Memória nº 117.
São Cristovão. O protetor dos motoristas.
Com
14 anos de idade começou a dirigir o automóvel do pai. Recorda-se que uma vez
por semana ia ao Mandaqui, no Alto da Previdência, na capital paulista, onde
havia o consultório do Dr. Dimas, dentista residente ao lado de sua tia Landa.
Enquanto fazia o tratamento seus pais ficavam por lá conversando.
Na
hora de retornarem para casa, por volta das 21 horas aproximadamente ou um
pouco mais pedia para fazer a manobra e
assim, descia até o larguinho existente no final da rua, junto ao Colégio no
qual seu tio trabalhava e retornava parando à porta da casa, entregando o
volante ao pai.
De
lá a esta data se tornou um motorista incansável. Quando residiu no Tocantins,
ordinariamente fazia de Gurupi à São Paulo direto, viagem de 1.200 km... Sempre
viajou por estradas do país das mais diversas. Também teve oportunidade de
estar ao volante indo à Assunção, atravessando o Uruguai e em Buenos Ayres.
Certa
feita, recém casado, retornava do Rio de Janeiro para São Paulo, quando
percebeu na Serra das Araras que um caminhão estava descendo pela pista
ascendente. Atento, após algumas curvas cruzou com o motorista que alertado
estacionou esclarecendo que não sabia que era pista única e estava
retornando...
Noutra
ocasião, na BR 116, na Serra do Azeite, na divisa do Paraná com São Paulo,
próximo da sede municipal de Barra do Turvo, a mesma situação presenciou...
Também
por ser atencioso ao volante, lembra-se que ainda solteiro indo em direção ao
aeroporto de Congonhas, pela recém inaugurada Avenida Rubem Berta, próximo ao
viaduto que atravessa a Avenida República do Líbano, o transito parou e
formaram-se filas nas imediações do então Canal 7 – TV Record. Lourenço era o
último da fila.
Como
sempre aguarda atento a quem vem de traz. Permanecer último da fila exige
atenção, notadamente em estradas ou avenidas de alta velocidade. E por estar
atento, percebeu que vinha um automóvel em alta velocidade cujo motorista
deveria estar distraído e que provavelmente não iria parar a tempo. Controlando
pelo espelho retrovisor num gesto rápido mudou de faixa, saindo da esquerda,
próximo ao canteiro central e seguiu para a do centro, afastando-se de onde
estava e ... o automóvel não parou e bateu com toda velocidade no carro que
ficara como último daquela fila.
Noutra
ocasião recorda-se que estava indo para Palmas e ao aproximar-se de Porto
Nacional caiu um temporal. Uma tromba d´água violenta. Ventos, chuva grossa com
raios e muita água em síntese.
Com
cuidado passou a ponte e já na avenida que conduz em direção ao centro da
cidade percebeu que uma jovem, com aparência de 10 ou 12 anos de idade, com
trajes escolares seguia apavorada pela calçada, enfrentando a borrasca.
Lourenço parou ao lado abriu a porta e aos berros falou para entrar.
A
menina titobeou um pouco, mas o temporal era tão grande que resolveu arriscar
... e Lourenço a levou até o colégio alguns quarteirões adiante.
Noutra
ocasião o temporal caiu quando de São Paulo seguia pela via Dutra em direção ao
Rio de Janeiro. Uma chuvarada na qual muitos veículos paravam no acostamento. O
limpador de pára-brisas não dava conta de tanta água. Noite escura que ficava
clara com a infinidade de raios que cruzava o céu do Vale do Paraíba.
Lourenço
se recorda que sua carteira de habilitação foi expedida no dia 25 de Julho de
1968, aos 19 anos de idade, dada que a comunidade católica comemora o dia de
São Cristovão, o protetor dos motorista.
Enfim,
ao longo de tantos e tantos anos de volante, Lourenço traz grandes histórias e
recordações de suas andanças.
Roberto J. Pugliese
Autor
de Direito das Coisas, Leud, 2005.
Cidadão
Honorário de Cananéia
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