23 outubro 2014

Porque não votar no PSDB. Importante.




 
Brasil de Joelhos. Chega!
O Expresso Vida tem  gama de leitores que antes de qualquer outra qualidade são pensadores e pessoas de bem, que desejam sempre o melhor para a sociedade.Essa afirmativa vem de comentários outros que são postados ou diretamente destinados à caixa eletrônica particular do editor.
 
Daí, pessoalmente não sou amistoso ao Breno, por questões particulares, que remontam há mais de dez anos, quando lançou uma revista independente e tivemos contatos pessoais. Porém, sua independência  e visão crítica não me confundem com o comportamento que teve comigo, motivo que peço aos ilustres brasileiros que  adentram a esse blog, que leiam com atenção, meditem, reflitam e se entenderem correto, divulguem.
 
O texto é muito importante para reflexão e revela, por linhas tortas, o porque mesmo crítico, estou votando no segundo turno no Partido dos Trabalhadores.
 
São muitos os motivos, porém o que o texto traz à baila de forma expressa e clara, talvez seja o principal. Até porque reforma política partidária e territorial está fora de cogitação.
 
Leiam.
 
AÉCIO DEIXARIA BRASIL SEM SAPATOS
Breno ALtman
O diplomata Celso Lafer, chanceler durante o governo Fernando Henrique Cardoso, teve seus minutos de fama em 2002. Diante de exigências das autoridades de segurança, ao chegar nos Estados Unidos em missão oficial, o ministro tucano tirou os sapatos. De meias, aceitou o ultraje colonial contra o pais que deveria representar com altivez.
Este episódio virou símbolo de uma época.
A política internacional brasileira funcionava como apêndice dos interesses norte-americanos, submetida à estratégia econômica do governo tucano.
A dinâmica do desenvolvimento não era determinada pela expansão do mercado interno, mas pela atração incondicional de capitais internacionais.
Privatizações e juros estratosféricos eram os principais elementos financeiros de sedução. Uma diplomacia submissa, sem sapatos, o instrumento político para conquistar o favorecimento das potências ocidentais.
O Brasil, naquela época, tinha como principal projeto a integração na Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA. Proposto pela Casa Branca, esse bloco eliminaria todas as barreiras alfandegárias e extra-alfandegárias nos mercados ao sul do Rio Grande, com exceção de Cuba.
A indústria norte-americana, beneficiada pela capacidade tecnológica e o poderio financeiro, ganharia um novo mercado com 500 milhões de consumidores potenciais, além de acesso mais fácil a matérias-primas e mão-de-obra barata. As demais nações consolidariam um perfil extrativista e agroexportador.
Tal modelo, calcado no aprofundamento dos laços de dependência, era de interesse do agronegócio e do capital financeiro local. O primeiro grupo lucraria com a abertura comercial. O segundo, com a intermediação de negócios, o crédito ao consumo e o financiamento das trocas internacionais. Estas eram, e continuam sendo, as frações de classe mais vinculadas ao PSDB.
Alguns setores industriais conseguiriam sobreviver, mas o Brasil estaria condenado a perder sua cadeia produtiva, vítima da desnacionalização, com a exportação de empregos industriais para o norte do continente. Mesmo a agricultura de alimentos, menos competitiva que a de grãos, estaria sob perigo de sucumbir às grandes corporações.
Iniciativas regionais
Este processo foi bloqueado com a eleição de Hugo Chávez e Lula, logo seguida por novas vitórias progressistas na América Latina. A ALCA foi fulminada no novo cenário. Abriu-se espaço para uma outra estratégia de crescimento, na qual o Brasil tornou-se peça decisiva.
Talvez em nenhuma outra questão foi tão profunda a mudança conduzida pelas administrações petistas. O centro da política internacional passou a ser o esforço para a integração autônoma da América Latina, como espaço prioritário para a consolidação da própria economia brasileira.
Nos últimos doze anos, além da expansão do Mercosul, assistimos a criação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac). O comércio e o investimento dentro do bloco subcontinental cresceram fortemente, abrindo fronteiras para um caminho de desenvolvimento através do qual os países sulistas preservem e ampliem sua soberania industrial, alimentar e financeira.
As iniciativas regionais foram complementadas pela construção de pontes com a África e a Ásia, além do fortalecimento de relações com as demais nações emergentes.
A principal conquista dessa ofensiva foi a consolidação do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como aliança geopolítica. A criação de um banco comum dessa coalizão, decidida na Cúpula de Fortaleza, em julho deste ano, pode ajudar a romper com a hegemonia das potências ocidentais sobre instituições financeiras que controlam o crédito mundial.
Ao longo dos últimos doze anos, o Brasil multiplicou por quatro suas exportações e quintuplicou seu intercâmbio comercial. Diversificou parceiros e encontrou novos mercados. Apesar das enormes dificuldades internacionais, começou a lenta transição entre o predomínio da venda de bens e serviços para a centralidade da exportação de capitais e tecnologia.
Os avanços não foram apenas econômicos ou regionais. O país vem desempenhando papel de relevo na luta pela superação do mundo unipolar que emergiu do colapso soviético.
Ganhou destaque o empenho pelo direito dos povos à autodeterminação, contra as guerras de agressão, pela democratização das instituições internacionais, contra o neocolonialismo e pela defesa ambiental.
Propósito restauracionista
Infelizmente este temário pouco foi discutido na atual campanha presidencial. Mas o PSDB não deixa dúvidas que gostaria de dar um cavalo de pau na política internacional estabelecida pelo PT.
Seu principal porta-voz para esta agenda, o diplomata Rubens Barbosa, tem deixado claro os fundamentos da orientação que gostaria de implantar. Vale a pena ler sua entrevista recente para o Opera Mundi.
Alegando defender “uma política externa pragmática, fugindo das ideologias”, o ex-embaixador brasileiro em Washington sustenta que o país não deve mais “ficar amarrado ao Mercosul”. A opção seria estabelecer unilateralmente acordos de livre-comércio com a União Europeia, o Japão e os Estados Unidos.
Também critica a relação dos governos petistas com Cuba e seu afastamento da abordagem norte-americana sobre direitos humanos, sempre funcional para deslegitimar processos nacionais que fogem do controle da Casa Branca e se chocam contra seus interesses.
A linguagem melíflua mal esconde o propósito restauracionista. A verdade é que o programa tucano representa alternativa antagônica ao curso seguido por Lula e Dilma em política internacional.
A eventual eleição de Aécio Neves teria fortes consequências regionais, provavelmente abalando o atual desenho geopolítico latino-americano e enfraquecendo o diálogo sul-sul. Não é à toa a torcida descarada e pró-tucano das elites financeiras internacionais e seus meios de comunicação.
Os centros imperialistas de poder não querem outra coisa: o Brasil, novamente sem sapatos, facilitaria enormemente a manutenção de sua hegemonia planetária”
Parcela ampla dos leitores são pessoas que querem o melhor para si, para a própria família e também para todos os brasileiros. Portanto particularmente peço que atendam o reclamo e reflitam antes de sufragarem o nome do próximo Presidente da República no dia 26 de outubro.
Roberto J. Pugliese
Autor de Direito das Coisas – Leud, 2005.
Autor de Terrenos de Marinha e seus Acrescidos – Letras Jurídicas, 2009.
 
 

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