Águia Ferida
Roberto J. Pugliese - 2001
Estamos chocados ! Os ataques provocados nas cidades de Washington, Dc e N. York, no seio da Nação reconhecidamente a mais poderosa do mundo contemporâneo, provocando prejuízos incomensuráveis de ordem moral principalmente, fizeram com que a opinião pública do mundo civilizado, de um modo geral, se consternasse e orasse pelas vidas inocentes das vítimas de tamanha truculência.
A dor e a tristeza tomou conta das pessoas de bens. Repentinamente somos forçados a lembrarmos que anos atrás, vítimas civis, igualmente inocentes, foram aniquiladas repentinamente em Hiroshima e Nagasáki, em defesa de um ideal democrático. Lembramos que por ideal igualmente nobre, vítimas civis e tão inocentes quanto as de agora, também vieram a falecer durante os anos que o exército de Ho Shi Min enfrentou no seu território, tendo a paixão pela pátria a principal arma, o maior exército do mundo. Lembramos das bombas de naplan, que atualmente estão sendo jogadas na Colômbia, com outros preparados químicos, que a par de exterminar com o plantio da coca, está provocando a morte e danos a saúde de civis agricultores dos confins da Amazônia. Lembramos das vítimas de quase 50 anos de bloqueio comercial sobre a ilha caribenha administrada por um insolente ditador barbudo que também soube enfrentar, e vencer, o mesmo poderio militar yankee. Lembramos das vítimas civis de todas as idades, que em razão do bloqueio imposto pela nobre causa democrática, também vieram a falecer no Iraque insubordinado, que ousou enfrentar o mesmo exército.Lembramos das vítimas da recente tragédia militar da Iugoslávia, do Afeganistão, e da interminável guerra, igualmente civil, que acontece em Angola, há intermináveis quarenta anos, financiada igualmente pela superpotência do norte.
É lamentável que todos esses tristes fatos tenham ocorridos e que sempre os EEUU estiveram presentes, quer com os marines, quer com os exosettes, quer com vetos à cláusulas jurídicas em defesa do meio ambiente ...quer com a elevação dos júros das dívidas de seus parceiros comerciais... Lamentamos profundamente, a dor de um povo que não sabe o que é a guerra no solo da própria nação. Um povo que sempre envolvido em conflitos militares, no século passado esteve na Europa, na Ásia, na América Latina, porém nunca sofrera qualquer invasão no seu próprio território, hermeticamente fechado com radares, mísseis e um muro de fios elétricos junto aos limites que o separa do México. Lamentamos.
Lamentamos principalmente pelas vítimas das torturas que ditadores truculentos latino-americanos impuseram aos seus opositores, seguindo regras que aprenderam na escola das Américas, na cidade do Panamá, com instrutores militares norte-americanos... Lamentamos bastante a morte de patrícios brasileiros, residentes em Mahatamann, por carecerem de empregos na própria e saudosa terra brasilis. Enfim, lamentamos bastante a humilhação do soberbo povo norte americano que viu suas defesas violadas e o maior símbolo da globalização ser destruído em poucos minutos por aviões aparentemente inofensivos como inofensiva, aparentemente é a globalização que estão impondo aos povos do mundo que iguais a eles, também estão perplexo pelos efeitos decorrentes do novo modelo econômico internacional. Lamentamos profundamente tanta violência. Lamentamos e choramos a saudades dos civis que pereceram na guerra do Golfo e nas intermináveis filas do INSS desestruturado por carecer de recursos financeiros desviados para fomentar o enxugamento do Estado neoliberal que os EEUU criaram...
Lamentamos profundamente que a violência haverá de prevalecer enquanto não for alterada a política neocolonial imperialista... Quem viver verá.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
( Artigo publicado na
Revista Cadernos da América Latina –
Outubro de 2001)
Nenhum comentário:
Postar um comentário