11 novembro 2021

Catáia a planta da Mata Atlântica.

Cataia de Cananéia, uma riqueza ignorada.

 

 

Cachaçaria JRIOS

No extremo sul do litoral do Estado de São Paulo, no centro do Lagamar, o arquipélago centralizado pela ilha de Cananéia se encontra a sede do município que disputa com a cidade de São Vicente a primazia de ser considerada a primeira vila no Brasil. Histórica e tombada pelo IPHAN, São João Baptista de Cananéia abriga discussões teóricas e divergências quanto a data e o responsável por sua fundação, porém não se discute sobre a qualidade de suas ostras, encontradas nos realengos, baixios, manguezais e entrâncias invadidas por incontáveis braços de mar, canais naturais, praias e ilhas onde habitam guarás, com suas plumas vermelhas, o jacaré de papo amarelo e o boto cinza e suas graciosas famílias entre outras espécies do mundo animal .

 O UÍSQUE CAIÇARA | Portal Guaraqueçaba

No Lagamar, região que compreende o litoral norte do Paraná, desde de Paranaguá e atinge os confins de Peruíbe, no litoral sul paulista, a partir da Serra da Juréia, a fauna e a flora exuberantes são extremamente conservadas, predominando a maior concentração de Mata Atlântica ainda existente que propicia a produção de ozônio em elevada proporção, trazendo benefícios incontáveis para o meio ambiente e a qualidade de vida dos seus habitantes.

E nesse cenário privilegiado, tombado pela Unesco como Reserva da Biosfera é que se encontra espalhada nas densas florestas naturais, a planta conhecida vulgarmente como Paratodos, Casca d’Anta ou Cataia com propriedades ímpares e ainda desconhecida da maioria da população.

Trata-se de árvore perenifólia, tolerante à sombra, que chega atingir 15 m. de altura e seu tronco diâmetro de 40 cm, que no mundo científico é considerada da família Winteraceae e no catálogo internacional esta registrada como Drimys Brasileiensis. Já o nome popular, de origem indígena, caa-tuyaa, significa árvore para velho, confirmando suas qualidades medicinais, destinadas à diversas curas de doenças que atingem principalmente a terceira idade.

A floração dessas árvores ocorre a partir de Julho e suas flores são  bissexuais, aromáticas, brancas, visitadas por abelhas, as principais polinizadoras. Os frutos surgem a partir de Novembro e possuem em regra 09 sementes. O solo molhado, úmido e encharcado é o lugar mais adequado para o seu melhor desenvolvimento, o que permite afirmar que são plantas existentes no interior da Mata Atlântica, em áreas  litorâneas e baixas, próximas a orla, especialmente no Vale do Ribeira.

A casca do tronco tem serventia medicinal, sendo usadas para tratamento estomacais e sangramento das gengivas, hemorragias nasais, afecções no útero e na próstata, segundo a crença popular e pesquisas já realizadas. Há testemunhos de alguns animais doentes recorrerem a essas cascas. A árvore também é usada para caixotaria, lenha e carvão. E são por excelência ornamentais por conta da elegante formosura de suas plásticas naturais.

Suas folhas, são tônicos revigorante, aumenta o apetite, elimina vermes do sangue, problemas de pele, sarna e combate de modo eficaz o piolho. Na medicina popular, são também usadas para dores intestinais e cólicas, febres e anemias, dispepsia, náuseas  e flatulências.

Atualmente a cataia é conhecida também  como o whisky do caiçara. Suas folhas, após serem secas, quando embaladas nas garrafas de cachaça, dispersam o colorido amarelado turvo, semelhante à bebida inglesa, envolvendo a água ardente num aroma sugestivo e bastante convidativo, propiciando uma nova fonte de exploração e atividade econômica na região.

Nos tempos atuais, a cataia se tornou um símbolo do Lagamar. Com freqüência são encontradas nos mercados públicos e empórios populares nos diversos núcleos urbanos e rurais, cachaças engarrafadas com rótulos chamativos, envolvendo o produto e o lugar: Cataia de Cananéia, Licor de Cataia de Antonina; Cachaça de Guaraqueçaba sabor Cataia... e turistas compram e levam como presentes ou para o próprio consumo.

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Mas é pouco, pois a cataia tem que ser divulgada principalmente pelas propriedades que resultam em curas e melhor qualidade de vida, sem desprezar a cachaça, os licores ou guloseimas, como os sorvetes de cataia ou peixes assados nas folhas de bananeiras, temperados com folhas e casca moída dessas árvores.

Enfim, resta encerrar carimbando que a Cataia do Lagamar, seja de que lugar for, deve e tem que ser amplamente divulgada. É antes de tudo, um santo remédio, nas afirmativas dos caiçaras seus habituais consumidores.

Roberto J. Pugliese
Editor
Cidadão Honorário de Cananéia – Decreto Legislativo 01-2015

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