Brasil esconde a verdadeira história.
São poucos os anos que o país
viveu em regime menos rigoroso. Fomos Colonia, Reino Unido e o primeiro Império
quando a democracia engatinhou e não funcionou plenamente. No segundo Império a
maior parte dos longos anos de Don Pedro II foram de guerras e insurreições que
impediram a plena vigência democrática. Havia também a sombra da escravidão.
Com a República a maior parte da sua história o país foi submetido oficialmente
à ditaduras reconhecidas, como Vargas e os militares e a períodos constantes e
repetidos de suspensão de direitos civis na forma prevista em mecanismos
políticos e jurídicos.
Mas a ditadura mais cruel talvez
tenha sido a última, comandada pelos norte-americanos que manobraram as fardas
brasileiras submetidas ao entreguismo e a violência que apreenderam na Escola
das Américas no Panamá.
Agora muitas verdades até então
ocultas estão surgindo.
A Comissão da Verdade aponta ter
encontrado prontuários médicos de presos políticos no arquivo do ex ditador
Médice.
As histórias de crueldade
praticadas durante o período de sua administração como representante de
interesses dos EEUU são inúmeras.
Vale transcrever o texto:
“ Durante décadas a cúpula do governo militar negou a prática de
tortura contra presos políticos na ditadura. Não importavam as denúncias das
famílias, as marcas ou sequelas das vítimas. Quase 30 anos após o fim do
regime, surgem agora as primeiras provas documentais de que no auge da
repressão política — 1970 — o próprio general e então presidente da República Emílio
Garrastazu Médici sabia em detalhes sobre a violência dos quartéis e suas
consequências físicas e psicológicas.aderno onde guardava os relatos das
Médici guardou até a morte, em meio a 32 caixas de manuscritos,
um caderno de capa de couro preta com o nome do ex-presidente timbrado em
letras douradas na frente. Dentro, a revelação: três prontuários médicos de
presas políticas atendidas no Hospital Central do Exército (HCE). São elas:
Dalva Bonet,Francisca Abigail Paranhos, além dos documentos de Vera Sílvia
Magalhães — conhecida por sua participação no sequestro do embaixador americano
Charles Elbrick.
O arquivo pessoal de Médici, doado pela família há 10 anos,
integra o acervo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e foi
disponibilizado para pesquisa da Comissão da Verdade do Rio, que localizou os
prontuários. “Quanto mais temos acesso aos documentos, confirmamos que a cadeia
de comando das torturas e desaparecimentos começava no Palácio do Planalto”,
afirma Wadih Damous, presidente da CEV-Rio. Cópias dos documentos serão
entregues às famílias em audiência pública na próxima terça-feira.a, ao
deixar o país, foi carregada por Cid Benjamin
O prontuário de Vera Sílvia detalha cada medicamento utilizado
por ela durante os dois períodos de internação registrados. Presa em 6 de março
de 1970, ela chegou pela primeira vez ao HCE transferida do Hospital Souza
Aguiar no dia seguinte devido a um “traumatismo craniano encefálico por
projétil de arma de fogo”. Tratada na unidade, ela foi liberada dias depois
para interrogatório no DOI-Codi.
Em 18 de maio foi internada novamente, e a descrição do quadro
dá a medida do sofrimento de Vera. “Paciente acentuadamente desnutrida,
subfebril. O exame neurológico acusa sensível diminuição da força muscular nos
membros inferiores...há acentuada hipertrofia muscular nos membros inferiores”,
registra o prontuário. O diagnóstico, porém, foi de que ela estava com uma
paralisia nas pernas devido a razões psicológicas.
O médico legista Levi Inima, que auxilia a pesquisa da CEV-Rio,
disse que a avaliação é “falsa”. “As alterações em termos de hipotrofia
muscular demonstram a tortura em pau de arara. Ela estava bastante desnutrida,
o que mostra os maus-tratos”, explicou. Vera deixou o Brasil em junho de 1970,
trocada pelo embaixador alemão. Ela retornou após a anistia e morreu devido a
um câncer em 2007.
Choque elétrico provocou crises convulsivas
Ao saber que seu prontuário médico fazia parte do arquivo pessoal do presidente Médici, a tradutora Maria Dalva Bonet, 68 anos, olha para alto e respira fundo. “Vou precisar de um tempo para poder falar sobre isso. É inacreditável”, desabafa Dalva.
Choque elétrico provocou crises convulsivas
Ao saber que seu prontuário médico fazia parte do arquivo pessoal do presidente Médici, a tradutora Maria Dalva Bonet, 68 anos, olha para alto e respira fundo. “Vou precisar de um tempo para poder falar sobre isso. É inacreditável”, desabafa Dalva.
Militante do Partido Comunista Revolucionário Brasileiro (PCBR),
ela diz que foi presa no fim de janeiro de 1970 junto com a amiga inseparável,
Abigail. “Foram 72 horas de pancadaria. Eu estava com a pele toda descascada do
choque e me jogaram no chão de cimento. Foi quando eu comecei a ter hemorragia.
Os presos pressionaram e eles me levaram para o HCE”, conta Dalva.
Ela diz que ficou cinco meses sem andar devido à tortura no pau
de arara. Além disso, os choques desenvolveram um quadro de epilepsia. Por
isso, como o próprio prontuário encontrado registra, foram realizados exames
neurológicos. “Eles queriam dizer que as convulsões que eu passei a ter eram
preexistentes. Mas eu nunca tive nada”, diz ela. Dalva disse que sofreu com
crises convulsivas durante 10 anos.
Segundo o diagnóstico feito no HCE, a paralisia de suas pernas
também seria emocional — como a de Vera.“Não apresenta vontade de locomover-se;
procura queixar-se de tudo e de todos; é impertinente e astuciosa. Costuma ser
acometida por pesadelos”, descreve o documento.a Bonet
ficou cinco meses sem conseguir andar devido à tortura no pau de arara. Ela ta
O médico legista Levi Inima também chamou a atenção para a
quantidade de tranquilizantes, ansiolíticos e sedativos como Mandrix e Kiatrium
ministrados. “ É uma associação de vários medicamentos. Isso tudo faz parte de
um cenário médico exatamente para suprimir a questão da tortura”, explica
Inima.
'Não deseja recuperar-se'
A advogada Francisca Abigail Paranhos também teve a sua passagem pelo Hospital Central do Exército guardada por Médici. No relatório que segue com o prontuário ela é descrita como “indiciada em inquérito policial-militar pelos crimes praticados como membro do PCBR, alegou paralisação dos membros inferiores”.
Além disso, o diagnóstico diz que Abigail, como era conhecida, não ajudava na melhora de seu quadro de saúde. “Os exames revelaram que Abigail é portadora de depressão neurótica, que não deseja recuperar-se não colaborando para o sucesso do tratamento que lhe é ministrado”, finaliza o relatório.
Dalva diz que elas deixaram a prisão cerca de um ano e meio depois. Abigail morreu de câncer em 1994. ( Julinana Del Piva -
Erli Camargo Conselho Nacional do MNDH )
A advogada Francisca Abigail Paranhos também teve a sua passagem pelo Hospital Central do Exército guardada por Médici. No relatório que segue com o prontuário ela é descrita como “indiciada em inquérito policial-militar pelos crimes praticados como membro do PCBR, alegou paralisação dos membros inferiores”.
Além disso, o diagnóstico diz que Abigail, como era conhecida, não ajudava na melhora de seu quadro de saúde. “Os exames revelaram que Abigail é portadora de depressão neurótica, que não deseja recuperar-se não colaborando para o sucesso do tratamento que lhe é ministrado”, finaliza o relatório.
Dalva diz que elas deixaram a prisão cerca de um ano e meio depois. Abigail morreu de câncer em 1994. ( Julinana Del Piva -
Erli Camargo Conselho Nacional do MNDH )
O Expresso Vida aplaude o
trabalho exaustivo da Comissão da Verdade e por oportuno repudia às
manifestações populares que são favoráveis ao retorno do período ditatorial.
Lamentável o pensamento
conservador e retrógado de alguns brasileiros desinformados.
Roberto J.
Pugliese
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