OS CAIÇARAS SUMIRAM!
Caiçaras são constituídos por
grupos tradicionais de pessoas que vivem ligados a costa, entre o litoral sul
do Rio de Janeiro e o litoral norte do Paraná.
Esses habitantes tradicionais
de Mangaratiba, Paraty, Ilha Grande, Ubatuba, Ilhabela, Bertioga, Guarujá,
Santos, São Vicente, Itanhaém, Peruíbe, Iguape, Cananeia,Guaraqueçaba, Antonina
entre outros tantos municípios desse virtuoso litoral, são os povos que por
suas características inerentes, culturais e peculiares, se distinguem e
constituem o grupo de caiçaras. Os únicos verdadeiramente caiçaras.
Pois esses povos estão
sumindo.
Viviam à beira do mar, dos
rios, das praias, das enseadas e pouco à pouco, nos último 50 ou 60 anos, foram
sendo expulsos de seus domínios e desaparecendo, dando lugar a hotéis, casas de
turistas, restaurantes, prédios comerciais e construções das mais variadas, em
praticamente todo o litoral apontado.
São raros os núcleos de
autênticos caiçaras que ainda sobrevivem, herdeiros de gerações tradicionais
que assentaram nessa região há mais de quatrocentos anos.
Tanto faz se contar a
história do caiçara do Ariri, distrito de Cananéia ou de Vicente de Carvalho,
distrito do Guarujá, pois o drama será idêntico ao do caiçara de Guaraqueçaba
ou de Angra dos Reis... mudam os nomes, o lugar e a intensidade, porém a
violência é semelhante em todo o litoral.
Com a abertura de rodovias, o
incentivo ao turismo, a valorização de áreas privilegiadas, o investidor,
muitas vezes estrangeiro, por bagatelas, comprou áreas privilegiadas, fazendo
com que o morador tradicional, se afastasse do mar. Em suma é essa a história
que se deu na costa apontada. É a história dos ilhéus da Ilha Grande, da
Ilhabela, da Ilha Comprida. É a história da migração desorientada de famílias que
foram encher as periferias de Resende, Volta Redonda, Santos, Cubatão, São José
dos Campos, Taubaté, Registro entre tantas outras cidades, provocando a
desqualificação social, a violência e outras mazelas dos dias de hoje.
E para não ser dramático ou se
ampliar o texto, nem vale se referir aos casos de esbulho, falsificações
documentais, incêndios criminosos nos cartórios e foros desses lugares então
remotos... causando prejuízos superiores a valores financeiros, inclusive a
perda de vidas, como é sabido e prolatado.
Vale lembrar que o litoral
paranaense na época do governo Lupion, foi partilhado, dividido, re-partilhado
e sub dividido tantas vezes, cujos conflitos fundiários decorentes são sentidos
até hoje, provocando pilhas e pilhas de processos nos foros locais...
Enfim: O caiçara sumiu.
Pobre, ameaçado, descaracterizado, emigrou, deixando para traz sua história e
de seus antepassados. Seguindo perambulando sem destino para lugar nenhum.
Roberto J. Pugliese
Autor de Terrenos de Marinha
e seus Acrescidos, Letras Jurídicas.
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