03 agosto 2018

Violencia institucionalizada: - demolições nas praias.


Terror e insensibilidade. Brasil contemporâneo.

 


 Não tem explicação nem justificativa plausível.
 

Florianópolis é uma cidade essencialmente turística e desse segmento econômico é que sobrevive com muita dificuldade. Uma ilha de plástica incrível, dada a beleza natural onde combina a floresta originária, as praias, o manguezal, o mar, os diversos ribeirões que tem condições especiais para trazer turistas ávidos pelos atrativos dispostos em sítio tão encantador. 

No entanto, ora por ordem judicial, ora por determinação administrativa do Executivo Municipal, ou por força de ato das autarquias ambientais, sob a acusação de agressão ilegal ao meio ambiente, construções são derrubadas. Residências e comércios instalados aqui ou ali são postos à baixo sob a estapafúrdia alegação de ilegalidade e violência ao meio ambiente. 

O pior: Os manezinhos mais humildes, maioria das vezes que desconhecem seus mínimos direitos de cidadãos, que não são lembrados por políticos ou pessoas importantes, que na sociedade de consumo são anônimos  são as vítimas mais visadas de tamanha truculência. São os alvos principais.

 


Os rigores da legislação são aplicados sem piedade alguma contra os mais humildes enquanto, em situações assemelhadas, vizinhos abastados ou bem relacionados não sofrem qualquer ameaça. 

Quanta injustiça e desigualdade de tratamento que se testemunha na ilha, sempre sob a batuta de decretos judiciários, resoluções de conselhos, ordens perseguidoras contra adversários políticos, associações de defesa ambiental e por aí a fora com freqüência. Injustiças praticadas com assiduidade freqüente sempre com assinaturas autenticas de déspotas inconscientes da realidade à própria volta. 

Não tem perdão. Manezinhos tradicionais que herdaram posses de ancestrais, que mínguam a miséria de atividades rudes, na condição de barqueiros, pescadores artesanais e profissões menos relevantes aos olhos dos que manipulam o poder, sofrem por estarem situados em pontos privilegiados da ilha e são expropriados à força, sem qualquer direito. 

Nada justifica. Lei alguma tem legitimidade para agredir moradores tradicionais autênticos e, repentinamente por ser Terreno de Marinha, Área de Preservação Permanente, Área de Preservação Ambiental, manguezal ou o esquinbal, demolir construções onde velhos nanicos de poder tiram seus sustentos e as habitam continuando o dia a dia que apreenderam de antigos ilhéus. 

Recentemente autoridades impostadas de sabedoria e justiça quase divina pretendiam derrubar toda a orla da Lagoa da Conceição. Os beetch clubs são alvos de medidas restritivas com regularidade ordinária e, para não dizer que não falei de flores, derrubaram os restaurantes da Praia dos Naufragados. 

Não importa que houve o devido processo legal e que as vítimas puderam se defender e o Poder Judiciário na forma da lei, da constituição e de acordos internacionais que o país é signatário em defesa do meio ambiente, houve distribuir a melhor justiça, ordenando a demolição de casas rústicas e humildes pertencentes a pequenos comerciantes que podiam ocupar-se de outras atividades. 

Não há justificativa que possa conceber esses atos, cada vez mais freqüentes, como justos e com amparo na ordem jurídica. Nem contra os mais abastados, que dispõe de mansões na orla ou dos elegantes comerciantes bem situados em lugares especiais, mas também nem contra os pobres e humildes comerciantes, pescadores, barqueiros e profissionais dos bicos que exercem por não terem capacitação melhor. 

A cidade é turística, numa ilha e vocacionada ao  turismo ao ar livre. Se não é suficiente afirmar que derrubar construções tradicionais, sendo medida injusta e truculenta, o fato da cidade depender da exploração dessa atividade econômica já é o bastante para que essa barbaridade não se repita e de uma vez por todas suspendam-se esse terrorismo determinado por agentes públicos brutos, estúpidos e insensíveis a dor do próximo. 

O Expresso Vida é solidário às vítimas das autoridades autoritárias e não irá se calar, denunciando amplamente os autores desses atos injustos e violentos.

Não tem explicação nem justificativa plausível. É terror imposto aos mais pobres, porque se ocorrer com quem tem recurso, amizade ou condições melhores, o prejuízo é mais fácil de reparação. Os manezinhos humildes da orla não tem como voltar a se organizar.
 
Ademais, quem perde é toda a sociedade, pois a ilha tem que oferecer atrativos aos seus visitantes e impedir restaurantes, bares e outras construções ao longo da costa é inviabilizar atividades próprias da ilha. É expulsar aqueles que podem trazer condições melhores para todos. Lamentável.
 
 
 


 
 A sociedade no todo e as autoridades públicas da cidade que tenham consciência não podem se calar. Devem denunciar as atrocidades, mormente a violência contra os mais frágeis, cidadãos autênticos de Florianópolis, que não sabem como suportar tamanha agressão.

 

 
 
 
O Expresso Vida é solidário às vítimas das autoridades autoritárias e não irá se calar, denunciando amplamente os autores desses atos injustos e violentos.
 
Roberto J. Pugliese
editor
Titular da cadeira nº35 da Academia São José de Letras

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