mundo contemporâneo. - É preciso dividir


 

 

Os grandes grupos jornalísticos, sem escrúpulos, se manifestaram claramente

contra a divisão territorial. Apoiaram o status
quo, em sintonia com as estruturas arcaicas que gerenciam o Pará e o
Brasil.

Descentralização
política, desconcentração administrativa, distribuição de renda
tradicionalmente tem sido tema de discursos demagógicos eleitoreiros que não se
concretizam na prática.

Pela
análise das regras constitucionais percebe-se que o desmembramento territorial
é difícil, pois a votação abrange a área integral do Estado, de modo que, dada
a concentração de poder, renda, populacional, estrutural e outras pertinentes
já consolidadas, a ponto de provocarem o pleito divisionista, a manutenção do estatus em detrimento dos interesses
regionais prevalece nas urnas.

Dividir,
redividir e desmembrar o país é necessário e já não é sem tempo. Somos duzentos
milhões para habitar quase nove milhões de quilômetros quadrados espremidos no
litoral, com grandes aglomerações no sul e sudeste, deixando o interior vazio.
O desenvolvimento brasileiro, mal distribuído, se evidencia onde o Poder
Público está mais próximo: Centralizado.

Longe do mar, o Brasil é vazio e não se faz presente, com abnegados cidadãos
esquecidos sobrevivendo em péssimas condições sociais.
O ser humano é a principal preocupação do Estado, como assinala a Magana Lei
desde seu preambulo e pelo texto a dentro. E para que haja distribuição melhor dos índices de
desenvolvimento humano necessário que o Estado, seus Poderes e desmembramentos
orgânicos estejam presentes em todas as regiões. Grandes extensões geram
distancias, que provocam a ausência de condições indispensáveis para que os
agentes públicos atuem.


Essa
aparente inércia estatal e de seus Poderes é nociva, perigosa e ineficaz. Falta
policia, educação, tributação, saúde, ciência e tecnologia, comunicação social,
transportes adequados, energia e tantos serviços e investimentos públicos que o
brasileiro dessa interlandia esquecida sente falta do Brasil.
Tempos atrás a Província do Grão Pará abrangia quase toda a Amazônia e foi
sendo desmembrada ao longo do tempo. Primeiro o Amazonas, depois o Amapá e o
progresso, mesmo pontual e localizado, paulatinamente, se espalhando. Curitiba
era a quinta Comarca da Província de São Paulo, que desmembrada, se tornou o
próspero Estado do Paraná.

No mesmo passo, Tocantins e o Mato Grosso do Sul com
pouco tempo já se destacam na economia como exemplos contemporâneos do
desenvolvimento.

A
redivisão política e administrativa permite que a atuação estatal se faça
presente, com a ações céleres e imediatas, quando até então eram demoradas. Os
Poderes Públicos se aproximam das necessidades regionais, concretizando os serviços então inexistentes
consoante termos próprios e adequados, a
par de gerar decisões administrativas e politicas verdadeiramente democráticas.

Surgem, consequentemente, despesas, diante da geração de empregos e novas
atividades funcionais. Investimentos técnicos e financeiros indispensáveis a
implementação da nova unidade política, os quais trarão à qualidade de vida almejada, primeira razão e
o objeto principal do Poder Público.

A União, os Estados e os Municípios não
são baús nos quais se guardem pedras preciosas, outrossim, os responsáveis pela
manipulação dos recursos cuja destinação é o bem comum para que de modo
equânime o bem estar e a felicidade se concretize.
Nesse imenso Brasil, todos os cantos, ocupados ou não, devem ser assistidos
pelos agentes, órgãos, repartições, empresas, fundações e repartições públicas,
propiciando condições para melhor qualidade de vida e inibindo fluxos
migratórios internos decorrentes da ausência estatal latente e histórica.

A
redivisão territorial, administrativa e politica concretizada permitirá
mais eficiente e democrática a
representação popular que a pretendida implantação do voto distrital, visto que pela fórmula idealizada o voto distrital haverá de excluir
da representatividade, partidos políticos que são frutos de segmentos menores
da sociedade, concentrando poderes de segmentos sociais predominantes, excluindo as minorias, castrando a proposta
constitucional da efetivação prevista no seu texto.

São
inúmeras as propostas de desmembramentos que circulam no Congresso Nacional,
propondo criação de territórios federais em zona de fronteira e novos Estados federados. Discute-se nos bastidores criar o Estado do
Ribeira, no litoral sul de São Paulo; o Gurguéia, dividindo o Piauí, o
Triangulo, o Maranhão do Sul, o São Francisco, o Iguaçu, com terras do oeste
catarinense, enfim, promover as reformas estruturais para implementar-se o
verdadeiro desenvolvimento sócio econômico abrangendo toda a sociedade e os
rincões esquecidos.

Concluindo:
É preciso repensar e com desprendimento
e visão mais abrangente, iniciar as tantas reformas necessárias para
consolidar-se um país melhor,
desenvolvido e justo, tendo a coragem de enfrentar a discussão de sua redivisão
territorial.

Roberto J. Pugliese
editor
autor de O Caminho das Ostras


06 março 2021

CONCENTRAÇÃO DE RENDA E CONCENTRAÇÃO URBANA

 AS CIDADES DO ESTADO DE SÃO PAULO


Os municípios paulistas.

 

Não são poucos os que pensam que São Paulo se resume a grande capital, desconhecendo que o Estado de São Paulo encerra atualmente 644 outros municípios alem de sua importante capital.

Os paulistanos, inclusive, pensam que saindo da capital, as demais cidades são pequenas e acanhadas, pois a região metropolitana de São Paulo, ofusca os demais municípios paulistas.


Milão, um dos destinos turísticos mais procurados da Europa tem voos diretos para São Paulo. Na cidade de Guarulhos, o segundo maior município do Estado em habitantes tem virtualmente a mesma população que Milão: 1 milhão e 379 mil habitantes, contra 1 milhão e 396 mil milaneses. É ainda maior que capitais do Leste Europeu como Praga e Sarajevo e a cidade americana de Dallas, perdendo por pouco para San Diego, na California.


 Campinas, com 1 milhão 204 mil: um dos principais pólos de alta tecnologia e comunicações do hemisfério sul, tem quase 200 mil pessoas a mais que San José, na California, a capital do famoso Vale do Silício, lar de empresas como Facebook, Netflix, Apple, eBay e Intel e referência mundial em alta tecnologia, especialmente computadores e serviços de internet. Mesmo considerando toda a população do Vale do Silício e da Região Metropolitana de Campinas, esta em população fica na frente, com larga vantagem: 3 milhões e 224 mil habitantes contra cerca de 2 milhões de californianos.

Aliás, por incrível que possa parecer, o PIB da California e a sua população são inferiores ao do Estado de São Paulo.

Cidades menores, também grandiosas, como São José dos Campos, com 721 mil habitantes, é quase taõ habitada a Seattle, que tem uma população bastante próxima: 753 mil moradores. Santo André, na região metropolitana da Capital, é lar de 718 mil habitantes quase o mesmo número de habitantes da americana Denver 727 mil habitantes.

Ribeirão Preto também tem habitantes próximos a da Capital dos Estados Unidos.


Boston, uma das primeiras cidades dos Estados Unidos da América, que abriga um importante porto, diversas universidades (sendo vizinha a Harvard) e do primeiro metrô subterrâneo americano, tem 692 mil habitantes, comparáveis às 698 mil pessoas de Osasco, terra do icônico cachorro-quente com purê. Não ficam longe de Sorocaba, uma das capitais industriais de São Paulo, que conta hoje com 679 mil moradores, tendo virtualmente a mesma dimensão que as americanas El Paso (681 mil), Nashville (670 mil) e Detroit, berço da indústria automobilística (670 mil), sendo maior ainda que Las Vegas, a cidade dos cassinos e luzes (651 mil hab) e que Lisboa, a capital de Portugal (547 mil hab).


Na faixa dos 460-470 mil habitantes encontramos Mauá e São José do Rio Preto em terras paulistas, uma se destacando por suas indústrias e outra pelo agronegócio crescente. Suas populações são comparáveis aos badalados destinos turísticos americanos de Miami e Long Beach e das europeias Toulouse (segunda maior cidade francesa), Liverpool (a terra dos Beatles) e Edimburgh (capital da Escócia).


Parada quase que obrigatória para todos os navios que transitam pela costa leste da América do Sul, Santos é hoje o maior porto da América Latina, por onde passa mais de 50% do PIB do Brasil. Oakland, a cidade americana vizinha à San Francisco, na California, é também um importante porto que serve ao Oceano Pacífico; ambas registraram em 2019 uma estimativa de 433 mil habitantes.


Como podemos ver, São Paulo tem uma população considerável e bem distribuída para além de sua capital digna de compor um verdadeiro país com cidades importantes para o mundo em diferentes seguimentos. Já temos um Índice de Desenvolvimento Humano considerado muito alto, de um nível parecido com o Leste Europeu, inúmeros centros industriais, uma importante rede logística com as melhores rodovias e ferrovias do país e os maiores portos e aeroportos, as melhores universidades da América Latina e diversos centros de pesquisas referências em diferentes áreas, e um povo batalhador e reconhecido por seu apego ao trabalho.


Para um Estado que historicamente sempre sofreu sanções de seus superiores (Portugal e Brasil) com o desmembramento de territórios, a perda das minas e diversas guerras e conflitos, e que ainda hoje sofre com a gravíssima e lamentável situação de que cerca de 95% dos impostos pagos pelos paulistas não retornam a São Paulo, fomos muito longe. E, desta forma, provamos que podemos ir muito mais e alçar voos cada vez maiores!

 

Sem desprezar o orgulho do Estado de São Paulo abrigar cidades tão grandes, vai o recado que mais importa. Diante da concentração de renda e consequentemente de melhor padrão social e melhores condições de vida e por decorrência, maior poder político, em Sâo Paulo e nos demais Estados da federação, as principais cidades, as capitais, são sempre maiores e melhor abastecidas de conforto e IDH quantitativo próximo ao melhor. A medida que a estrutura social econômica viabilizar melhor distribuição das riquezas brasileiras, as cidades deixaram de serem tão inchadas e serão menores e mais distribuídas. E uma das formas indispensáveis para essa distribuição de renda é a melhor divisão territorial e política do pais.

ROBERTO J. PUGLIESE

Editor


 

05 março 2021

Estado condenado a indenizar advogado assassinado no Forum -





Segunda Turma responsabiliza poder público por morte de advogado durante audiência no fórum






A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento ao recurso da família de um advogado morto dentro do fórum, enquanto participava de uma audiência, e restabeleceu a sentença que reconheceu a responsabilidade do Estado no episódio. Em sua decisão, o magistrado de primeiro grau entendeu que houve omissão estatal diante de uma situação anormal de risco; por isso, determinou o pagamento de indenização à família.

Em meio às discussões da audiência, o advogado levou um tiro do marido de sua cliente. Na ação de indenização, a família do profissional afirmou que não havia segurança no fórum e o detector de metais não estava funcionando.

A sentença condenou o Estado a pagar pensão mensal e indenização de R$ 70 mil para cada membro da família. O tribunal estadual reformou a decisão, considerando que não havia nexo de causalidade para justificar a responsabilização civil do Estado. Para o tribunal, não seria possível estabelecer relação entre a presença de seguranças ou porta com detector de metais e o evento danoso.

Segundo o ministro relator do caso no STJ, Herman Benjamin, a regra geral do ordenamento jurídico brasileiro é a responsabilidade civil objetiva do Estado por ato comissivo e a sua responsabilidade subjetiva por comportamento omissivo.

"Contudo, em situações excepcionais de risco anormal da atividade habitualmente desenvolvida, a responsabilização estatal na omissão também se faz independentemente de culpa", afirmou o ministro ao destacar que a Resolução 104/2010 do Conselho Nacional de Justiça determinou a instalação de aparelhos de detecção de metais nas áreas de acesso aos fóruns.

Para o relator, aplica-se igualmente ao Estado a norma do parágrafo único do artigo 927 do Código Civil, relativa à responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, sendo irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva.

Medidas ausentes
Herman Benjamin destacou ser incontestável nos autos que a porta do fórum com detector de metais se encontrava avariada e que não havia seguranças na entrada para inspecionar os que chegassem ao local.

Para ele, está presente no caso o nexo causal apto a caracterizar a responsabilidade do poder público.

"Se não fosse por sua conduta omissiva, tendo deixado de agir com providências necessárias para garantir a segurança dos magistrados, autoridades, servidores e usuários da Justiça no fórum estadual, o evento danoso não teria ocorrido", comentou.

O ministro ressaltou que o poder público tem a obrigação de garantir segurança em um local como o fórum.

"A exigência de atuação nesse sentido – de forma a impedir ou, pelo menos, dificultar que o réu em ação penal comparecesse à audiência portando arma de fogo – não está, de forma alguma, acima do razoável", concluiu.

O número deste processo não é divulgado em razão de segredo judicial.
 
Roberto J. Pugliese
editor
Advogado Remido -OAB-SC