15 dezembro 2012

VITÓRIA TRICOLOR VISTA POR TODAS AS DIMENSÕES.


“A Festa no céu e na terra “

O Chefe Supremo dera autorização. A data era especial. Foram liberados. Cícero, o velho tabelião deixara a portaria, onde trabalha como ajudante promovendo assentos e registros, para poder se fazer presente. Justificou que o grande estádio fora idéia sua.

Pedro, o seu chefe imediato, também iria. Estavam autorizados a fechar a portaria. Fora convidado por Paulo, o verdadeiro dono do espetáculo, que chamou Bento, que vive em Sorocaba e Caetano do ABC e José do Vale do Paraíba.  Todos iriam dar uma força.

- Afinal, são 4 anos... Quanto mais santos presentes melhor, exclamou o próprio Paulo, bastante excitado com a decisão.

Jorge, no seu cavalo branco e a mania de matar dragão, também convidado, se desculpou. Não poderia ir. Estava atarefado com as pendengas a enfrentar no Japão. Depois teria que voltar à  face oculta da lua.

- Coisas do Chefe Supremo que me designou guardião daquele deserto cheio de crateras. Fazer o que?

Os Ilustres convivas  iam se acomodando. Vinham de longe, mas valia o sacrifício, pois a  festa prometia. Jurandir, Feola e  Toninho Guerreiro foram uns dos organizadores.

Da estrela que ilumina o Maranhão, Canhoteiro seu antigo morador, foi o primeiro a chegar. De Poços de Caldas veio  Mauro, o elegante capitão. Chicão veio de Piracicaba. Trouxe pamonha para uns e outros que gostam e sempre pedem...

- Em Piracicaba a cana é uma delicia...mas não podemos. Aqui é proibido.

O salão era só alegria e boas recordações. Histórias interessantes eram contadas. Tele Santana, empolgado, revelava confiança no preparador técnico. Comentou sobre o tempo que esteve por lá.Lembrou até do Expressinho. Gino apostava cinco a zero. Comedido, Adhemar Ferreira da Silva, assinalava que estaria satisfeito com o resultado mínimo, suficiente para o título.

A roda dos cartolas, regada com o malte escocês e acepipes dos Caucasos,  mostrava-se bem confiante: Estavão Sangirahdi  de fraque relembrava a época do inovador Show de Rádio, e imitava o sui generis Didu, sempre feliz.  Machado de Carvalho, o grande marechal de 58, animado, comentava a chegada prematura do inigualável Roberto Dias.

Manoel Raimundo Paes de Almeida num canto conversava com o General Porifírio da Paz, que cantarolava o hino que escrevera junto com  Ratinho e Roberto Gomes Pedrosa, incentivando a todos cantarem...

Kid Jofre na porta do camarote principal junto com Abella, Sastre, Poy, discutem com King, animadamente o desempenho do capitão da equipe.  Zizinho, Rui, Noronha e Bauer, ao lado, assinalam preocupação com a ausência do Fabuloso...

De repente, surge o Diamante Negro: Leônidas da Silva adentra animando todos, revelando confiança no balanço e na ginga que o centro avante escalado para o jogo imporá aos seus marcadores...

E pouco a pouco os chegantes vão ocupando todos os lugares. 

Inicia a partida: Fixos no telão, atentos ao jogo uns nervosos permanecem de pé: Friaça, Piragibe Nogueira... curvam seus corpos a medida que a bola é lançada, acompanhando a trajetória como se fossem a própria. Outros indisfarçavelmente apreensivos, mesmo acomodados nas poltronas estrategicamente dispostas, permanecem calados.

Monsenhor Bastos aproveitando a ausência do Chefe fala mal do bandeirinha, num lance duvidoso que interrompeu a jogada do ataque. Teixeirinha e Pardal lamentam o equivoco.

- Esse ladrão não entra aqui !(... )Exclama Pé de Valsa irritado, olhando para  os responsáveis da portaria.

O jogo prossegue e num lance memorável surge o primeiro gol do tricolor do Morumbi. O clube da fé não decepciona seus milhões de torcedores. Depois vem o segundo e a torcida aguarda o terceiro.

Bafafa generalizado... violência e o anti futebol.  Fim de jogo.São Paulo campeão da Copa Sul americana...  e todos festejam, inclusive, o Chefe Supremo, que é brasileiro e, mesmo disfarçando-se na Sua camisola branca e barbas prateadas que encobrem suas emoções, revela-se  torcedor do clube mais querido da cidade.

Do fundo do salão, em coro todos escutam: - Viva o São Paulo Futebol Clube!  Um amontoado de torcedores segurando bandeiras e vestidos à caráter começam a cantar. São apaixonados recém chegados: Benedicto Pedroso, Arlindo Fuim, Pugliese Jr, Pedro de Castro, todos do 22º cartório de São Paulo; Edgar Jacy Teixeira, Mauricio Xavier e Ernesto Matheus, que vieram de Cananéia; Décio Monteiro Garcia, Gilberto Rocha Azevedo e Palú, que se conheceram na saudosa Conceição de Itanhaém e outros irreconhecíveis, quase anônimos que também estavam de saída...

- fuzarca total, exclamaram Silvio e Carlos Francisco,  primos que se encontraram por lá, encerrando a noite de festa no céu.

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
MEMBRO DA ACADEMIA ITANHAENSE DE LETRAS -

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