A
atriz global e pecuarista Regina Duarte, em discurso na abertura da 45ª
Expoagro, em Dourados (MS), disse que está
solidária com os produtores e lideranças rurais quanto à questão de demarcação
de terras indígenas e quilombolas no estado.
“Confesso
que em Dourados voltei a sentir medo”, afirmou a atriz, recentemente, com
referência à previsão de criação de novas reservas na região de Dourados. “O
direito à propriedade é inalienável”, explicou ela, de forma curta, grossa e
maravilhosamente elucidativa o que faz do BRASIL um brasil. Em verdade, ela
deve estar sentindo medo desde a campanha presidencial de 2002…
(O
deputado Ronaldo Caiado, principal
defensor desses princípios, deveria cobrar royalties de Regina Duarte…
Inalienáveis deveriam ser o direito à vida e à dignidade, mas terra vale
mais que isso por aqui.)
“Podem
contar comigo, da mesma forma que estive presentes nos momentos mais
importantes da política brasileira.” Ela e o marido são criadores da raça
Brahman em Barretos (SP).
Dos 60
assassinatos de indígenas
ocorridos no Brasil inteiro em 2008, 42 vítimas (70% do total) eram do povo
Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, de acordo com dados Conselho Indígenista
Missionário (Cimi). “Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os
condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos”, afirma Anastácio
Peralta, liderança do povo Guarani Kaiowá da região.
“Nós
estamos amontoados em pequenos acampamentos. A falta de espaço faz com que os
conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que querem
nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de
trabalho, de renda, de educação”, lamenta Anastácio Peralta.
A
população Guarani Kaiowá é composta por mais de 44,5 mil. Desse total, mais de
23,3 mil estão concentrados em três terras indígenas (Dourados, Amambaí e
Caarapó), demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio (criado em 1910 e
extinto em 1967), que juntas atingem 9.498 hectares de terra. Enquanto os
fazendeiros, muitos dos quais ocuparam irregularmente as terras,
esparramam-se confortavelmente por centenas de milhares de hectares. O governo
não tem sido competente para agilizar a demarcação de terras e vem
sofrendo pressões até da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária
(CNA). Mesmo em áreas já homologadas, os fazendeiros-invasores se negam a sair
– semelhante ao que ocorreu com a Raposa Serra do Sol.
É
esse massacre lento que a pecuarista apóia, como se as vítimas fossem os pobres
fazendeiros. Só espero que, na tentativa de apoiar a causa, ela não
resolva levar isso para a tela da TV, em um épico sobre a conquista do Oeste
brasileiro, nos quais os brancos civilizados finalmente livram as
terras dos selvagens pagãos.
( Leonardo Sakamoto - Justiça Global )
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
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