Março é mês de aniversário de Guaraqueçaba.
 O Expresso Vida parabeniza a cidade e o povo de Guaraqueçaba, no litoral norte de Paraná, e transcreve abaixo a história da cidade, copiada do sitio eletrônico do município ( 18 de fevereiro de 2024 https://www.guaraquecaba.pr.gov.br/cidade )
  
" Até a primeira metade do século XVI, os únicos habitantes da região eram os grupos indígenas, que se distribuíam pelos estuários e baías do litoral paranaense, principalmente às margens da baía de Paranaguá. Inicialmente, a região era habitada por tupiniquins, tendo, mais ao sul do litoral paranaense e norte catarinense, a frequente presença de índios carijós, hábeis em descer do planalto à planície litorânea pelo caminho de Peabiru e seus ramais. Esse antigo caminho indígena ligava o Império Inca localizado nas cordilheiras dos Andes ao litoral paulista, com ramificações para o litoral paranaense e catarinense. Por meio dessas ramificações, as nações indígenas nômades iam do litoral para o planalto e vice-versa.
No começo do século
 XVI, os carijós pertencentes ao tronco Tupi-Guarani, ocupavam toda a 
costa sul do Brasil, desde a barra de Cananéia até o Rio Grande do Sul. 
Registros históricos estimam que havia de 6 a 8 mil Carijós no litoral 
paranaense desenvolvendo atividades de lavoura e pesca. No litoral, as 
atividades cotidianas incluíam a caça, a pesca, coleta de ostras, 
mexilhões, bacucus, caranguejos, etc. Prova da presença desses povos 
antigos, são os vestígios deixados, chamados de sambaquis (Depósito 
natural de cascas de ostras e outras conchas) encontrados ora na costa, 
ora em lagoas ou rios. Em Guaraqueçaba, ainda se encontram vários 
sambaquis em bom estado de conservação.
Com
 o achamento do Brasil, pelos portugueses, em 22 de Abril de 1500, e a 
fundação da colônia de São Vicente, em 1532, no litoral paulista, 
partiram as primeiras expedições de exploração ao complexo estuarino de 
Cananéia, Iguape e Paranaguá. A história refere-se à presença, em 1545, 
de colonos lusos estabelecidos em Superagui e, entre 1550 a 1560, na 
Ilha da Cotinga.
No dia 18 de Novembro de 1547, ao tentar esconder-se
 de uma tempestade, o navegador alemão, Hans Staden, se abriga no canal 
do Superagui, onde encontrou ali índios tupiniquins e dois portugueses 
náufragos. Esse navegador descreveu o que viu: índios usando peles de 
animais ferozes para se proteger do frio. Seu relato de viagem, do ano 
de 1556, apresenta a primeira carta da baía de Paranaguá. 
Posteriormente, na intenção de capturar índios para escravizá-los, 
portugueses, vindos do litoral paulista, chegaram à BAÍA DE GUARAQUEÇABA
 e ali descobriram ouro nos rios Ribeira, Açungui e Serra Negra; 
fixaram-se na região, iniciando assim, as atividades de mineração no 
Brasil.
Em 1614, Diogo de Unhatte, tabelião da ouvidoria de São Vicente, obteve, de Pero Cubas, a sesmaria,
 denominada Paranaguá, localizada entre os rios Ararapira e Superagui – 
atual município de Guaraqueçaba. Povoamento mais efetivo, pelos 
europeus, se deu no século XVII, através da atuação do capitão-mor, 
Gabriel de Lara. Outro grupo de portugueses, os chamados bandeirantes,
 vindo de São Paulo, instalou-se às margens dos rios da baía de 
Guaraqueçaba. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, nesse mesmo 
século, encerra-se o ciclo de mineração nessa região e as comunidades se
 mantiveram por meio da agricultura de subsistência. A população foi 
crescendo e o cultivo e comércio de arroz, cana-de-açúcar, aipim, 
banana, café, milho e feijão se intensificaram.
No
 século XVIII, fazendas de comercialização de produtos agrícolas e 
madeira cresceram com o trabalho escravo, inclusive, os produtos eram 
exportados para a Argentina e o Paraguai, sendo transportados, pelo rio,
 em canoas e pequenas embarcações, até o porto de Guaraqueçaba ou 
Paranaguá, onde eram comercializados. Nesse período, a região sofreu a 
influência cultural de europeus e africanos.
Em 1838, Cypriano Custódio de Araujo e Jorge Fernandes Corrêa, antigos proprietários de terras, construíram a Capela do Bom Jesus dos Perdões,
 na encosta do Morro Quitumbê. Em torno da capela surgiram habitações e,
 em pouco tempo, a povoação nascente ganha direito e privilégios. 
Elevado à freguesia em 1854, mas somente gozando do predicamento de 
Vila, no ano de 1880.  Em 1938, a Vila foi extinta e anexada como 
Distrito ao Município de Paranaguá. Voltou a figurar como município 
autônomo, em 1947.
Em meados do 
século XIX, quando o Paraná elevou-se a categoria de Estado, muitos 
imigrantes europeus, principalmente suíços, italianos e franceses, 
instalaram-se em Superagui, onde desenvolveram agricultura com uso de 
canais de irrigação. Produziram arroz, uva para fabricação de vinho, 
café e mandioca. A vila de Guaraqueçaba progredia, no continente. As 
duas primeiras décadas do século XX foi o período da maior prosperidade 
em Guaraqueçaba, quando navios carregados de banana e madeira faziam 
linhas até Argentina e Paraguai. Nessa época, agricultores paulistas, em
 busca de terras férteis e baratas, criam as comunidades de Pedra Chata e
 Batuva.
Mas, a crise da economia 
capitalista, de amplitude mundial, ocorrida em 1929, causa reflexos 
também na região, causando dificuldades na economia agrícola, uma vez 
que era quase que totalmente voltada à exportação. Na década de 40, 
alemães fugindo dos reflexos da 2ª guerra mundial, chegam a Serra Negra e
 Rio Bananal, instalando-se nessa região. As comunidades de Rio Verde e 
Rio Guaraqueçaba funcionavam como intermediárias à comercialização da 
banana, originária da comunidade do Batuva, rio acima.
Nos
 anos 50, instalaram-se as primeiras fábricas de palmito e muitos 
agricultores migraram para o corte de palmito, diminuindo assim, o uso 
de parcelas de terra para agricultura. Com a abertura da rodovia ligando
 Guaraqueçaba a Antonina, a PR-405 (denominada Rodovia Deputado Miguel Bufara,
 de acordo com a Lei Estadual 7.198 de 13/09/1979) única via de acesso 
terrestre à região, um novo processo de ocupação foi iniciada. O governo
 federal liberou créditos subsidiados e reduziu impostos para quem 
quisesse cultivar café, palmito e criar búfalos. Assim, muitos abriram 
suas áreas, venderam as madeiras, introduziram o búfalo (que degradou as
 florestas de planície) e não produziram, nem manejaram o café e o 
palmito. Somente nos anos 80 reconheceu-se que o estímulo dado às 
atividades agrícolas convencionais sem fiscalização, acarretou a 
degradação e a acelerada descaracterização ambiental da região, assim 
como o empobrecimento gradual da população que ali morava, secularmente.
A
 partir de então, valorizou-se a região de Guaraqueçaba, procurando 
resguardá-la do uso indiscriminado e intensivo, criando-se algumas 
Unidades de Conservação, na intenção de disciplinar e orientar as 
atividades e valorizar o patrimônio natural existente.
Com
 quase 500 anos de colonização, Guaraqueçaba mostra uma mistura de 
hábitos e tradições de índios, portugueses, negros e europeus de 
diversas áreas. Como resultado, uma cultura rica e diferenciada em 
relação às de outros lugares do Brasil. Através da história oral, 
lendas, músicas, danças, artesanato e hábitos alimentares, gerando 
grande variedade cultural que deve ser resgatada e transmitida às 
futuras gerações.
FONTE: Atlas Ambiental da APA de Guaraqueçaba "
No território do município, na ilha de Superagui, próximo a barra de Ararapira, na divisa com o Estado de São Paulo, se encontra o marco histórico Moco - Firmamento.
A reprodução acima colhida do Google Maps, mostra a situação exata do marco que, trata-se do antigo lugar onde havia a divisa natural entre grupos indígenas guerreiros e inimigos, que serviu para limitar a 5a. Comarca de Curitiba, desmembrar e criar o território do Estado do Paraná, posteriormente alterado para alguns quilometros acima.

