15 dezembro 2021

Br101 / A mais extensa rodovia federal

 Rodovia Governador Mário Covas.

 No extremo sul do Estado de São Paulo, na orla marítima do Vale do Ribeira, no municipio de Cananéia, a partir do bairro do Itapitangui, segue em direção ao sul, a  estrada sem denominação oficial, conhecida por Estrada do Sul, que une a sede do distrito do Ariri com o resto do mundo.

Parte da estrada é mantida pelo DER SP - autarquia que cuida das rodovias estaduais e parte pelo município. São 60 km. de terra, pedra, cascalho, lama, charco... um grande desafio, lembrando que fica no baixio da Serra do Mar, região de muita chuva.

Atravessa incontáveis riachos através de pinguelas alguns e outros adentrando em seu leito, o que torna dificil a travessia quando o tempo é chuvoso e o índice pluviométrico aumenta consideravelmente.

Poeira no tempo seco. Lama e alagadiça quando chove. Intransitável muitas das vezes isola toda a região continental do município que tem que se valer de embarcações para chegar à cidade.

 

Pode ser uma imagem de natureza e lago 
 ( Vila do Ariri vista do alto )

Essa estrada nem sempre é conservada como deveria ser. Uma rodovia sem pavimentação que atravessa o interior da Mata Atlântica, e cuja parte de seu leito é o da planejada rodovia federal Governador Mário Covas, que atravessa o país de norte a sul, junto a orla atlântica, por 4.650 km. a partir de São José no RIo Grande do Sul, toda pavimentada e alguns trechos, inclusive duplicada.

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                                  ( Estrada do Sul - Lama - Intransitável )

No entanto, por falta de empenho das autoridades do Estado do Paraná e de São Paulo, com a desculpa principal de defender o ecossistema do litoral desses Estados, desde Garuva, na divisa de Santa Catarina com o Paraná, até Ubatuba, no extremo norte de São Paulo, a rodovia federal só existe no papel.

Nesse longo trecho a Br101, Governador Mário Covas não existe.  

Nesses dois estados ou não existe estrada ou são rodovias municipais ou estaduais que ocupam o leito que deveria ser da referida rodovia.

Rodovias estaduais que estão em operação há boas décadas, como a SP 55, Rodovia Manoel da Nóbrega, ou Estrada da Banana, como também é conhecida e desde Antonina até Cananéia, os poucos trechos que existem, são de terra batida e mantidos pelos municípios, como a Estrada do Sul, mencionada acima

Guaraqueçaba o tradicional município paranaense é o exemplo de isolamento. A Rodovia PR405, que de lá, chega à Antonina é um caminho improvisado, sem estrutura, que ora alaga, vira atoleiro e deixa a histórica cidade do litoral norte encravada no meio da Mata Atlântica.

 

 

Guaraqueçaba permanece isolada, com estrada precária e sem condições, impondo a população o atraso e a estagnação economica por carecer de uma rodovia que faça a ligação com o resto do mundo por via terrestre o ano inteiro.

A rodovia Cônego Rongoni, que de Cubatão segue até Ubatuba também é estadual paulista e se assenta parte sobre o leito da que deveria ser a rodovia federal Governador Mário Covas. 

De Guarabuba até Antonina, são rodovias estaduais paranaense ao invés da estrada federal..

É uma vergonha. É a ausencia do governo federal, do investimento da União que obriga os estados e os municipios a o substituirem nessa competencia e obrigação.

É o exemplo da incompetência das autoridades públicas que se calam, acovardadas e não se impõe, exigindo o que é de direito para o povo de Cananéia e Guaraqueçaba, ou seja, a união dos municípios limítrofes por terra, através de uma rodovia com as mesmas características dos demais trechos da Br 101. 

Mas outros municipios servidos por rodovias estaduais e municipais poderiam estarem servidos pelo leito da estrada federal. Seriam manutenções realizadas pelo DENIT, órgão da União que cuida das rodovias, seriam policiais federais e o mais importante, seria exonerar municipios e os dois estados do ônus que se obrigam a arcar.


Como chegar a Guaraqueçaba

Sem maiores delongas é importante lembrar sempre que na região costeira do sul paulista, a partir de Peruíbe e do litoral do Paraná em toda sua extensão, constitui o único trecho do litoral que a BR101 não está construída e essa situação provoca inúmeras consequencias às respectivas populações.

Manter a estrada trafegável, no trecho que une o Ariri à sede do municipio, há anos é impor ao municipio de Cananéia esforço economico que poderia ser evitado se o trecho fosse, como está no papel, federalizado. 

Os senadores paulistas e paranaense  representantes dos aludidos Estados não se manifestam. Deputados se calam. Vereadores ignoram e até desconhecem a solução. E os prefeitos aturdidos em resolver outros problemas nem se lembram de gritar pelo socorro necessário. E o presidente da República, a quem poderia ultimar o óbvio, muito íntimo à todo o Vale do Ribeira onde viveu desde criança até sua adolescencia também ignora e finge desconhecer o problema.

 

 

        ( Rodovia PR 405 - leito da BR101 - ALAGADO TOTALMENTE )

Aliás o presidente da República ignora tudo, inclusive as vítimas da Covid 19 que, por falta de vacinação, não tiveram a oportunidade de sobreviverem... não é preciso falar mais nada.

Enfim, as autoridades locais e toda a mídia do Paraná e de São Paulo devem pressionar e mudar o estado de coisas.

O Expresso Vida se empenha nesse sentido há boa data.

Acordem.

Roberto J. Pugliese
editor
autor de Direito das Coisas, Leud, 2005
cidadão honorário de Cananéia. 

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