26 setembro 2011

Em Santa Catarina o ser humano vale menos...


Caros leitores,

O cidadão catarinense vale menos que os demais brasileiros. Basta ler a noticia abaixo e meditar. Complexo de inferioridade, pois atribuir R$20.000,00 pela indenização por morte comprovada por culpa de um hospital, tem um significado amplo.

Essa é a justiça de Santa Catarina que inferioriza o pai de familia. A mesma indenização, nos estados vizinhos do Paraná, do Rio Grande do Sul, para não citar-se outras unidades da federação, atribuiriam valores mais próximos ao que se imagina valer a ausencia de um pai de família...

Lamentável o comportamento do Poder Judiciário em relação ao cidadão comum e anonimo.

Vale a pena a leitura, colhida do sítio eletronico da AASP -



TJSC. Hospital indenizará mulher após morte de marido por demora em atendimento
26 de setembro de 2011

A Fundação Hospital Regional do Alto Vale do Itajaí (Fusavi) terá que indenizar Erna Testoni em R$ 20 mil, pela morte de seu marido na recepção da instituição. Valdemar Testoni foi levado, em 25 de outubro de 2005, por ela e um filho à emergência mas, mesmo com médicos e enfermeiros de plantão, teve de esperar meia hora pelo atendimento. Erna ajuizou ação e disse que os recepcionistas não deram atenção às queixas do paciente, que já estava infartando, e não informaram a situação à equipe de enfermagem, exigindo antes o preenchimento da ficha hospitalar.

A demora em atendê-lo, segundo a autora, agravou o quadro e provocou a morte do marido minutos depois dos procedimentos de reanimação, já em uma segunda parada cardíaca em decorrência do infarto agudo do miocárdio. A fundação alegou não ter responsabilidade e acrescentou que a esposa informara tratar-se de problemas estomacais. Afirmou, também, que providenciou uma cadeira de rodas para que Valdemar ficasse bem acomodado, e que o desmaio ocorreu do lado de fora da unidade, quando ele se levantou para caminhar.

O relator, desembargador Sérgio Izidoro Heil, porém, não reconheceu esses argumentos e observou que os depoimentos de testemunhas comprovaram que a médica de plantão, Nicia Maria Campos Grilo, estava em cirurgia. Os dois recepcionistas não fizeram contato com ela ou com a equipe de enfermagem para os primeiros atendimentos. Ao saber do desmaio, Nícia foi ao local e reanimou o paciente com ajuda de outro médico do plantão da UTI da unidade.

Segundo Heil, o hospital deve ter atendentes capacitados para o primeiro contato com o paciente, a fim de, em situação de urgência, ao menos levar o fato ao conhecimento da equipe de enfermagem. “O hospital, vale destacar, não é obrigado a garantir o êxito no tratamento dispensado aos seus pacientes ou mesmo a sua sobrevivência, mas sim a dispensar todo o zelo e atenção inerente à sua atividade, de modo que todas as chances de recuperação sejam aproveitadas, o que in casu não foi feito”, concluiu o relator.

A decisão da 2ª Câmara de Direito Civil reformou a sentença da comarca de Rio do Sul e fixou o valor da indenização, mantendo a negativa de pensão alimentícia. Também isentou a médica Nícia de responsabilidade civil, por ela não ter sido informada da gravidade do caso pela recepção do hospital. (Ap. Cív. n. 2008.073202-2)

23 setembro 2011

Honorários não são gorgetas - www.aasp.org.br

A Associação dos Advogados de São Paulo e a Associação dos Advogados do Ceará, lançam campanha importante para a classe dos Advogados... Honorários não são gorgetas.

Ceará e São Paulo juntos pela melhoria dos honorários advocatícios
O presidente da Associação dos Advogados de São Paulo - AASP, Arystóbulo de Oliveira Freitas, lança hoje, sexta-feira, 23/9, em Fortaleza - Ceará, a campanha “Honorários não são Gorjeta”. O convite para o lançamento da campanha naquele estado foi feito pelo presidente da Associação dos Advogados do Estado do Ceará (AACE), Hélio Winston, que, ao lado de sua diretoria, visitou recentemente a sede da AASP.

Durante sua estada em Fortaleza, o presidente da AASP também visitará diversos veículos de comunicação com o objetivo de difundir a campanha. A agenda de visitas à mídia local foi organizada pela AACE.

A campanha “Honorários não são gorjeta”, que foi lançada em junho deste ano pela AASP com o objetivo de reverter a redução e a ínfima fixação de verbas sucumbenciais, já obteve inúmeras vitórias. A principal delas foi a menção da campanha em acórdão de relatoria da ministra Nancy Andrighi, do STJ, julgado no dia 18/8, quando foi revertida a fixação dos honorários de sucumbência, antes fixados em “quantia aviltante”. O acórdão reconheceu a relevância da “irresignação dos causídicos quanto aos critérios adotados pelos tribunais para a fixação dos honorários de sucumbência” e fez alusão explícita à campanha. A decisão foi acompanhada pelos ministros Massami Uyeda, Paulo de Tarso Sanseverino e Ricardo Villas Bôas Cueva.

Outro sucesso da campanha foi o curso Honorários Advocatícios, realizado entre os dias 22 e 25 de agosto. O evento foi acompanhado por cerca de 1.200 pessoas pela internet ou telepresencialmente, em 18 Estados da Federação, na Grande São Paulo e na Capital paulista, além das advogadas e advogados presentes na sede da Associação.

O lançamento da campanha “Honorários não são gorjeta” em Fortaleza acontecerá no salão de eventos do restaurante Spettus Steak House (Shopping Salinas), a partir do meio-dia, durante palestra a ser ministrada pelo presidente da AASP.

Para o presidente da AACE, Hélio Winston, é preciso unir a classe em torno da defesa da questão dos honorários de sucumbência, problema que atinge a maioria dos advogados que estão na ativa. “Muitas vezes os advogados passam longos anos de trabalho árduo para conseguir uma vitória na Justiça e, quando isso acontece, é estipulado um valor de honorários não compatível com o trabalho realizado”, afirma.

O espaço no site da AASP continua à disposição para que advogadas e advogados registrem suas reclamações sobre problemas com o arbitramento de honorários.

22 setembro 2011

Privatizações - Matéria de Elaine Tavares.

Dia de privatizações e que se dane o povo!
Por Elaine Tavares - jornalista


A manhã desperta bonita em Florianópolis. Sol amarelo numa cidade que desde o final de agosto só vê chuva. O prenúncio é bom, luz, vida, alegria. Mas, as coisas não são tão simples assim. Não basta que o sol nasça para que haja o bom viver. No dia anterior, emburrado e chuvoso (20.09), o estado inteiro de Santa Catarina sofreu uma perda brutal. A companhia de Água e Saneamento (Casan) foi privatizada. Segundo os deputados cúmplices do crime, o governo seguirá com o controle acionário e garantirá o interesse público. Mas, quem em sã consciência acredita nisso? Qualquer guri de dez anos, com um pouco de cérebro sabe que a casa legislativa catarinense, com alguma exceção, está ali para defender os interesses dos empresários, do capital. E isso é em todo o país. Essa é a regra na democracia liberal, representativa.


Na manhã em que os trabalhadores, sindicalistas e pessoas do povo foram para a Assembléia Legislativa gritar o seu “não” à proposta privatista, a casa que supostamente deveria ser do povo chamou a tropa de choque, como é comum em todas as vezes que o poder se sente ameaçado. A tropa é patrimônio do estado, o estado é opressor e quem quer lutar contra isso sabe que o lombo será chicoteado, porque assim tem sido desde muito tempo. É da natureza do capitalismo defender seus interesses com a força policial do estado. Tudo está ligado.


A água é um bem público e, em tese, não deveria ser uma mercadoria. Qualquer pessoa, em qualquer lugar precisa ter acesso a ela, pois sem água, o ser humano não consegue sobreviver mais de três dias.


Pois agora, em Santa Catarina, a empresa que garante a água está 47% privada. O restante é do estado, mas o estado é amigo do privado e, juntos, eles decidem que o precioso líquido valerá “x”. Que será dos pequenos municípios? Dos lugarejos perdidos no interior? Que será das pessoas e dos lugares que não representarem lucro em potencial? Quem acredita que um empresário que compra uma empresa para auferir lucros estará interessado na situação de um pobre coitado sem acesso à água ou saneamento?


No mesmo dia, esse fatídico 20 de setembro, a Câmara Federal privatizou os hospitais públicos. Dizem os cínicos que é uma empresa estatal. E de fato é. No papel. Na prática, a empresa que vai administrar os hospitais universitários em todo o país, poderá fazer “parcerias” com os planos privados, abrindo duas portas de entrada nos hospitais. A porta dos pobres, dos deserdados, e a dos que podem pagar. Então, numa emergência, ou mesmo no cotidiano da doença, quem vocês acham que será atendido? Até porque no estatuto da lei da “empresa pública” está bem claro: os hospitais deverão cumprir metas, metas de produção. Ora, o que produz um hospital? Produz doentes. Assim, numa situação em que a doença é mercadoria, quanto mais gente doente, melhor! Não é incrível? Talvez por isso tenham liberado o feijão transgênico...


Os trabalhadores das universidades que estão em greve há mais de 100 dias, em luta pelo salário digno e também contra a privatização dos hospitais, estavam lá na Câmara, lutando, dizendo não. Mas, tanto para os deputados cúmplices do capital, assim como para a mídia vendida aos mesmos donos, essa gente não existe. “São os responsáveis pelo rombo do governo, os vagabundos, os que não trabalham”. Mentiras e mais mentiras que são reproduzidas à exaustão para que a população acredite e defenda o que, na verdade, só vai beneficiar a uns poucos.


E assim terminou melancolicamente o 20 de setembro neste país incensado pela imprensa como o que mais cresce na América Latina. Esse é o legado da popular presidente Dilma e seus parceiros.
Nos anos 90, FHC privatizou grandes empresas públicas, extremamente lucrativas, que poderiam financiar com seus ativos a saúde, a educação e tantas outras coisas. Mas, em vez disso, foram entregues a preço de banana aos grandes empresários nacionais e internacionais. Naqueles dias, alguns trabalhadores gritaram e não foram ouvidos. Quem se preocuparia com empresas que produzem aço, minério, cimento? Pois agora, na era PT, o governo vai privatizando a telefonia, a luz, a água e a saúde. Não há dinheiro para bancar esses serviços, diz o governo. Mais uma mentira. No orçamento da União, o governo reserva 44,93% para pagamento de juros de uma dívida ilegítima. Transfere aos estados apenas 9,24%. Investe 2,89% em educação, 3,91% em saúde, 0,06 em cultura e 0,04 em saneamento. Então como é isso? Não tem dinheiro? Precisa privatizar água, luz, telefone e todos os direitos das gentes em nome de quê? Do pagamento da dívida, ilegal e ilegítima.


Assim, a política governamental, os deputados federais, os deputados estaduais, os vereadores, tudo isso está a serviço de um único patrão: o empresariado predador. A eles todas as benesses. Ao povo a precariedade da saúde, a falta de água, a falta de esgoto, os preços caríssimos. Para fechar o círculo da perversidade, ainda abrem linhas de crédito e financiamentos para que os pobres, que com seus salários ficam impossibilitados de consumir as promessas do capitalismo, possam se endividar mais e mais, engordando de forma mais rápida aqueles que mais lucram no mundo: os banqueiros.


É preciso abrir os olhos e ver.


Existe vida no Jornalismo
Blog da Elaine: www.eteia.blogspot.com
América Latina Livre - www.iela.ufsc.br
Desacato - www.desacato.info
Pobres & Nojentas - www.pobresenojentas.blogspot.com
Agencia Contestado de Noticias Populares - www.agecon.org.br

20 setembro 2011

Vista do Ariri, distrito de Cananeía, Sp.

Caros Leitores. Em outubro próximo acontecerá o festival cultural em Ariri, distrito de Cananéia, Estado de São Paulo.

Atualmente a vila só se atinge por barcos, porque a estrada se encontra intransitável.

Prestigiar o festival será muito importante para a sociedade local e um inesquecível passeio.

Vejam o cartaz e uma vista parcial da vila logo abaixo.





A fotografia abaixo é uma vista parcial da beira mar da sede do distrito.







Abraços a todos,
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br

17 setembro 2011

Copa e STF - MARACUTAIA VAI A JULGAMENTO

STF. Ação questiona regime de contratações para obras da Copa
29 de agosto de 2011

O PSDB, o DEM e o PPS ajuizaram Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4645) no Supremo Tribunal Federal (STF), na qual contestam a Lei nº 12.464/2011, resultante da conversão da Medida Provisória nº 527/2011, que instituiu o chamado “Regime Diferenciado de Contratações Públicas” (RDC), que poderá ser aplicado nas licitações para as obras de infraestrutura para os próximos eventos esportivos internacionais que serão sediados no Brasil – Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo (2014) e Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (2016).

De acordo com os partidos políticos, houve “abuso no poder de emendar” por parte do relator da MP 527, deputado José Guimarães (PT-CE), já que ela não tratava de licitações ou contratos públicos; dispunha apenas sobre a organização da Presidência da República e dos ministérios, criação da Secretaria da Aviação Civil, alteração da lei da ANAC e da Infraero, criação de cargos em comissão bem como a contratação de controladores de tráfego aéreo. Na avaliação das três legendas, a lei decorreu de “violação do devido processo legislativo”.

“Ao se sujeitar à possibilidade de sofrer emendas, as medidas provisórias sujeitam-se também aos mesmos limites e restrições que a estas se aplicam. E uma das restrições aplicáveis é a necessária pertinência lógica entre o objeto da emenda e o texto normativo emendado. As emendas não devem ter conteúdo estranho à proposição normativa a que se referem. Devem observar pertinência temática com o texto originário da medida provisória, uma vez que o Parlamento não pode se desviar dos temas que foram normatizados originalmente pelo presidente da República, sob pena de produzir alteração inconstitucional na proposição”, argumentam.

PSDB, DEM e PPS afirmam que o “atropelo” no processo de conversão da MP 527 violou o devido processo legislativo constitucional e caracteriza vício de inconstitucionalidade de natureza formal capaz de afetar por inteiro a lei que criou o RDC. “Há, neste ponto, duas razões especialmente relevantes para se postular a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 12.462/2011. Primeiro, o extravasamento dos limites constitucionais ao poder de emendar, por parte do relator. Segundo, a criação de obstáculos ilegítimos ao poder de emendar dos demais parlamentares, que se veem impedidos de oferecer emendas relativas aos novos temas inseridos pelo relator”, enfatizam.

Além dos vícios formais apontados, os três partidos argumentam que o novo regime de contratação pública instituído pela Lei nº 12.462/2011 não está de acordo com o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, nem com os princípios da eficiência, moralidade e publicidade. Para os partidos as “inconstitucionalidades dizem respeito à essência e ao todo do Regime Diferenciado de Contratações Públicas”, principalmente aos artigos que delegam ao Executivo a escolha do regime jurídico aplicável, que estabelecem presunção de sigilo do custo das obras, que permitem contratação integrada para a realização de obras e serviços de engenharia, que estabelecem remuneração variável para obras e serviços públicos e que dispensam publicação em diário oficial.

Na ADI, os partidos pedem liminar para suspender a eficácia da Lei nº 12.462/2011 até a decisão de mérito. O relator é o ministro Luiz Fux.

Um poema para meus amigos - Vinicius de Moraes

Uma pequena homenagem... um lindo poema de Vinícius de Moraes.



Eu talvez não tenha muitos amigos, mas os que tenho são os melhores

que alguém poderia ter.

Além disso tenho sorte, porque os amigos que tenho têm muitos amigos

e os dividem comigo.
Assim meu número de amigos sempre aumenta, já que sempre

ganho amigos dos meus amigos.
Foi assim aqui, uns ganhei há tempos, outros são mais recentes.
E quem os deu não ficou sem eles, pois a amizade pode sempre ser
dividida sem nunca diminuir ou enfraquecer.
Pelo contrário, quanto mais dividida, mais ela aumenta.
E há mais vantagens na amizade: é uma das poucas coisas que não custam nada e valem muito, embora não sejam vendáveis.
Entretanto, é preciso que se cuide um pouco das amizades. As mais recentes, por exemplo, precisam de alguns cuidados... poucos, é verdade, mas indispensáveis.
É preciso mantê-las com um certo calor, falar com elas mais amiúde e no início,

com muito jeito. Com o tempo elas crescem, ficam fortes e até suportam alguns trancos.

Prezo muito minhas amizades e reservo sempre um canto no meu peito para elas.
E, sempre que surge a ocasião, também não perco a oportunidade de dar um amigo a um amigo, da mesma forma que eu ganhei.
E não adiantam as despedidas, de um amigo ninguém se livra fácil.
A amizade, além de contagiosa, é totalmente incurável.



(Vinicius de Moraes)

Relações trabalhistas nos cartórios -

Servidores extrajudiciais contratados após a promulgação da CF de 1988 não fazem jus à estabilidade no cargo

A decisão do TJSP foi publicada no Diário de Justiça no dia 9 de agosto O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) julgou improcedente apelação civil impugnada por ex-servidora extrajudicial que foi demitida sem justa causa ou prévio processo administrativo. A decisão foi publicada no Diário de Justiça no dia 9 de agosto. A ex-servidora solicitou a declaração de nulidade do ato demissório, com sua reintegração na função e condenação da ré ao pagamento das remunerações devidas desde a data de seu afastamento.

O relator do processo, Renato Nalini, negou provimento ao recurso sob a alegação de que os servidores extrajudiciais contratados após a promulgação da Constituição Federal de 1988 não fazem jus à estabilidade no cargo. De acordo com o relatório, era assegurada à autora tão-somente uma “indenização correspondente ao aviso prévio e um mês de salário por ano de serviço ou fração superior a seis meses e 13º salário proporcional”, verba que a própria requerente admitiu ter recebido, e cuja prova de pagamento está juntada aos autos.

Segundo o relator, é inadmissível, portanto, após ter aceitado voluntariamente as verbas rescisórias, dado integral e irrevogável quitação, passados quase dois anos de sua dispensa, venha a requerente a pleitear sua reintegração no cargo.

Íntegra da decisão

Fonte: Assessoria de comunicação do IRIB
Em 23.08.2011

08 setembro 2011

Onze de Setembro: - Reflexões maduras

Onze de Setembro: - Reflexões maduras.-
Roberto J. Pugliese**–



Estamos chocados! Passados tantos e tantos anos, as pessoas de bem, continuam chocadas. Os ataques provocados nas cidades de Washington, Dc e N. York, no seio da mais poderosa potencia militar do mundo, provocando prejuízos incomensuráveis de ordem moral principalmente, fizeram com que a opinião pública, de um modo geral, se consternasse e orasse pelas vitimas inocentes de tamanha truculência.


A dor e a tristeza tomou conta da civilização padrão do mundo globalizado.

Repentinamente somos forçados a lembrar de anos atrás, quando vítimas civis, igualmente inocentes, foram trucidadas repentinamente em Hiroshima e Nagasaki, em defesa de um ideal democrático. Lembramos que pela causa nobre, vítimas civis e tão inocentes quanto as do trágico quadro que recordamos, também vieram a falecer durante os anos que o exército de Ho Shi Min enfrentou no seu território, tendo a paixão pela pátria como a principal arma, o mais equipado exército do mundo.

Lembramos das bombas de naplan que foram jogadas na Colômbia, com outros preparados químicos, que a par de exterminar com o plantio da coca, provocou a morte e danos a saúde de civis agricultores dos confins da Amazônia.

Lembramos das vítimas de mais de meio século de bloqueio comercial sobre a ilha caribenha que ousou se tornar verdadeiramente independente e soberana e de modo insolente venceu o poderoso vizinho em todas as tentativas de invasão e terrorismo plantados a partir de Miami. Inclusive midiático.


Lembramos das vítimas civis de todas as idades, que em razão do bloqueio imposto pela nobre causa democrática, também vieram a falecer no Iraque insubordinado, que se atreveu enfrentar o mesmo exército. Nem remédios podiam ser adquiridos naquele país de areia e petróleo.

Lembramos da tragédia militar imposta ao povo da extinta Iugoslávia massacrado pelas tropas da OTAN; do Afeganistão ocupado há décadas por invasores que defendem a liberdade democrática dos castigados nômades das montanhas, e das intermináveis guerras que se sucedem no estratégico Chifre da Africa, para controle da rota comercial do Suez e Mar Vermelho.

Lembramos de líderes que enfrentaram a garras da mesma Águia poderosa, símbolo do majestoso império e foram condenados por defenderem de forma ousada a liberdade de seus povos: Agostinho Neto, Patrick Lomumba, Bem Bela, Nasser e SS. O XIV Dalai Lama, cujas preces e orações não são ouvidas na Wall Street que se curva às dimensões econômicas chinesas...

É lamentável que essas lembranças e outras que não cabem no diminuto espaço, se deem sempre com a presença armada dos EEUU, através de seus fuzileiros e marines, com parceiros e aliados mancomunados com o objetivo de controlar a humanidade através dos potentes exosettes ou com vetos à cláusulas jurídicas em defesa do meio ambiente ou incentivos fiscais que violam pactos comerciais ou indecentes elevações dos juros aplicados às dívidas de povos miseráveis e famintos....

Lamentamos profundamente a dor de um povo que não sabe o que é a guerra no solo da própria nação. Um povo que envolvido em conflitos militares, se fez presente na Europa, na Ásia, na América Latina, porém nunca sofrera no seu território, hermeticamente fechado com radares, mísseis e um muro de fios elétricos junto aos limites que o separa do México qualquer ameaça a tão imponente e soberbo império.

Lamentamos principalmente pelas vítimas das torturas que ditadores truculentos latino-americanos impuseram aos seus opositores, seguindo regras que aprenderam na Escola das Américas, pomposamente erguida na cidade do Panamá, com instrutores norte-americanos lecionando o terror... Lamentamos bastante a morte de patrícios brasileiros, residentes em Mahatamann, por carecerem de empregos na saudosa terra brasilis ou por terem ingenuamente sido ludibriados pelas mensagens subliminares produzidas pelos quatro cantos da Broadway e pelas telinhas sem vergonha da Globo e demais agentes midiáticos do Tio San infiltrados escancaradamente nas escolas de todos os níveis, nos shoppin’s e repartições governamentais.

Lamentamos bastante a humilhação do soberbo povo norte americano que viu suas defesas violadas e o maior símbolo da globalização do capital ser destruído em poucos minutos por aviões aparentemente inofensivos, como outrora inofensiva fora a Aliança para o Progresso e as Igrejas idealizadas pelo Departamento de Estado que destruíram com cânticos e palmas as Comunidades Eclesiais de Base do Venerável Don Helder Câmara e toda a prática da Teologia da Libertação.

Lamentamos profundamente tanta violência. Lamentamos e choramos a saudades dos civis que pereceram na guerra do Golfo e ainda perecem nas intermináveis filas do INSS desestruturado por carecer de recursos financeiros desviados para fomentar o enxugamento do Estado neoliberal que os EEUU idealizaram...

Lamentamos profundamente que a violência haverá de prevalecer enquanto não for alterada a política neocolonial imperialista que através da publicidade de massa e do controle financeiro exaure todas as riquezas dos povos, especialmente culturais...

Enfim, por oportuno, lembramos que 11 de setembro é data memorável e que deve ser rememorada sempre, pois simboliza a truculência ianque. Não se poderá jamais esquecer que o Chile, o país que integra a ALCA e está em crise notável, foi bombardeado pela aviação subordinada aos ditames das multinacionais do Cobre e Salvador Allende, legitimo presidente democraticamente eleito foi cruelmente assassinado no palácio de La Moneda, abrindo as portas para a longa e infame ditadura do corrupto Pinochet, braço dos elevados interesses dos empresários norte .
O orgulho da Nação mais poderosa do planeta, quebrada pelos desmandos neoliberais do século XXI segue o curso natural da história.

Para encerrar, a data é um bom motivo para que os brasileiros de mãos dadas deem um brinde à pátria do Pré Sal e ao visionário José Bento Monteiro Lobato, que contrariando interesses da Standard Oil foi perseguido, preso e exilado.

07 setembro 2011

Quero de volta o futebol e que se dane o capital - Elaine Tavares

( Colhido do blog da Elaine Tavares )

Que absurdo!!!



Sou apaixonada por futebol. Desde pequena vivo essa beleza de estádios, vestiários, gols, campos mal cuidados e homens correndo atrás da bola. Quando criança, era a mão firme do meu pai que me levava para o velho estádio do Internacional de São Borja, onde aprendi o beabá deste esporte tão lindo. Encantavam-me os dribles incríveis, a ginga, o passe bem feito, o cabeceio, a bicicleta, o ataque cheio de alegria, o gol. Hora de êxtase. Nunca me importei muito com quem ganhava, mas com a beleza das jogadas. Eu as via como uma dança, uma espécie de balé do qual emanava uma magia sem fim.


Por ser fã do meu pai meu caminho natural acabou sendo o Grêmio, time do seu coração. Mas a minha mãe era louca pelo Inter e, com ela, acompanhava também as partidas do colorado porque, afinal, o que valia mesmo era o jogo em si. Raras são as emoções tão abissais como a de um estádio lotado na hora do gol. Talvez uma passeata de luta seja o que mais se assemelhe.


Há 24 anos vivendo em Florianópolis enveredei para o lado do continente, e meu time do coração é o Figueirense, o qual acompanho com fidelidade canina. Cubro-me com o manto alvinegro, durmo com o travesseiro alvinegro, minha bolsa tem a cor do figueira, enfim, essas coisas que só quem morre de paixão pela bola explica. É, porque duvido que possa haver alguém que consiga definir porque amamos esse e não outro time. Sei lá, não importa.


O que quero falar mesmo é que essa paixão está perdendo sua graça. Outro dia, do nada, percebi isso. Assistia ao jogo do Botafogo com o Internacional e me liguei que a gente não pode mais andar por aí com a camisa do time do coração. Porque ela não existe mais. Agora, o que cobre o corpo dos jogadores é um painel de propaganda. A camisa do meu Figueira estampa um imenso “Thashibra”. Imaginem que eu vou andar por aí com isso no peito. Impossível. A desgraça do capital consegue nos roubar até isso.


A camiseta do Botafogo me pareceu um absurdo: nela gritam João Fortes e Guaraviton. Mas o que é isso? A do Inter e a do Grêmio ostentam o nome do Banrisul e até o timão virou agora Neo Química. E, imaginem vocês, a gente ter de ver a do “mais querido” com um imenso Batavo. É o cúmulo! Cada torcedor acaba sendo propagandista de um produto o qual nem escolheu. A camisa não é mais o manto sagrado do amor incondicional. É outra coisa. É painel, é propaganda de algo que se usa, que se come, ou sei lá o quê.


Penso que deveria haver um grande movimento de retomada de nossas camisetas, como elas são, com as cores originais, sem nenhuma propaganda oportunista se colando a ela. Os cartolas que inventem outras formas de ganhar dinheiro, mas não peguem aquilo que é a identidade da nossa paixão. Quem sabe, nesse movimento, não se poderia também fazer retornar o bom e velho futebol, da arte, alegria, do drible sapeca, da alegria.

É isso! Quero de volta o futebol e a minha camiseta, sem máculas. Que se dane o capital!


Elaine Tavares é jornalista em Santa Catarina e edita o blog "Palavras Insurgentes"

06 setembro 2011

Sete de Setembro na America Latina -

( copiado do Centro de Estudos Bíblicos -
http://www.cebi.org.br/ )

Sete de setembro na América Latina - Marcelo Barros
Terça-feira, 6 de setembro de 2011 - 12h14min
por Adital - Notícias da América Latina e Caribe

Enquanto neste 07 de setembro, o Brasil comemora o dia da pátria, as comunidades cristãs latino-americanas recordam que, nesta mesma data, em 1968, encerrou-se, em Medellín, na Colômbia, a 2ª Conferência geral do episcopado católico latino-americano. Foi esta reunião que oficializou o compromisso social e político da Igreja Católica com a completa independência e libertação de nossos povos. A partir da conferência de Medellín, pastores e teólogos, inclusive os papas têm se referido à opção pelos pobres como uma decisão evangélica que é da própria natureza da Igreja ser. No discurso inaugural da Conferência dos bispos em Aparecida, Bento XVI afirmou: "A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristã naquele Deus que se fez pobre por nós". João Paulo II também falou da opção pelos pobres em suas encíclicas sociais. A razão de ser de uma comunidade cristã é ser testemunha do reino de Deus no mundo. Concretamente, isso significa servir à humanidade continuando a missão de Jesus que na sinagoga de Nazaré disse ter vindo ao mundo para curar as pessoas doentes e libertar as oprimidas (Lc 4, 16- 21).

Há 50 anos, o Concílio Vaticano II reuniu todos os bispos católicos em Roma e definiu a Igreja como sinal e sacramento da salvação que Deus quer dar ao mundo inteiro e atinge o ser humano em sua integridade. Em 1968, a conferência de Medellín aplicou o Concílio à América Latina e, pela própria realidade do nosso continente, decidiu aprofundar este assunto. O saudoso padre José Comblin afirmava: "Medellín representou o nascimento de uma Igreja propriamente latino-americana, com rosto de nossos povos". O tema geral da conferência foi a missão da Igreja na transformação da América Latina. Em 1968, eclodiam manifestações da juventude em países da Europa e movimentos revolucionários desejavam mudar nosso continente. Era uma época de transformações sociais e políticas que encontravam resistências e repressões por parte do império norte-americano. Este financiava e apoiava ditaduras militares que, pouco a pouco, se instalavam em nossos países e reprimiam toda tentativa de libertação do povo. Neste contexto, o fato dos bispos terem assumido uma postura crítica com relação às estruturas políticas do continente foi muito importante. O próprio papa Paulo VI que inaugurou aquele encontro deixou claro: "o desenvolvimento é o novo nome da paz".E ele insistiu que este desenvolvimento só merece este nome se for baseado na justiça e na solidariedade humana. Os bispos denunciaram a realidade social e política da maioria de nossos países como "injustiça estrutural" e tiveram coragem de propor que a Igreja se colocasse no mundo como sinal e instrumento de libertação integral da humanidade e de cada ser humano.

É claro que na conferência de Medellín, os bispos puderam aprofundar teologicamente e propor pastoralmente este jeito novo de ser da Igreja, porque isso já era uma experiência concreta nas comunidades eclesiais de base. Desde o começo dos anos 60, muitas comunidades e grupos cristãos, nas periferias urbanas e no campo, começaram a estudar a Bíblia e a ligar a Palavra de Deus à sua vida concreta. Em consequência disso, muitos cristãos, jovens e menos jovens, em nome da fé, participaram de movimentos e lutas pela justiça, inclusive muitos arriscaram a vida neste caminho.

Neste ano, festejamos o Sete de Setembro, com a consciência de que a verdadeira independência social, política e econômica de um país é um processo que precisa sempre ser completado e aperfeiçoado até o dia em que todos os cidadãos tenham o necessário para viver, contem com um trabalho digno e remunerado de forma justa e possam usufruir um merecido lazer na beleza da terra que Deus lhes deu.

Hoje, 43 anos depois, as palavras dos bispos latino-americanos em Medellín devem ressoar em nossas Igrejas para nos recordar que é nossa missão cristã participar desta construção de uma pátria verdadeiramente libertada e independente. Junto com todos os irmãos e irmãs da humanidade, devemos lutar pacificamente para que se realize no mundo o projeto divino de paz, justiça e defesa da natureza. Hoje, está mais do que nunca atual a proposta dos bispos latino-americanos de 1968: "Devemos dar à nossa Igreja o rosto de uma Igreja verdadeiramente missionária e pascal. Seja ela uma Igreja pobre e despojada do poder, comprometida com a libertação de toda a humanidade e de cada ser humano por inteiro" (Medellín, doc 5, n. 15).

Marcelo Barros Monge beneditino e escritor

05 setembro 2011

Privatizações em vista - Santa Catarina -

Gazeta das Praias on line - São Francisco do Sul ( transcrito )


O governador Raimundo Colombo de Santa Catarina pensa em vender até 49% da Casan, empresa estadual de água e saneamento

Com um atendimento insatisfatório a CASAN atende com saneamento básico menos de 20% dos municípios onde a empresa de água atua em Santa Catarina. Estes recursos da privativação seriam utilizados para melhorar e expandir os serviços públicos de esgoto.

Privatizar a Casan visa capitalizar em torno de R$ 1,5 bilhão em financiamentos para viabilizar os projetos necessários da rede sanitária em Santa Catarina. Os recursos estariam assegurados desde que a companhia em contrapartida conquiste R$ 250 milhões junto aos seus credores. Descapitalizada como está e sem uma janela política para uma saída de emergência, vender 49% das suas ações para ser a única solução. E o povo catarinense pergunta: Será?

“Todo o dinheiro da negociação vai ser reinvestido na própria Casan. Além disso, ganharíamos um investidor estratégico, que também teria de aportar mais recursos”, justifica Dalírio Beber, presidente da empresa.

A missão de Raimundo Colombo parace ser encontrar um investidor privado e depois de encotrado o caminho das pedras seria fácil continuar as privatizações: Codesc, SCPar e Celesc.

Nos dois primeiros casos, é necessária uma aprovação da Assembleia Legislativa, por meio de projeto de lei. Já na Celesc, a solução é mais difícil. Por ser de economia mista, seria preciso convencer os acionistas privados a liberarem os papéis para negociação.

Há ainda um outro entrave a ser superado. O governo precisa revogar uma Emenda Constitucional do ano passado, que obriga a realização de um plebiscito no caso de venda de ações da companhia. O projeto que altera essa lei já está em análise na Assembleia Legislativa.

'Privatizar é dar plenos poderes para o novo parceiro e de certa forma perder a autonomia para decidir os rumos do saneamento no Estado, no caso da Casan. Oferecer saneamento básico, aguá e esgoto tratado é função social de um governo e direito de todo o cidadão. Quando um governo perde a capacidade de servir ao seu povo, é preciso repensar em toda a administração pública, diz GONZALEZ (PSL).

04 setembro 2011

CBF e as federãções


Ranking nacional das federações da CBF.

A Confederação Brasileira de Futebol, em janeiro último estableceu o Ranking das federações de futebol dos estados.

O critério adotado é um mistério.

Como não poderia ser diferente os primeiros são:

1 São Paulo 17.263 -
2 Rio de Janeiro 9.595
3 Rio Grande do Sul 5.936
4 Minas Gerais 5.612
5 Paraná 5.098

A última é a de Roraima, com apenas 80 pontos.

Estranho é que a Globo, patrocinadora do Rio de Janeiro e do Flamengo, não tenha interferido para indicar a Federação Carioca a primeira.

Aproveitando o espaço, bom deixar a mensagem que todos os que gostam do futebol no país gostariam que ocorresse: FORA RICARDO TEIXEIRA.

Roberto J. Pugliese








03 setembro 2011

Casal de lésbicas tem dupla maternidade. -




Casal de lésbicas tem dupla maternidade reconhecida


ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULODe mochila cor-de-rosa e tiara da mesma cor, Kaylla Brito Santarelli, de três anos, é símbolo de uma conquista. Ela é fruto de um arranjo inédito de dupla maternidade reconhecida pela Justiça.
A garota de Jandira (Grande SP) vai se tornar a terceira criança brasileira a ter o nome de duas mães na certidão de nascimento. Até 10 de setembro, Kaylla receberá o novo documento. Nele constará o nome de Janaína Santarelli, 29, que a gerou, e o de Iara Brito, 25, que a adotou na condição de companheira da mãe biológica.
"O importante para a criança é que tenha figuras significativas que exerçam as funções parentais, independente de suas opções sexuais", diz a sentença da juíza Débora Ribeiro. O processo para reconhecer Iara como mãe da criança teve início em 2008. "Todos temos direito a formar uma família", diz Janaína. Ela realizou o sonho da maternidade após fazer uma fertilização com um doador desconhecido. Iara, com quem vive desde 2004, acompanhou todo o processo.
Kaylla chama Janaína de "mamãe" e Iara de "manhê". "Ela sempre diz que tem duas mães", afirma Iara. O casal vai relatar a experiência hoje em uma mesa redonda intitulada "Mulheres, lésbicas e relações familiares", promovido pela Secretaria de Estado da Justiça no Pateo do Collegio, na região central de São Paulo. O evento faz parte da programação do Dia da Visibilidade Lésbica, festejado ontem.
Cléo Dumas, especialista em direito homoafetivo, afirma que existem outros dois casos de dupla maternidade reconhecida no país. Um em São Paulo, no qual uma mãe gerou a criança e a sua parceira doou o óvulo. E outro no Pará, onde uma criança de abrigo foi adotada por um casal de lésbicas.
Além de provar que vivem uma relação estável, os casais passam por uma avaliação psicológica. Em Jandira, o estudo diz que Janaína e Iara "proporcionam a Kaylla ambiente saudável, afetivo e favorável ao desenvolvimento". O medo das mães era de que a filha fosse vítima de preconceito. Encontraram apoio dos familiares e na escola dela. Kaylla e os colegas não comemoram Dia das Mães ou dos Pais. "A escola instituiu o Dia da Família."

( Colhido da Folha de São Paulo )

01 setembro 2011

O estupro que Amorim herdou de Jobim - Remetido por Vitor Hugo Noroefé, jornalista, Fortaleza

O estupro que Amorim herdou de Jobim





· POR LUIZ CLAUDIO CUNHA



Na noite de 19 de maio passado, um soldado de 19 anos fazia a faxina no banheiro do alojamento de um quartel do Exército na cidade gaúcha de Santa Maria, terra natal do então ministro da Defesa, Nelson Jobim. De repente, sem nenhuma razão, foi atacado por outros quatro soldados, que o jogaram na cama e o violentaram várias vezes, em rodízio. Machucado, o jovem foi transferido em sigilo para um hospital militar, onde ficou internado durante oito dias. Só no quinto dia é que a família foi informada da internação, assim mesmo com uma falsa explicação: “Ele sofreu um mal súbito numa atividade interna do quartel”, fantasiou um militar aos pais do recruta.

A investigação interna do Exército corre sob sigilo militar, após a denúncia de um sargento sobre a violência sexual. Ninguém foi preso, já que não houve flagrante, e o inquérito já foi prorrogado, ampliando para três meses o mistério sobre o caso. O general Sérgio Westphalen Etchegoyen, responsável pela investigação, diz que a vítima foi isolada e mantida sob guarda pelo temor de que tentasse o suicídio. A mãe do jovem foi ameaçada de prisão, dentro do hospital, sob suposta “insubordinação contra autoridade militares”. Ainda na cama do hospital, o violentado ouviu o aviso de um soldado que fazia a guarda no seu quarto: “Tu vai se ferrar”.

O inquérito militar, segundo a família, deve concluir que tudo não passou de uma “luta corporal de brincadeira entre os rapazes”, complementando a divertida versão preliminar do Exército de “sexo consensual” do jovem, embora manietado por outros quatro soldados.



“Novas diligências”

Esta história escabrosa foi revelada com exclusividade, no final de maio, pelo Sul21, um site de Porto Alegre que escalou um repórter persistente, Igor Natusch, para acompanhar com destemor o caso. Estranhamente, ninguém mais da imprensa se interessou por este fato de inusitada violência cometida dentro de um quartel do Exército, em pleno regime democrático. O então ministro Nelson Jobim, procurado com insistência, não deu um pio, reforçando sua confissão de que vê os jornalistas como “idiotas sem modéstia”.

A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, ficou chocada ao ser informada pelo repórter, no final de maio: “Isso é um crime comum, que deve ser tratado pela Justiça comum. O Código Penal Brasileiro já não concebe mais a ideia de ‘atentado violento ao pudor’. Todo crime sexual é conformado como estupro. A existência da figura do ‘atentado violento ao pudor’ no Código Militar demonstra um imenso equívoco no ordenamento jurídico brasileiro. Vou conversar com o Comando do Exército”.

Se Maria do Rosário conversou, ninguém sabe, ninguém viu.

Em Brasília, o crime foi empurrado para debaixo do edredom.

Em Porto Alegre, a Assembléia Legislativa gaúcha foi mais corajosa. “O Exército precisa responder à sociedade sobre o que aconteceu”, disse o deputado estadual Miki Breier (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos. “Não é um caso de mau comportamento. É um fato gravíssimo, que pode manchar a imagem de uma instituição muito importante. Não pode ficar restrito ao foro interno do Exército”. O deputado Jeferson Fernandes (PT), enviado a Santa Maria pela comissão, conseguiu vencer o bloqueio em torno do jovem e conversar com ele. Voltou de lá ainda mais preocupado, ao ouvir sua resposta para a alegada tentação ao suicídio: “É o que eu mais penso, todos os dias”, confessou o recruta ao parlamentar, segundo relato do Sul21.

Apesar da solitária insistência do repórter Igor Natusch, a investigação militar patina, apostando na falta de reação popular e na indulgente memória coletiva. No final de julho, o Ministério Público Militar devolveu o inquérito sobre o estupro de Santa Maria à Justiça Militar, a pretexto de novas diligências, desta vez num celular apreendido que traria cenas de vídeo da violação. Não se sabe, até agora, quais os novos prazos para apresentar a conclusão das investigações.



Crime covarde

A baixa repercussão e a restrição de informações sobre o crime praticado no sul, dentro de um quartel, é um grave sintoma deste Brasil covarde: um país que não tem coragem de confrontar os crimes militares do presente não terá, jamais, força moral para resgatar os crimes militares do passado, como as torturas e violências (muitas sexuais) praticadas na longa ditadura de 21 anos instalada em 1964. O caso sigiloso, inconcluso e vergonhoso de Santa Maria é uma herança maldita que Nelson Jobim legou, sem dó nem consciência, ao seu sucessor Celso Amorim.

É um constrangimento – mais um – para a presidente Dilma Rousseff justamente quando o Ministério da Justiça abre em Brasília, a partir de segunda-feira (22), a ‘Semana da Anistia’, embalada por um lema inspirador: “Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”.

O bravo site do sul e seu corajoso repórter estão fazendo a sua parte para que não se esqueça o covarde crime do quartel de Santa Maria.

Já os governantes civis e comandantes militares não mostraram, até agora, o que fazem para que ele nunca mais aconteça.

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Luiz Cláudio Cunha é jornalista
cunha.luizclaudio@gmail.com

DO JORNAL ELETRÔNICO SUL 21