Síntese da história paulista.
O europeu que aportou na costa paulista à época do Brasil Colônia e resolveu aventurar-se pelo sertão, foi corajoso bastante e suficientemente forte para subir a serra do Mar enfrentando o desconhecido.
Floresta tropical cheia de imprevistos. Fauna rica e diferente. Flora abundante de difícil condição para desbrava-la, notadamente nos acidentes físicos da ladeira íngreme, que dificultava transportar animais de tração, animais domésticos, utensílios e bens para o suporte das caravanas aventureiras.
Ademais ajunte-se a temperatura bem mais alta que a média europeia, provocando transtornos constantes a esses desbravadores.
O europeu que se embrenhou pelas escarpas quase intransponíveis da Serra do Mar foi bravo. Foi corajoso e suficientemente despojado, pois subiu a serra com a certeza da incerteza. Enfrentou o desconhecido, sem qualquer apoio logístico ou instrumentos que pudessem orientá-los, salvo a lua e as estrelas.
As poucas mulheres que se deram a aventura de acompanhar um ou outro colonizador igualmente eram bravas e tão valentes ou mais que os consortes que as levavam.
Longe da metrópole, todo colono, mesmo no litoral, sabia que a civilização lisboeta era apenas uma lembrança, cujas saudades se materializavam quando, ora sim, de tempo em tempo, surgia na orla vicentina caravela trazendo notícias e bens materiais valiosíssimos e os trocavam por cana de açúcar, pedras e metais preciosos adquiridos nos escambos celebrados com os Tupinambás e Guaranis das redondezas.
Transpor a íngreme barreira natural fez com que o colono ao vislumbrar o Planalto de Piratininga se encorajasse suficientemente para avançar para frente, seguindo em direção do por do sol em busca das riquezas que poderia amealhar.
A serra vencida foi o primeiro ânimo para fazer do paulista que surgia na possessão portuguesa um bravo. O paulista ficou valente na essência.
Do alto do platô o valente desbravador dá os primeiros toques e retoques do que, tempos depois, tornou-se a civilização vitoriosa que veio a surgir. Nascem os primeiros paulista que plantaram à sombra do Colégio dos Jesuítas uma aldeia, transformada em vila que virou cidade, depois metrópole e... Hoje é a grande megalópole respeitada e conhecida em todos os quadrantes da terra.
A cidade cujo povo trabalha pelo país e poucos reconhecem.
O sangue paulista brota do coração dos primeiros aventureiros que desbravaram o sertão inóspito da barreira de pedras, florestas e cachoeiras. Brota daqueles que abdicaram do conforto metropolitano da sede da Coroa portuguesa e não se conformaram em estancar na orla.
Sem lero-lero que se dispensa nessa síntese, o homem rude, estúpido e indiscutivelmente valente e trabalhador, não se conteve e do outeiro dos Jesuítas, aproveitou a graciosa natureza que num plano inclinado segue para oeste, e sob as bênçãos dos missionários igualmente desbravadores, organizados em bandeiras, seguiu para conquistar o desconhecido.
( avenida São João, junto ao prédio dos Correios )
As monções que da beira do Anhembi partiam pelo leito piscoso, seguiam as trilhas líquidas das águas puras para o além, invadindo o território hispânico em busca das riquezas dispostas. Os paulistas com suas bandeiras e centenas de corajosos conquistadores plantaram povoados ampliando os limites da nova civilização.
Esses corajosos empreendedores, falando o português, envolveram os castelhanos e os indígenas plantados a oeste da orla portuguesa. Passo a passo foram erguendo e consolidando um novo país.
O paulista plantou um país na América. Fez do Brasil acanhado das capitanias encostadas no virtuoso litoral, a grande potencia que se impõe latente em brilho. O paulista fez.
Fez e faz.
E por saber fazer é que , já na primeira metade do século passado,não aceitou se subjugar e partiu valente para enfrentar o déspota que tomara o poder com suas botas enlameadas.
E o mesmo povo que subira a serra no passado e expandira sua voz além das Tordesilhas, pegou armas, e foi às trincheiras, abalando as estruturas mansas e mornas daquele que usurpara o poder.
Suas mulheres foram à industria. Seus adolescentes tornaram-se mensageiros. Todos pegaram em armas e na falta dessas, nas curiosas e inventivas matracas.
O bandeirante do século xx foi o MMDC.
Foi o herói anônimo. Foi o jovem, a mulher, o idoso que, abraçados no mesmo ideal, enfrentaram traídos por promessas mentirosas, tropas vindas do norte e do sul, que arrebatando as últimas fronteiras derrubou os guardiões da democracia combalida.
Mas os tiros, bombas e artefatos rudes não impediram o grito de comando livre. O povo envolvido pelas treze listas coloridas em preto, branco e vermelho não recuou.
Igual aço, o paulista quebra, mas não se curva !
9 de Julho é a luz que não se apaga.
É a lanterna na proa e na popa. É o timão de quem comanda. É a poesia épica de uma nação laboriosa, singular, única. É a esperança e a competência.
É a liderança.
Non Duco, Ducor ! Assim foi e sempre será !
( bandeira da Revolução Constitucionalista )
Roberto J. Pugliese
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