29 outubro 2021

A REGIÃO AUTÔNOMA DO TIBET

A Região Autônoma do Tibet

O Expresso Vida traz o texto a respeito do Tibet, um país soberano ocupado pelos chineses desde 1959, e ignorado pelas potencias democráticas.

 

Para quem se interessa por geografia política é um convite para maior conhecimento do que se passa do outro lado do mundo e não está na tela das emissoras de televisão.

O Tibet está sob o controle dos chineses que não  pretendem devolver e abrir mão desse poder e permitir que o povo tibetano assuma seu território soberano. Também não aceitam a autoridade civil e religiosa de SS o Dalai Lama.

Depois da invasão, a região passou a abrigar mais chineses do que nativos, a língua oficial é o chinês e a liberdade de culto é rigidamente controlada. Sem contar os bilhões de iuans que a economia local atualmente movimenta para os cofres chineses, seja em minérios, seja em turismo.

Com o status de “Região Autônoma Tibetana”, o país possui estradas asfaltadas e vôos diários de Lhasa à Pequim. Construíram-se pontes, escolas e hospitais modernos. Nos últimos dez anos, dois terços das construções tradicionais foram postos abaixo para dar lugar aos novos edifícios.

Mas a região autônoma não tem a mínima autonomia. É uma colônia desprezada do Império Chines qu explora o povo e a natureza local.

A maior parte dos tibetanos que sobraram ainda resiste à integração forçada e vive da agricultura e do pastoreio. Alguns hábitos, como os alimentares, continuam fiéis aos tempos de independência: a dieta ainda é baseada em cevada, que é consumida todos os dias, carne e manteiga de iaque (os tibetanos não são vegetarianos. O que não se deve, de acordo com o budismo, é matar um animal, mas comer o bicho depois de morto, tudo bem), carne de carneiro e farinha de trigo. Quanto às bebidas, a cerveja de cevada – a chang – e o chá têm espaço garantido.

 


“O problema hoje já não é tanto a ocupação do território e sim a imposição da cultura chinesa em detrimento da outra. Uma coisa não justifica a outra e nisso os tibetanos têm razão”, afirma Mario Bruno Sproviero, professor da Universidade de São Paulo. Especializado em cultura chinesa, ele acredita que seja por essas e outras que, apesar das críticas, há muito tempo, o próprio Dalai Lama já desistiu de reivindicar a independência. Agora ele pede apenas a autonomia de fato, que incluiria a liberdade de culto e a restauração da língua tibetana.

Os chineses, como todo conquistador, tem como meta inicial destruir a cultura local. A língua por ser a maior expressão de uma nação, é a primeira a ser destruída, e no Tibet não acontece diferente como ocorre na América Latina.

Sem maiores delongas, o Expresso Vida deixa patente que apóia a causa tibetana e ficou perplexo anos atrás, quando o Partido dos Trabalhadores assumiu o poder, não demonstrou publicamente que é contra a situação imposta pela China e ficou ainda mais decepcionado, quando o chefe de Estado SS Dalai Lama, veio à Curitiba, não foi recebido com as honras devidas pelo governo brasileiro.

No romance O Caminho das Ostras, de lavra de Roberto J. Pugliese, editor do blog, um dos ícones da  trama que se passa no litoral paulista é o drama de uma  noviça budista que fugiu do TIbet.

Enfim, a região autônoma do Tibet é o símbolo do colonialismo moderno, que se opera dentro do comunismo ou do capitalismo liberal atual.

Roberto J. Pugliese
editor
Membro da Academia São José de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Membro da Academia Eldoradense de Letras

24 outubro 2021

Para refletir.

 

O Expresso Vida apresenta um texto bem significativo escrito e publicado na primavera de 2006 pelo festejado cronista Rubem Alves.

 

Conclamo aos ilustrados leitores que leiem com a devida atenção, reflitam e não desistam.

 

“Resta, quanto tempo? Não sei. O relógio da vida não tem ponteiros.

 

“ […] Lembro-me da festa de aniversário para o meu pai, quando ele completou 60. Pelas aparências ele estava feliz: ele comia, bebia, ria, falava. Em silêncio eu o observava e pensava: “Como está velho…” Vieram-me à memória os versos de T. S. Eliot: “E eles dirão: ‘Seu cabelo, como está ralo!’ Meu casaco distinto, meu colarinho impecável, minha gravata elegante e discreta, confirmada por um alfinete solitário – mas eles dirão: ‘Seu braços e pernas, que finos que estão!'” Compreenderei se pessoas olharem para mim e pensarem pensamentos parecidos aos que pensei ao olhar o meu pai.

Comovo-me ao recordar-me do poema do Vinícius “O Haver”. É um poema crepuscular. Ele contempla o horizonte avermelhado, volta-se para trás e faz um inventário do que sobrou. Fiquei com vontade de fazer algo parecido, sabendo que não sou Vinícius, não sou poeta, nada sei sobre métrica e rimas. E eu começaria cada parágrafo com a mesma palavra com que ele começou suas estrofes: Resta…

Resta a luz do crepúsculo, essa mistura dilacerante de beleza e tristeza. Antes que ele comece ao fim do dia o crepúsculo começa na gente. O Miguelim menino já sentia assim: “O tempo não cabia. De manhã já era noite…” Assim eu me sinto, um ser crepuscular. Um verso de Rilke me conta a verdade sobre a vida: “Quem foi que assim nos fascinou para que tivéssemos um ar de despedida em tudo o que fazemos?”

Restam os amigos. Quando tudo foi perdido, os amigos permanecem. Lembro-me da antiga canção de Carole King “You got a friend”“Se você está triste, no fundo do abismo e tudo está dando errado, precisando de alguém que o ajude – feche os olhos e pense em mim. Logo logo estarei ao seu lado para iluminar a noite escura. Basta que você chame o meu nome… Você sabe que eu virei correndo pra ver você de novo. Inverno, primavera, verão ou outono, basta chamar que eu estarei ao seu lado. Você tem um amigo…” Eu tenho muitos amigos que continuam a gostar de mim a despeito de me conhecerem. E tenho também muitos amigos que nunca vi.

Resta a experiência de um tempo que passa cada vez mais depressa. “Tempus Fugit”. “Quando se vê já são seis horas. Quando se vê já é sexta-feira. Quando se vê já é Natal. Quando se vê já terminou o ano. Quando se vê não sabemos por onde andam nossos amigos. Quando se vê já passaram cinqüenta anos… ( Mario Quintana)

Resta um amor por nossa Terra, nossa morada, tão maltratada por pessoas que não a amam. Meu deus mora nas fontes, nos rios, nos mares, nas matas. Mora nos bichos grandes e nos bichos pequenos. Mora no vento, nas nuvens, na chuva. Eu poderia ter sido um jardineiro… Como não fui, tento fazer jardinagem como educador, ensinando às crianças, minhas amigas. o encanto pela natureza.

Resta um Rubem por vezes áspero, com quem luto permanentemente e que, freqüentemente, burlando a minha guarda, aflora no meu rosto e nas minhas palavras, machucando aqueles que amo.

Resta uma catedral em ruínas onde outrora moravam meus deuses. Agora ela está vazia. Meus deuses morreram. Suas cinzas, então, voaram ao vento.

Resta, na catedral vazia, a luz dos vitrais coloridos, o silêncio, o repicar dos sinos, o Canto Gregoriano, a música de Bach, de Beethoven, de Brahms, de Rachmaninoff, de Faure, de Ravel…

Resta ainda, nos pátios da catedral arruinada, a música do Jobim, do Chico, de Piazzola…

Resta uma pergunta para a qual não tenho resposta. Perguntaram-me se acredito em Deus. Respondi com versos do Chico: “Saudade é o revés do parto. É arrumar o quarto para o filho que já morreu.” Qual é a mãe que mais ama? A que arruma o quarto para o filho que vai voltar Ou a que arruma o quarto para o filho que não vai voltar? Sou um construtor de altares. É o meu jeito de arrumar o quarto. Construo meus altares à beira de um abismo escuro e silencioso. Eu os construo com poesia e música. Os fogos que neles acendo iluminam o meu rosto e me aquecem. Mas o abismo permanece escuro e silencioso.”

Resta uma criança que mora nesse corpo de velho e procura companheiros para brincar. De que é que a alma tem sede? “De qualquer coisa como tudo que foi a nossa infância. Dos brinquedos mortos, das tias idas. Essas coisas é que são a realidade, embora já morressem. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança” ( Bernardo Soares )

Resta um palhaço… Na véspera de minha volta ao Brasil a jovem ruiva sardenda entrou na minha sala e me disse: “Sonhei com você. Sonhei que você era um palhaço”. E sorriu. Tenho prazer em fazer os outros rirem com minhas palhacices. O que escrevo, freqüentemente, é um espetáculo de circo. Pois a vida não é um circo?

Resta uma ternura por tudo o que é fraco, do pássaro ao velho. Fui um adolescente fraco e amedrontado. Apanhei sem reagir. Cresceu então dentro de mim uma fera que dorme. Mas toda vez que vejo uma pessoa humilde e indefesa sendo humilhada por uma pessoa enfatuada, que se julga grande coisa, a fera acorda e ruge. Tenho medo dela.

Resta a minha fidelidade às minhas opiniões que teimo em tornar públicas, o que me tem valido muitas tristezas e sucessivos exílios. Mas sei que minhas opiniões, todas as opiniões, não passam de opiniões. Não são a verdade. Ninguém sabe o que é a verdade. Meu passado está cheio de certezas absolutas que ruíram com os meus deuses. Todas as pessoas que se julgam possuidoras da verdade se tornam inquisidoras. Por isso é preciso tolerância.

Resta uma tristeza de morrer. A vida é tão bonita. Não é medo. É tristeza mesmo. Lembro-me dos versos da Cecília que sentia a mesma coisa. “E fico a meditar se depois de muito navegar a algum lugar enfim de chegar. O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas e nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias. De longe o horizonte avisto, aproxima e sem recurso. Que pena a vida ser só isso…”

Resta um medo do morrer – aquelas coisas que vêm antes que ela chegue. Eu acho que as pessoas deveriam ter o direito, se quisessem, de dizer: “É hora de partir…” E partissem. Se Deus existe e se Deus é bondade não posso crer que Ele ( ou Ela ) nos tenha condenado ao sofrimento, como última frase da nossa sonata. A última frase deve ser bela.

Resta, quanto tempo? Não sei. O relógio da vida não tem ponteiros. Só se ouve o tic-tac… Só posso dizer: “Carpe Diem” – colha o dia como um fruto saboroso. É o que tento fazer.”

O Expresso Vida tem suas páginas prontas para serem preenchidas por autores brasileiros que tenham textos bem elaborados que visem a dignidade da vida humana.

 

                                                                                          ( BREVE 2ª EDIÇÃO )                                                                                        

Roberto J. Pugliese
editor
Membro da Academia São José de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Membro da Academia Eldoradense de Letras

20 outubro 2021

 Debate e Discussões Desportivas

 

Amigos da Bola, editado por Roberto Jr, do grupo de Rio Claro, no próximo dia 26 de Outubro, a partir das 20 horas, levará através do facebook a apresentação de live, com Renan, ex jogador do São Paulo FUtebol CLube, campeão do mundo em 2005 e Roberto José Pugliese Júnior, advogado, especialista em direito desportivo.


O Expresso Vida aplaude a iniciativa e divulga.