SANTARÉM, capital do Tapajós.
O Brasil precisa ser desmembrado
em mais unidades políticas municipais e estaduais o quanto antes. Estive por uma
semana em Santarém e como imaginava a região está habilitada a adquirir sua
autonomia.
( final de tarde no Rio Tapajós, na Vila de Alter do Chão, Santarém )
Não é viável uma unidade federativa
ter as dimensões que muitos Estados do país
têm, concentrando poderes na Capital,
tornando a administração longe dos interesses da população. Os
habitantes desses rincões afastados descontentes pelo esquecimento se sentem
órfãos.
Santarém, às margens dos rios
Amazonas e Tapajós é uma grande cidade, com aproximadamente 300 mil habitantes
espalhados pelo município, revelando-se pela sua economia e cultura peculiar,
condições hábeis para se tornar capital do Estado do Tapajós, atendendo o
anceio de milhões de habitantes da região.
( mapa do futuro Estado do Tapajós )
Além de porto fluvial que
exporta grãos produzidos no Mato Grosso, Rondonia e região para o hemisfério norte, onde atracam
graneleiros vindos de vários cantos do mundo e do Brasil, a cidade é pólo
político, econômico e administrativo. Órgãos federais e do Estado do Pará
atendem a dinâmica população amazônica da região, porém sempre submissos a
determinações oriundas de repartições distantes.
Agentes públicos que na maioria
das vezes desconhecem a realidade local ditam regras para os cidadãos do
Tapajós nem sempre atendendo aos interesses e as verdadeiras necessidades da
população tapajoara.
A região no extremo oeste da
fronteira do Pará com o Amazonas, conta com razoável infra estrutura e tem como
sobreviver, gerar empregos e desenvolver-se independente de integrar o Pará,
que pouco assiste e investe em tão vasta área territorial. Não tem como.
Sem representação política de
envergadura o Tapajós é pouco assistido também pela União que, sob pressão,
volta-se mais para a região metropolitana de Belém, a bela e pujante capital paraense.
Isso gera à popolução, desde os mais entusiasmados habitantes urbanizados que vivem
nas cidades espalhadas pela selva amazônica até o ribeirinho isolado às margens
dos rios e igarapés, revolta pelo descaso como é tratado por Brasília ou pelas
autoridades estaduais.
Sem delongas, chegou a hora do
Congresso Nacional rever a divisão política do país, lembrando que a República
foi proclamada tendo em vista a descentralização política e administrativa
especialmente o fortalecimento da federação que nascia. A concentração
administrativa, política e de poderes gera facilidades para a concentração de
renda e o que é pior, promove condições para corrupção. Concentração é sinônimo
de ditadura: Basta lembrar que a federação foi esfacelada com Vargas e com os
militares nas vergonhosas ditaduras impostas durante anos. Interessante lembrar
que países com extensão territorial
semelhantes, salvo os de regimes ditatoriais e fortes, são federações melhores
equilibradas, como o Canadá, a Austrália, os EEUU... E outros menores, porém
mais desenvolvidos também fortalecem o poder local descentralizando a administração,
como a Federação Helvetia tão pequenina e a Alemanha, cuja federação é forte e
exemplar.
Assim como o povo esquecido do
oeste paraense quer a sua autonomia, e por esse ansejo há muitas décadas
postula a criação do Tapajós, são inúmeras outras áreas que reivindicam a
criação de unidades políticas separadas. Nesse sentido, o movimento pela
criação do Estado do Triangulo, no sudoeste mineiro; o Ribeira, no litoral sul
paulista e o Estado do Gurgueia, no sul
do Piaui são também, entre outras, regiões que preenchem condições culturais e
históricas, dispõe de condições econômicas e pretendem há muitas décadas ou
século, desmembrarem-se, porém encontram dificuldades dada as condições
burocráticas e políticas para tanto.
Vale pelo menos refletir. O desenvolvimento
brasileiro passa pela revisão de seu território, desmembramento político,
fortalecimento de sua federação e desconcentração de poder, inclusive econômico
e fiscal, centralizado exacerbadamente como herança maldita dos tempos
ditatoriais.
Viva o Tapajós!
O Expresso Vida apóia a
redivizão democrática do território brasileiro.
Roberto J. Pugliese
Autor de Direito das
Coisas, Leud, 2005.
Cidadão honorário da
Estancia de Cananéia, Sp.
Nenhum comentário:
Postar um comentário