A tradição das elites brasileiras é a dominação sem limites.
Os magistrados ganharam a bolsa moradia liminarmente
conforme decisão monocrática do Ministro Fux, já conhecido pelas manifestações
polemicas e histórico de sua toga.
Mais uma vez a opinião publica
está traumatizada. Perplexo e indignado o povo assiste a mais outra violência à
sua passividade e boa fé.
O Conselho Nacional de Justiça,
cuja finalidade é fiscalizar a administração do Poder Judiciário, acionado,
decepcionou e aprovou a decisão. Num azougue de celeridade, estabeleceu
limites: A bolsa não atinge os casados cujo cônjuge já recebe ajuda semelhante,
os aposentados e os que estão afastados das funções respondendo processos.
Determinou que a ajuda limita-se a quatro mil e trezentos reais por mês.
Decorre então que o magistrado
da Comarca isolada nos confins do Amapá ou provido no centro urbano de Santa
Catarina perceberá a mesma ajuda, em condições imaginárias como se fossem
iguais os valores de alugueres e obrigações pertinentes. Inclusive quem reside
em imóvel próprio.
Pasmem: Do outro lado da sociedade,
patrícios lutam para sobreviverem com minguados salários irrisórios; outros em
busca de solo para plantarem enfrentam jagunços, passam fome e frio sem
reforma-agrária; homens, mulheres e crianças com a esmola de bolsa família e
outras ajudas fantasiam suas ilusões; pescadores profissionais se valem do defeso, e perdidos há multidões de
entorpecidos pela desesperança, que cruzam, sobem e descem em círculos
intermináveis, iguais a zumbis sem eira e nem beira, que se quer podem se curar
de vícios e explorações de traficantes.
Castas diferenciadas de
servidores públicos, sem olhar ao lado, no entanto, ignoram a realidade de
multidões. É a elite que não conhece o povo e o país. Personalidades das altas
rodas da República que ao longo de quinhentos anos de despudorada exploração,
fazem ouvidos de mocos, fecham seus olhos e indiferentes, aproveitam licenças
prêmios e artifícios legais para divertirem-se no hemisfério norte à custa do
erário e da miséria de contribuintes.
Servidor público é servus. Não é o senhor da sociedade a
quem deve servir. As autoridades públicas fingem desconhecer a realidade das massas anônimas
que constroem a nação.
Servidor público deve respeito
ao povo e ao povo deve prestar contas Até quando? Vale a reflexão: Até quando?
Antes os militares com suas
baionetas e sadismo maluco torturavam e matavam indiscriminadamente, agora, com
canetas, tráfico de influencia e artifícios
legais, é a alta estirpe de servidores públicos, fechada na sociedade de
nababos, elitizada em casta indecente que, oficialmente permanece explorando, matando e torturando
inocentes desvalidos que imploram justiça.
. A farra dos privilégios das
altas esferas políticas está traumatizando o povo cansado que busca justiça e
paz social. A tradição das elites brasileiras é a dominação sem limites, ética
ou vergonha. A história tem que mudar.
Roberto J. Pugliese
sócio do Instituto dos
Advogados de Santa Catarina
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