No
22 de Abril a tradicional cidade paulista está em festas: Comemora mais um ano de
rica e pitoresca história que revela a epopéia paulista e brasileira.
Os
registros oficiais indicam que a partir de 1625 durante a governança de Mariana de Souza
Guerra, Condessa
de Vimieiros, herdeira de Martim Afonso de Souza, Conceição de Itanhaém
tornou-se cabeça de Capitania, tendo ampla jurisdição desde Cabo Frio ao norte,
estendendo-se pelos sertões do Vale do Paraíba e atingindo a Ilha do Mel, ao
sul. Foi o tempo que Sorocaba, Iguape e Paranaguá foram fundadas por sua
determinação, assim como erguidas outras vilas, com destaque para Taubaté e
Pindamonhangaba, paulatinamente desmembradas da Vila que fora Capital de tão
imenso território.
O
formoso despraiado à beira da última curva do rio que os bugres chamavam de ita nha y em, ou
no vernáculo, pedra
que canta, Itanhaem já acolheu personalidades ilustres, ora ditadas pela
saúde debilitada que por recomendações médicas lá se instalaram, entre outras
Anita Malfatti e seu marido Antonio Volpi ou pelo quadro inspirador de bucólica
paisagem, que levou Tarsila do Amaral ou mesmo para abrigar-se das perseguições
dos ditadores, como o Deputado Roge Ferreira e tantos outros.
Paulo
Bonfim, o já velhinho Príncipe dos Poetas, que empresta seu letrado nome à
Biblioteca Municipal também tem por lá seu domicílio e no auge da Campanha
Civilista Rui Barbosa, desbravou as areias desertas da Praia Grande, alcançando
a Vila para expor suas idéias liberais.
Pela
adocicada e bucólica Vila de Conceição de Itanhaém também marcaram por seus
passos pelas praias, rios e morretes, Hans Staden que por lá esteve
durante temporada que se prolongou em vista da acolhida que teve e é sabido que
desde a tenra história os devotos missionários jesuítas Manoel da Nóbrega
e José de Anchieta, de lá partiram para desbravarem o sertão e subirem a serra
e no então desconhecido planalto de Piratininga, às margens do Anhembi
erguer a escola dedicada à São Paulo e plantarem a semente da pujante capital.
Leonardo Nunes, o Padre Voador também esteve pregando junto à raiz da serra de
Itatins.
Foi
na Vila erudita e cultural que em 1888, sob a liderança do pintor e historiador
Beneticto Calixto
de Jesus, o mais ilustre de seus nobres filhos naturais, ilustres
personagens criaram a Associação Cultural Gabinete de Leitura, que em poucos
anos, já dispunha de acervo de livros, documentos, mapas e promovia espetáculos
teatrais, cursos e toda iniciativa voltada para as letras e artes, sendo
apontada como a primeira biblioteca erguida no país fora dos limites da Corte.
Centro incentivador das artes e ciências que ilumina os destinos da cidade
Itanhaém tem desde seus primeiros tempos estreita ligação com a cultura e o
saber.
Merece
registro ainda que em Itanhaém foi eleita e assumiu a primeira prefeita
municipal no Brasil, Senhora Bechelli e, a Câmara de Vereadores da histórica
municipalidade foi a primeira a ser instalada no Brasil, conforme registros
extraídos do Congresso Nacional.
Sem
rodeios nesse 22 de Abril a história viva de tão precioso relicário do passado
colonial merece ser congratulado efusivamente, aplaudindo o recanto risonho,
como consta nas armas de seu brasão, Angulus Ridet.
Particularmente
tive o privilégio de chegar à cidade, então uma pequena Vila com menos de cinco
mil habitantes espalhados desde a divisa de Ana Dias, até os limites com São
Vicente, isolada pela imensidão despovoada da praia Grande e de Peruíbe e os
contra-fortes da Serra do Mar, e por lá, a partir do Rancho Santa Fé, na
Prainha dos Pescadores tecer artesanalmente dias felizes a partir da primeira
infância.
Já
adulto, por sete anos, envolvido pelo ozônio produzido pela mata atlântica e a
flora pitoresca do litoral paulista, bem assim inebriado pelo adocicado
perfume de sua forte maresia, a vida permitiu-me por lá, com meu filho então
criança e a jovem mulher, principiar o longo e tortuoso caminho que o
tempo vai revelando, talhando cuidadosamente as primeiras letras da
história que começara a escrever, cujas linhas ainda estão sendo desenhadas,
agora menos firmes e já tremidas
pelo esforço de anos que se passaram.
Por
oportuno, exponho aos leitores que me brindam com a preciosa atenção que o povo
amigo de Itanhaém, honrou a memória de meu pai ao atribuir seu nome ao Caminho Turístico
que adentra pelo Morro Sapucaitava à Praia da Saudades, partindo do Porto Novo
onde por lá, durante sua vida, sempre que podia, permanecia pensativo
observando a fauna e flora de tão precioso sítio, e talvez hoje noutra dimensão
por lá permaneça; e torno, repetidamente, igualmente pública minha gratidão aos
cultos e generosos confrades da Academia Itanhaense de Letras que conferiram a
gala dela participar como um de seus membros.
Hoje
distante, onde cheguei tropeçando nas encruzilhadas dos tantos caminhos que
percorri, mantenho laços afetivos e saudosos com a velha Itanhaém de sempre.
Inesquecível fonte histórica de tantas glórias que espelham a própria
paulistaniedade desde seu principio. Não a esqueço, assim como também mantenho
acesa a tocha da lembrança dos seus filhos, naturais e adotados, de quem
e privo carinhosas amizades.
E
diante disso e daquilo, que nesse apertado texto rabiscado pela emoção, com
sentimento e solenemente mantenho hasteada e tremulando a bandeira azul do
cavalinho, erguido em mastro posicionado no jardim de minha residência, para
que todos os passantes possam vê-la e aplaudir, reverenciando a data símbolo
dessa projeção de luz e cultura tradicional que irradia.
Parabéns
Conceição de Itanhaém! Parabéns pelos séculos de brilho e liderança, honrando
São Paulo e o Brasil.
Roberto J. Pugliese
Foi
diretor da 83ª. Subsecção da OAB-SP por 10 anos.
Foi
fundador do Lions Clube Itanhaém-Praia.
Membro
da Academia Itanhaénse de Letras.
Foi
assessor jurídico da Câmara Municipal da Estância Balneária de Itanhaém.
MANTÉM
ITANHAÉM VIVA NA SEDE DE SUA ALMA !
Nenhum comentário:
Postar um comentário