18 fevereiro 2024

História de Guaraqueçaba

 


 Março é mês de aniversário de Guaraqueçaba.

 O Expresso Vida parabeniza a cidade e o povo de Guaraqueçaba, no litoral norte de Paraná, e transcreve abaixo a história da cidade, copiada do sitio eletrônico do município ( 18 de fevereiro de 2024 https://www.guaraquecaba.pr.gov.br/cidade )

 

" Até a primeira metade do século XVI, os únicos habitantes da região eram os grupos indígenas, que se distribuíam pelos estuários e baías do litoral paranaense, principalmente às margens da baía de Paranaguá. Inicialmente, a região era habitada por tupiniquins, tendo, mais ao sul do litoral paranaense e norte catarinense, a frequente presença de índios carijós, hábeis em descer do planalto à planície litorânea pelo caminho de Peabiru e seus ramais. Esse antigo caminho indígena ligava o Império Inca localizado nas cordilheiras dos Andes ao litoral paulista, com ramificações para o litoral paranaense e catarinense. Por meio dessas ramificações, as nações indígenas nômades iam do litoral para o planalto e vice-versa.


No começo do século XVI, os carijós pertencentes ao tronco Tupi-Guarani, ocupavam toda a costa sul do Brasil, desde a barra de Cananéia até o Rio Grande do Sul. Registros históricos estimam que havia de 6 a 8 mil Carijós no litoral paranaense desenvolvendo atividades de lavoura e pesca. No litoral, as atividades cotidianas incluíam a caça, a pesca, coleta de ostras, mexilhões, bacucus, caranguejos, etc. Prova da presença desses povos antigos, são os vestígios deixados, chamados de sambaquis (Depósito natural de cascas de ostras e outras conchas) encontrados ora na costa, ora em lagoas ou rios. Em Guaraqueçaba, ainda se encontram vários sambaquis em bom estado de conservação.


Com o achamento do Brasil, pelos portugueses, em 22 de Abril de 1500, e a fundação da colônia de São Vicente, em 1532, no litoral paulista, partiram as primeiras expedições de exploração ao complexo estuarino de Cananéia, Iguape e Paranaguá. A história refere-se à presença, em 1545, de colonos lusos estabelecidos em Superagui e, entre 1550 a 1560, na Ilha da Cotinga.
No dia 18 de Novembro de 1547, ao tentar esconder-se de uma tempestade, o navegador alemão, Hans Staden, se abriga no canal do Superagui, onde encontrou ali índios tupiniquins e dois portugueses náufragos. Esse navegador descreveu o que viu: índios usando peles de animais ferozes para se proteger do frio. Seu relato de viagem, do ano de 1556, apresenta a primeira carta da baía de Paranaguá. Posteriormente, na intenção de capturar índios para escravizá-los, portugueses, vindos do litoral paulista, chegaram à BAÍA DE GUARAQUEÇABA e ali descobriram ouro nos rios Ribeira, Açungui e Serra Negra; fixaram-se na região, iniciando assim, as atividades de mineração no Brasil.


Em 1614, Diogo de Unhatte, tabelião da ouvidoria de São Vicente, obteve, de Pero Cubas, a sesmaria, denominada Paranaguá, localizada entre os rios Ararapira e Superagui – atual município de Guaraqueçaba. Povoamento mais efetivo, pelos europeus, se deu no século XVII, através da atuação do capitão-mor, Gabriel de Lara. Outro grupo de portugueses, os chamados bandeirantes, vindo de São Paulo, instalou-se às margens dos rios da baía de Guaraqueçaba. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, nesse mesmo século, encerra-se o ciclo de mineração nessa região e as comunidades se mantiveram por meio da agricultura de subsistência. A população foi crescendo e o cultivo e comércio de arroz, cana-de-açúcar, aipim, banana, café, milho e feijão se intensificaram.


No século XVIII, fazendas de comercialização de produtos agrícolas e madeira cresceram com o trabalho escravo, inclusive, os produtos eram exportados para a Argentina e o Paraguai, sendo transportados, pelo rio, em canoas e pequenas embarcações, até o porto de Guaraqueçaba ou Paranaguá, onde eram comercializados. Nesse período, a região sofreu a influência cultural de europeus e africanos.
Em 1838, Cypriano Custódio de Araujo e Jorge Fernandes Corrêa, antigos proprietários de terras, construíram a Capela do Bom Jesus dos Perdões, na encosta do Morro Quitumbê. Em torno da capela surgiram habitações e, em pouco tempo, a povoação nascente ganha direito e privilégios. Elevado à freguesia em 1854, mas somente gozando do predicamento de Vila, no ano de 1880.  Em 1938, a Vila foi extinta e anexada como Distrito ao Município de Paranaguá. Voltou a figurar como município autônomo, em 1947.


Em meados do século XIX, quando o Paraná elevou-se a categoria de Estado, muitos imigrantes europeus, principalmente suíços, italianos e franceses, instalaram-se em Superagui, onde desenvolveram agricultura com uso de canais de irrigação. Produziram arroz, uva para fabricação de vinho, café e mandioca. A vila de Guaraqueçaba progredia, no continente. As duas primeiras décadas do século XX foi o período da maior prosperidade em Guaraqueçaba, quando navios carregados de banana e madeira faziam linhas até Argentina e Paraguai. Nessa época, agricultores paulistas, em busca de terras férteis e baratas, criam as comunidades de Pedra Chata e Batuva.


Mas, a crise da economia capitalista, de amplitude mundial, ocorrida em 1929, causa reflexos também na região, causando dificuldades na economia agrícola, uma vez que era quase que totalmente voltada à exportação. Na década de 40, alemães fugindo dos reflexos da 2ª guerra mundial, chegam a Serra Negra e Rio Bananal, instalando-se nessa região. As comunidades de Rio Verde e Rio Guaraqueçaba funcionavam como intermediárias à comercialização da banana, originária da comunidade do Batuva, rio acima.


Nos anos 50, instalaram-se as primeiras fábricas de palmito e muitos agricultores migraram para o corte de palmito, diminuindo assim, o uso de parcelas de terra para agricultura. Com a abertura da rodovia ligando Guaraqueçaba a Antonina, a PR-405 (denominada Rodovia Deputado Miguel Bufara, de acordo com a Lei Estadual 7.198 de 13/09/1979) única via de acesso terrestre à região, um novo processo de ocupação foi iniciada. O governo federal liberou créditos subsidiados e reduziu impostos para quem quisesse cultivar café, palmito e criar búfalos. Assim, muitos abriram suas áreas, venderam as madeiras, introduziram o búfalo (que degradou as florestas de planície) e não produziram, nem manejaram o café e o palmito. Somente nos anos 80 reconheceu-se que o estímulo dado às atividades agrícolas convencionais sem fiscalização, acarretou a degradação e a acelerada descaracterização ambiental da região, assim como o empobrecimento gradual da população que ali morava, secularmente.


A partir de então, valorizou-se a região de Guaraqueçaba, procurando resguardá-la do uso indiscriminado e intensivo, criando-se algumas Unidades de Conservação, na intenção de disciplinar e orientar as atividades e valorizar o patrimônio natural existente.


Com quase 500 anos de colonização, Guaraqueçaba mostra uma mistura de hábitos e tradições de índios, portugueses, negros e europeus de diversas áreas. Como resultado, uma cultura rica e diferenciada em relação às de outros lugares do Brasil. Através da história oral, lendas, músicas, danças, artesanato e hábitos alimentares, gerando grande variedade cultural que deve ser resgatada e transmitida às futuras gerações.

FONTE: Atlas Ambiental da APA de Guaraqueçaba "

No território do município, na ilha de Superagui, próximo a barra de Ararapira, na divisa com o Estado de São Paulo, se encontra  o marco histórico Moco - Firmamento. 

A reprodução acima colhida do Google Maps, mostra a situação exata do marco que, trata-se do antigo lugar onde havia a divisa natural entre grupos indígenas guerreiros e inimigos, que serviu para limitar a 5a. Comarca de Curitiba, desmembrar e criar o território do Estado do Paraná, posteriormente alterado para alguns quilometros acima.

Roberto J. Pugliese
editor
advogado remido
www.puglieseadvogados.com.br

17 janeiro 2024

470 º aniversário da sofrida paulicea.

 São Paulo em festas !

 

 Museu de Arte de São Paulo — Fotografia de Stock

 A última semana de  janeiro é para nós  paulistanos tempo de festas, de alegria em comemoração pelo aniversário da grande cidade que, pitoresca desde a santa fundação, à sombra do Colégio de Jesuítas do platô da Sé, ao longo de sua rica história tem motivos de sobra para orgulhar seus filhos: Detentora de generosidade singular sabe bem receber seus tantos e tantos migrantes a par de por tradição de seu povo ajudar a quem precisa.

 

                                              ( Bandeira do Estado de São Paulo hasteada no jardim da casa do Editor em Joinville, Sc )

Trata-se da mais pujante das pujantes metrópoles porque vive por si. Não é dependente. É líder, conduz, não é conduzida.  A honra de ser paulista e paulistano não se limita aos seus filhos naturais. Os chegantes adotivos, milhões que atravessam o país e o mundo para nela se estabelecer, por serem tratados indiscriminadamente como iguais e sentirem-se queridos, inflam seus peitos de orgulho e afirmam alto e em bom som que são da cidade, e por sê-los, se consideram vencedores.

Sim, o paulista é vencedor. Da cidade ou não, o paulistano é sempre um vencedor !

A cidade vibra sempre acesa. Não cochila. É o ponto de partida e o objetivo final para a difícil trajetória do cotidiano brasileiro. Mutante, segue sempre avante. Todo dia se transforma sem desprezar o passado, pensando no futuro. É a explosão diária da nova dinâmica do sucesso.

 

( bandeira paulista hasteada na residência do Editor em Florianópolis )
 
É a cidade própria dos que agem e sempre pensam grande. Paradigma do arrojo, o paulista mantém o espírito da aventura de seus antepassados desbravando as entranhas do conhecimento.

E no caótico cotidiano paulistano, com as chaminés de suas indústrias poluídas pela fumaça do trabalho de seus operários, a cidade embaçada pela fuligem cinza que escapa do movimento incessante de tanta gente, São Paulo é paradoxal e da aparente insensibilidade dos que nela transitam,surge a doce metrópole das artes, na qual, o poeta  tem espaço para alinhavar suas estrofes e ainda se escutam canções cuja melodia vem no embalo de seus compositores. São Paulo canta a música dos trovadores que vieram de longe por terem seus talentos rejeitados.

A laboriosa metrópole se faz limpa, leve, musical e colorida pelo balsamo dos seus artistas.

Mesmo trágica, sob as enxurradas das tempestades constantes e intermináveis congestionamentos de veículos o laborioso povo encontra tempo para os cafés, os teatros, as casas de diversões. Crente, freqüenta os incontáveis templos de todos os credos.

 Brasão de Armas Paulistano

Maravilhosamente elegante, sua moda faz do tempo o templo das linhas retas e curvas arrojadas. A cidade abriga os mais notáveis intelectuais; os mais brilhantes cientistas e os mais dedicados juristas.  E suas universidades ensinam o mundo.

Solidariedade impar. Recebe carinhosamente a todos. Independente da origem e dos destinos,  o paulistano valoriza o trabalho dos que nela se instalam para vencer.

É a terra que pertence ao mundo. Não tem fronteiras.


capacete usado pelo soldado constitucionalista em 1932


Liderando e impondo suas razões de forma a mostrar que sabe como ninguém, o paulistano soberbo não exibe modéstia: Trabalha, organiza, resolve, constrói e sem cessar, nunca se cansa e atento está ao lado de todos que dele se socorrem. Arrogante, é sempre, naturalmente o comandante. Orgulha-se de saber impor o caminho do sucesso e trazer soluções: Em S. Paulo, no Brasil e no exterior.

S. Paulo é a síntese de todas as sínteses do país. É a síntese do século XXI
 
 
Bandeira de São Paulo da cidade brasileira ondulada — Fotografia de Stock
                                                    ( bandeira da cidade de São Paulo )
 
 
Enfim, aproveitando a festa, conto o segredo: O privilégio de nela nascer é benção que ilumina caminhos. Agradeço aos meus Protetores a graça de te-la vivido e nas entranhas de suas avenidas, becos, prédios, vielas, parques, jardins, escadas, túneis e vilas ter sobrevivido e dentro de seus confins conhecido o melhor saber.

É a própria escola da vida. É o melhor conhecimento. É a arte, o esporte a ciência. São Paulo ereta tem tudo; é tudo; é simplesmente o resumo de tudo.

Parabéns a todos que ajudam a construí-la, fazendo do asfalto que a tinge de suor vermelho do sangue heróico de seus habitantes, a maior metrópole cristã,solidária, humana e paulistana.

Parabéns aos que movidos pela ambição, transformam o cimento árido de suas incontáveis construções, o adocicado perfume da calorosa metrópole sempre nascente.

Non Duco, Ducor.
Parabéns!

Roberto J. Pugliese
editor
paulistano.
www.puglieseadvogados.com.br


12 janeiro 2024

Itanhaém: Rever homenagem póstuma equivocada.

 

Carta Aberta para a sociedade e autoridades de Conceição de Itanhaém.

Senhoras e Senhores.

 Saudações Respeitosas,

Venho à público indignado ao saber dos equívocos graves carimbados pelas autoridades municipais, que sem dimensionar suficientemente o valor da vida intensa, rica em ações sociais e políticas e a inequívoca liderança de Miguel Simões Dias, gravaram seu nome, buscando homenageá-lo, em logradouro escondido despido da grandeza mínima que possa revelar a importância de que ao longo de seu tempo, representou para a cidade, seus frequentadores e sua população.

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              ( Tela de Benedicto Calixto de Jesus -Prainha )

Não pretendo rabiscar seu extenso currículo por ser de conhecimento dos que vivem, sabem e conhecem realmente a história recente de Itanhaém, mas cravo meu repúdio aos responsáveis pela infelicidade do ato que deve ser corrigido o quanto antes, evitando perpetuar-se o grosseiro erro que houve macular a própria história da Câmara Municipal e de seus atuais ilustrados integrantes.

A par desse tropeço os mesmos responsáveis ignoraram que no passado Sebastião das Dores, por seus méritos, fora homenageado cedendo seu nome ao antigo Caminho do Porto Novo, lugar que durante sua vida trilhou incansavelmente abastecendo os munícipes com a fartura de peixes que resignado, ao tempo, pescava enfrentando as intemperes naturais, com sua frágil embarcação movida pelos seus braços e agregados. Sem dúvida o primeiro morador da Prainha, lugar de onde partiam para singrar as águas da costa atlântica.

Fui privilegiado em conhece-lo, já frágil e com idade avançada, estava sempre cuidando para que as pescarias fossem exitosas. Comandava permanecendo atento, sentadinho à porta de seu barraco, aliás o único da praia, Maneco Silveira, João Rosa, Pedro Riccardi e outros que constituíam o único núcleo de pescadores artesanais instalados onde posteriormente ficou conhecida, com a chegada dos catarinenses com suas canoas motorizadas, como Praia dos Pescadores. 

Praia dos Pescadores - Itanhaém | Loucos por Praia | Loucos ...

Repentinamente o pescador com tantas histórias e vida repleta de ações que foram relevantes à sua época, que vivera sempre ao redor de sua praia, teve riscada a homenagem que outrora lhe fora prestada e em seu lugar, Miguelzinho como carinhosamente sempre fora conhecido o vereador, o prefeito, o líder da histórica Conceição é titularizado no modesto logradouro bem acanhado para tão grande personagem.

Se para o incógnito pescador o antigo Caminho que do Porto Novo, junto à beira do rio, seguia tortuoso até a Prainha tem motivação histórica e revela sua própria vida naquele sítio, para o gigante Miguelzinho, trata-se apenas de um beco medíocre que não condiz com o seu legado.

É preciso anular o ato equivocado e fazer com que o status quo ante permaneça homenageando o caiçara que bem simboliza Conceição de Itanhaém dos primeiros anos do século passado.

Atribuír-se o nome de Miguel Simões Dias, à prédio público, escola, posto de saúde, creche, repartição municipal, biblioteca o dignificará merecidamente. Seu nome estampado em qualquer outro logradouro, que tenha fluxo de pessoas, trânsito, comércio, ou seja, em artéria movimentada de pessoas e veículos, que visualize a importância e o que representou o homenageado durante seu tempo, perpetuará o agradecimento póstumo dos munícipes pelo que foi e legou.

É preciso repensar com serenidade e corrigir o erro e jamais repeti-lo. Insta lembrar que são inúmeros os personagens com raízes, vínculos e ligações diversas com a cidade, que num tempo futuro virão a ser objeto de graças semelhantes. É o resultado natural que se repete ao longo da história. Será grotesco, um dia qualquer, Itanhaém pelas suas autoridades, perpetuar eternamente, por seus méritos, ilustres figuras com raízes e vínculos e a par, rasgar o papiro anterior, carimbando injusta decisão, substituindo um pelo outro, como a que agora se deu com o antigo caminho.

É sabido que avenidas, destacando a Condessa de Vimeiros; ruas entre as quais salienta-se a Cesário Bastos ou praças como a Benedito Calixto, pela relevância desses personagens na história de Itanhaém, devem ser preservados e nunca virem a ter seus nomes substituídos; porém merece ser repensado, por não haver qualquer motivo que justifique que se mantenha a homenagem perpétua, à logradouros de relevância urbana, agraciando  quem é despido de motivações justas para a história recente ou de outrora da cidade. Entre outras vias públicas, à avenida Presidente Kennedy importante artéria estratégica no Parque Balneário ou rua Colibri no Guaraú, apenas para lembrar que o ato lamentável repudiado, mais do que injusto, trata-se de dupla infâmia cuja correção é viável valendo-se da existência de incontáveis logradouros que oferecem essas condições, posto que as substituições de seus nomes não causarão qualquer trauma para a memória da sociedade.

Oportuno lembrar que recentemente o saudoso Harry Forssel foi perpetuado na importante avenida que dos Belas Artes segue para a rodovia em substituição a 31 de Março, então nome da antiga estrada, já que a efeméride diz respeito ao golpe militar, mancha escura da história que merece ser ignorada e esquecida e não havia razão outra para manter-se tamanha agressão a democratas e vítimas de suas crueldades, alguns dos quais, inclusive, filhos da cidade.

Enfim, sem maiores delongas, ouso pedir a esta Casa de Cultura e individualmente aos seus integrantes que se  manifestem e movimentem-se em favor da correção necessária para que o Plenário Don Edílio José Soares da Colenda Casa Legislativa municipal mantenha altivo e soberbo lastreado por sua elegante história que nunca se desviou da justiça e de ações dignas de aplausos.

Agradeço a distinta atenção e conto com o empenho de todos para que a justa correção decrete a verdadeira homenagem perpétua ao saudoso Miguelzinho e a par, conceda novamente a digna graça de manter-se perpetuado o nome de Sebastião das Dores no antigo Caminho do Porto Novo.

Joinville, 11 de Janeiro de 2024.

 

Roberto J. Pugliese
editor
www.puglieseadvogados.com.br
vidaexpressovida.blogspot.com

20 dezembro 2023

CONDENAÇÃO INJUSTA


  JUSTIÇA TENDENCIOSA.

 

O Expresso Vida publica texto da jornalista Elaine Tavares, da UFSC, que relata muito bem os desvios que ocorrem na Justiça comum do Estado de Santa Catarina e também pelo país nos últimos tempos.


" Punida por mostrar a verdade

A jor­na­lista Schirlei Alves foi con­de­nada à prisão e pa­ga­mento de multa pelo ju­di­ciário ca­ta­ri­nense. Ela foi acu­sada de “man­char a honra” de um juiz, um ad­vo­gado e um pro­motor que atu­aram num caso de es­tupro. Tudo isso porque ela no­ti­ciou a gra­vação da au­di­ência de ins­trução, na qual a ví­tima do es­tupro, Mari Ferrer, é hu­mi­lhada e cons­tran­gida vá­rias vezes pelo ad­vo­gado de de­fesa do acu­sado, Cláudio Gastão da Rosa Filho. A gra­vação mostra que ela im­plora ao juiz por res­peito, di­zendo que nem as­sas­sinos eram tra­tados como ela es­tava sendo tra­tada, mas o juiz ig­norou seu apelo. Foram cinco horas de mas­sacre contra a ví­tima e por fim, o acu­sado do es­tupro foi ino­cen­tado. Seria mais um caso “comum”, no qual o agressor sai livre, a mu­lher de­pre­ciada e os ope­ra­dores do di­reito, in­có­lumes.

Mas, ocorre que a Schirlei fez o que qual­quer bom jor­na­lista faria: des­creveu as cenas, des­velou o ce­nário, expôs as chagas, tanto as da si­tu­ação do es­tupro so­frido quanto as do ju­di­ciário. Uma re­por­tagem que não en­con­trou abrigo nos meios co­mer­ciais ca­ta­ri­nenses e acabou sendo vei­cu­lada na In­ter­cept Brasil, uma agência de no­tí­cias. O texto ex­pli­cita o que as ima­gens igual­mente dizem. E o que se vê é uma ga­rota sendo jul­gada por suas roupas, por ter be­bido, por estar num bar. E, mais do que isso, so­frendo outra vi­o­lência, pra­ti­ca­mente sendo apon­tada como cul­pada de ter sido es­tu­prada. Um ba­laio de hor­rores.

A re­por­tagem da Schirlei não se li­mita às ima­gens des­ve­ladas. Ela ouve a ví­tima, as pes­soas pró­ximas, a OAB, o Mi­nis­tério da Mu­lher, de­le­gada, pro­mo­tora do Nú­cleo de Gê­nero, enfim, uma série de ou­tras vozes que cor­ro­boram a tese de que a jovem ví­tima do es­tupro foi também hu­mi­lhada e ne­gli­gen­ciada no caso. O caso re­per­cutiu em todo país e os en­vol­vidos se viram ex­postos. O juiz, Rudson Marcos, re­cebeu uma ad­ver­tência formal do Con­selho Na­ci­onal de Juízes, por ter sido ne­gli­gente, o pro­motor e o ad­vo­gado foram re­pu­di­ados pela opi­nião pú­blica. E, por isso, de­ci­diram acusar Schirlei de lhes man­char a honra.

O pro­cesso foi jul­gado pela juíza An­drea Struder, que con­denou Schirlei apli­cando uma sen­tença le­o­nina. Se­gundo texto na Agência In­ter­cept: “A con­de­nação de Schirlei pro­fe­rida pela juíza lembra a época da di­ta­dura e é to­tal­mente in­fun­dada, re­pleta de fa­lhas pro­ces­suais e ex­tre­ma­mente des­pro­por­ci­onal. Studer foi a única juíza dis­posta a aceitar o caso apre­sen­tado por seus co­legas na vara, de­pois que muitos ou­tros se re­cu­saram de­vido ao con­flito apa­rente”.

A con­de­nação da jor­na­lista le­vantou a ca­te­goria que en­tende a de­cisão como uma sen­tença não apenas contra Schirlei, mas contra todos os jor­na­listas, visto que a ser man­tida, sig­ni­fica cla­ra­mente uma mor­daça. É sa­bido que o ju­di­ciário bra­si­leiro é uma ins­ti­tuição que re­pre­senta a classe do­mi­nante e se con­fi­gura num guar­dião desta mi­nús­cula fatia da so­ci­e­dade. Ficar contra os tra­ba­lha­dores é pão co­mido, coisa co­ti­diana. Mas, ainda assim a sen­tença chocou os jor­na­listas por re­pre­sentar uma obs­trução ao tra­balho do pro­fis­si­onal, que é o de re­portar os fatos. Im­por­tante res­saltar que a queixa se dá porque a jor­na­lista expôs um juiz, um pro­motor e um ad­vo­gado.

Ora, re­ceber pena de prisão e multa de 400 mil reais por ter re­la­tado fatos reais e com­pro­vados tem algum sen­tido? Ne­nhum. Esta se­mana outro vídeo de uma au­di­ência vir­tual em Santa Ca­ta­rina mostra uma juíza igual­mente sendo grossa e ar­ro­gante com uma tes­te­munha. Será pe­na­li­zada também a pessoa que di­vulgou mais essa co­ti­diana ação das cortes? Não se pode mos­trar a re­a­li­dade do mundo ju­di­ciário? Está ve­dado? Bom, isso tem nome. Cen­sura.

Na Uni­ver­si­dade Fe­deral de Santa Ca­ta­rina, foi or­ga­ni­zado pelo Sin­di­cato dos Jor­na­listas um ato de so­li­da­ri­e­dade à jor­na­lista, que ainda está lu­tando na jus­tiça, agora em se­gunda ins­tância. Com­pa­re­ceram jor­na­listas, re­pre­sen­tantes de mo­vi­mentos so­ciais, de sin­di­catos, es­tu­dantes, po­lí­ticos e co­mu­ni­dade, todos dis­postos a apoiar e lutar junto com Schirlei para que essa sen­tença seja anu­lada. Ne­nhum dia de prisão e ne­nhum cen­tavo de multa. O ju­di­ciário ca­ta­ri­nense terá de res­ponder com jus­tiça.

É sa­bido que o jor­na­lismo bra­si­leiro é, via e regra, um jor­na­lismo de­cla­ra­tório, sem pro­fun­di­dade e muitas vezes cúm­plice dos po­deres do­mi­nantes. Mas, jor­na­listas há que fogem do lugar comum e cum­prem a função pri­meira do jor­na­lismo que é des­velar o que quer se es­conder. Schirlei é uma dessas pro­fis­si­o­nais. Va­lente, res­pon­sável, ética. Ela está so­frendo, porque é re­pórter, e sabe que fez o certo. Vive uma tor­tura co­ti­diana por ter cum­prido com seu com­pro­misso pro­fis­si­onal.

Cabe a nós en­redá-la numa rede de afeto e de luta para que ela saiba que não está so­zinha. E cabe a nós também di­vulgar ao má­ximo essa in­fâmia.

O jor­na­lismo de ver­dade car­rega essa marca, a da expor à luz o que se es­conde. Não é sem razão que lá na In­gla­terra o também jor­na­lista Ju­lian As­sange sofre prisão e tor­tura por ter re­ve­lado os crimes dos Es­tados Unidos. Guar­dadas as pro­por­ções, assim tem sido com a Schirlei, por ter ex­posto al­gumas vís­ceras do ju­di­ciário.

Jus­tiça para Schirlei. Sus­pensão da sen­tença já! Nada menos do que isso! "

 (Elaine Tavares // 13/12/2023)

Não é a primeira vez e não será a última,lamentavelmente, que os órgãos do Poder Judiciário no Brasil ultimam medidas injustas, arbitrárias e salientemente prepotentes, contrário ao principio do bom direito e garantias constitucionais, próprias do regime democrático.

E a Justiça no Estado de Santa Catarina tem se revelado, há boa data, contumaz nessas práticas, que vão desde sua estrutura institucional, passando pelo comportamento de servidores e culminando com ações de seus membros em todos os graus e competências jurisdicionais.

E a Justiça especializada no Estado de Santa Catarina, com menos frequência, também padece desses tropeços.

É preciso lembrar que a Crítica é dever da Inteligencia e ninguém está isento dessas manifestações.

O Expresso Vida se solidariza e apoia a jornalista e a todos os meios legítimos de comunicação social.

Roberto J. Pugliese
Editor  
Advogado Remido 
( Foi presidente da OAB/TO - Gurupi por dois mandatos )