Memória nº 111.
Eleição: Fatos marcantes.
Quinze de Novembro de 1982:
Eleições gerais no país. Os militares foram obrigados a permitir que se votasse
em Vereador, Deputado Estadual e Deputado Federal, Governador e uma vaga para
Senador e Lourenço era candidato à
Câmara de Vereadores de Cananéia.
Não era da cidade. Um pouco
mais de três mil eleitores espalhados pelo município formado por incontáveis
ilhas, ilhotas e extensa zona rural. Cidade pobre e esquecida estava
descobrindo o progresso.
Filiado ao PMDB que se quer
conseguira preencher todas as vagas para o concurso ao cargo de vereador, enfrentaria o forte partido da
ditadura, do prefeito e da maioria da Câmara. A Arena, partido de Paulo Maluf
que renunciara ao cargo de governador nomeado pelo ditador. Pretendia concorrer
à presidência da República.
Logo cedo ficou impressionado
com um de seus vizinhos, o velho Camargo, ex combatente da Revolução de 1932,
que mesmo na humilde condição de velho pescador aposentado, vestiu-se à
caráter: terno, gravata e medalhas que ganhara ao longo da guerra paulista. Questionado sobre a razão, Camargo disse orgulhoso
que era data importante em que exercia sua condição de cidadão. (!!!)
Lourenço não transferiu
nenhum eleitor para o domicílio na cidade para cooptar seu voto e tinha apenas
o voto próprio e da mulher. Os demais seriam conquistado durante a solenidade,
valendo-se de sua condição de candidato da Renovação Jovem, como foi difundido
durante a campanha.
Seu amigo Gil e sua mulher
foram à Cananéia para ajudar a transportar eleitor e distribuir santinhos.
Lourença Sogra também viera para tomar conta de Lourenço Jr, então com pouco
mais de 3 anos de idade.
A apuração se dava na sede da
Comarca, em Jacupiranga, distante 80 km. E como esperado a Arena bateu o PMDB e
Lourenço, o quarto candidato mais votado do município, não obteve votos
bastante para se eleger, tornando-se o primeiro suplente do Partido.
O tempo correu e em Abril
como já narrado noutra oportunidade assumiu a vaga do vereador que fora preso
em fragrante. E nessa condição pensou com seus botões se deveria agir com
retidão e tenacidade, buscando de todos os meios políticos e legais agir em
favor da população e da cidade, ou com menos agressividade, de forma a
conquistar o carinho do prefeito e da maioria dos vereadores, filiados à Arena,
enquanto o processo de cassação do vereador preso não chegasse ao fim.
Optou por agir normalmente.
Com rigor e bastante eloquência e esperteza em defesa da ordem jurídica,
ignorando a possível influencia do Poder
Executivo sobre os colegas vereadores para absolverem o vereador afastado e
assim esse retornar à Câmara e ficar refém dos adversários.
E foi o que deu.
Em Agosto o processo de cassação
por falta de decoro foi concluído e o vereador absolvido e Lourenço retornou à
suplência. De cabeça erguida.
Nesse interregno, com a ajuda
de Jacy, o contabilista, conseguiu convencer à Camara rejeitar as contas do ex
prefeito e remeter as informações para o Ministério Público, mesmo sendo o PMDB
minoria.
Também foi honrado em sair
carregado nos braços de eleitores numa das sessões que desmascarou publicamente
a farsa do Prefeito Municipal.
Enfim tem incontáveis
recordações de sua atuação durante os três meses que exerceu o mandato na
Câmara de Vereadores da Estância de Cananéia, a cidade mais antiga do país.
Roberto J. Pugliese
foi
presidente por dois mandatos da 2ª. Subsecção da OAB-To-Gurupi.
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