São Paulo mudou as artes brasileiras
No mes de Fevereiro São Paulo e o Brasil comemorou cem anos da realização da Semana da Arte de 1922, evento que durou apenas tres dias na elegante cidade quase-europeia que já se projetava como metrópole.
A intelectualidade paulistana querendo revolucionar as artes brasileiras, dando um colorido brasileiro, aproveitou o ano do centenário da independência, para mostrar a todos, que os brasileiros sabiam desenvolver a própria expressão cultural típica e não mais atrelada as linhas de outros continentes. Mostrou que a arte brasileira, verdadeiramente nacional, não era a propalada por outros cantos do país, especialmente, aquela dita e imposta pelos intelectuais da capital federal, que se limitavam a copiar linhas desenhadas e escritas no velho mundo.
Até o trajar dos intelectuais da época foram criticados, de modo que o grupo dessas mudanças, também entendeu que ao invés de cartolas ou colarinhos duros, o traje típico deveria ser tropical, distante e distinto das roupagens cheia de panos dos europeus.
COmo sempre São Paulo saiu à frente.
O evento renovador se deu à noite de 13 de fevereiro, uma segunda feira, no saguão do elegante e então recém inaugurado Teatro Municipal.
Contam os sabidos que a intenção dos
principais organizadores da Semana de 22 era tão somente realizar o evento numa livraria da cidade;
porém tiveram influência de Graça
Aranha, diplomata, que regressara da Europa com ideias futuristas. Ideias que chocaram por transformar o que vinha de lá, por uma produção própria, que espelhasse o Brasil.
A literatura apresentada trouxe irritação e foi ignorada pelo público presente no evento que se deu no dia 15. Naquela noite a confusão aflorou com as apresentações mais abrasileiradas e ritimadas para um país tropical. Vaias se sobressairam e não pouparam Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho e demais autores que se manifestaram.
Mas com o choque que a Semana provocou a arte verdadeiramente brasileira, nacionalizada desde a sua criação, encontrou o espaço que precisava para se impor. A intelectualidade paulistana mostrou ao Brasil que a verdadeira arte progressista surgia em Fevereiro de 1922, a partir do Planalto de Piratininga e seria ao longo do tempo respeitada.
A importância da Semana pode ser comprovada por todas as expressões artísticas que ocorreram depois daquele fevereiro. Numa análise simples, basta lembrar que se a Bossa Nova nasceu na zona sul da então capital federal, foi em São Paulo que ela evoluiu e partiu para o mundo, deixando de ser um movimento limitado aos bairros burgueses do Rio e, à mesma época, o YE YE YE liderado pelo Rei Roberto Carlos, só se expandiu a partir de São Paulo e invadiu os lares dos jovens de todo país...Chico Buarque, Caetano Veloso ou RIta Lee, são exemplos que frutificaram após a semente deixada naquela Semana.
E assim, vale para a literatura, com autores daqui e dali vivenciando através da metrópole o que é o pais, como se deu com Jorge Amado, Guimarães Rosa ou Fernando de Moraes ou Don Paulo Evaristo Arns.
Provavelmente o Festival Literário Internacional de Paraty, o maior evento da atualidade no campo das letras, não viesse encontrar espaço se não fosse a consolidação da literatura brasileira, cujas primeiras linhas se deu na revolução que a Semana fez eclodir.
Enfim, a arquitetura e as artes plásticas através de Lasar Segall, Iara Tupinambá ou mesmo Carybe, entre incontáveis outros ícones dos pincéis, revelam-se como autores da arte modernista brasileira consolidada.
Enfim, sem delongas, o Expresso Vida convida a todos intelectuais, artistas e amantes das expressões culturais que participem durante o ano de 2022, aos eventos que se darão em todo o Estado de São Paulo comemorando tão importante marco cultural. São festas organizadas pela Secretaria de Cultura do Estado, com a parceria efetiva de inúmeros municípios espalhados pelo território paulista, promovendo festivais, exposições, espetáculos e atos culturais em comemoração a Semana da Arte de 1922.
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