O sucesso das Escolas Vocacionais.
A decadência cultural de São Paulo ao longo do tempo.
A TV Cultura, da Fundação Pe. Anchieta, primeira emissora pública de televisão implantada no Brasil, pertencente ao Estado de São Paulo, transmitiu no último sábado, o filme ESCOLAS VOCACIONAIS, uma reportagem muito interessante sobre a implantação desse projeto, destruído pela ditadura militar.
Numa síntese o filme mostra que no início dos anos LX, foram criadas A Escola Vocacional de São Paulo, de Americana e Batatais, essas no interior do Estado, voltadas para educação ampla e universal, com sistema aberto, discutido, democrático e abrangente, cujo ingresso só se dava através de concurso público.
Eram cursos ginasiais, equivalentes à 5a.,6a.,7a.e 8a. séries de hoje, cujo currículo abrangia desde a educação doméstica, ensino técnico industrial, agrícola, comercial, pesquisas históricas e geográficas. Havia educação sexual, química e anatomia... Excursões para pesquisas em locais estratégicos e elaboração de relatórios.
O currículo anual era discutido com alunos, seus pais e professores na primeira semana de cada ano, inclusive a prática de determinados esportes, desenvolvido e ensinado na teoria e na prática com disputas e campeonatos para incentivo dos alunos.
Alguns depoimentos contam que estiveram no alto do rio, no meio da Mata Atlântica em Itanhaém, no litoral de São Paulo, numa tribo Guarani, outros narraram que estiveram hospedados num quartel em Corumbá, Ms, onde por iniciativa particular dos alunos, fizeram tantas perguntas aos militares que o Coronel comandante da guarnição achou que foram preparadas pelos professores.
Os alunos aprendiam a pensar. Esse era o fim objetivada pela escola, de modo a preparar os alunos para a vida, com espírito crítico e democrático. Os alunos eram avaliados por eles próprios e pelos professores e as avaliações eram comparadas e discutidas, abrangendo o interesse, a participação, a sociabilidade e outros comportamentos além do conhecimento e do aprendizado do currículo tradicional.
Com a consolidação da fama dessas escolas, autoridades enviavam ordens para matriculas sem o devido concurso, motivando a discussão posta pela diretora e votação pelos alunos e professores à respeito o que, por unanimidade era negado e ignorada as ordens " superiores " nesse sentido.
Com o golpe militar esse projeto foi sendo colocado de lado, com recursos diminuindo e o projeto sendo paulatinamente alterado em partes, com mudanças radicais, e até ser destruído e esquecido. No governo Abreu Sodré, por ordem dos militares as três escolas foram fechadas e esquecidas... abandonadas, com laboratórios, prédio e toda estrutura destruída pelo tempo e abandono.
Alguns professores foram processados outros presos e a ditadura impôs pela força a ideia de evitar a crítica e o pensamento às futuras gerações... Não há motivação para que a juventude desenvolva o pensamento crítico.
Atualmente, o governo paulista, no sentido contrário do que implantou o governador Carvalho Pinto e foi aceito e desenvolvido pelo sucessor Adhemar de Barros, foi aprovado a transformações de dezenas de escolas públicas do Estado de São Paulo se transformarem em Escola Militares... impondo o padrão de inibir-se qualquer questionamento e pensamento crítico.
Lamentável.
O Expresso Vida mostra nessa síntese a grande diferença das autoridades de hoje e do então... nesta síntese mostra, para os ilustrados leitores, o quanto retrocedeu a sociedade brasileira e o menosprezo oficial à educação e cultural libertária... Que pena.
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