Insegurança geral. Administração pública
x demagogia.
As autoridades municipais
mandam demolir prédios, fechar o comércio e como se estivessem em consonância
com o interesse público, justificam que a Lagoa da Conceição teve o meio
ambiente agredido, que o direito urbano não foi respeitado e que é preciso
regularizar o bairro para organizar a cidade...
As mesmas autoridades
municipais autorizam a construção de empreendimento imobiliário na Ponta do
Coral, assim como permitiram a construção do Shoppincenter Iguatemi e se
revelam cumpridores das obrigações e servidores do interesse público permitindo
que o esgoto sanitário seja despejado sem qualquer tratamento nos cursos
hídricos da iha e do continente.
A sociedade está perplexa.
Por ordem judicial a municipalidade deve determinar a
demolição das diversas construções que circundam a Lagoa da Conceição e se
encontram erguidas há menos de 15 metros do espelho d’água.
Nenhuma construção escapa: Barracões que guarnecem
barcos dos pescadores artesanais ou situados nas marinas espalhadas ao largo;
restaurantes, bares e casas noturnas; imoveis residenciais; hoteis, pousadas e
demais acessões, que independente da natureza serão demolidos pela Prefeitura.
Desespero geral. Insegurança fruto da inocencia do
manezinho que acreditou que os tributos lançados pelos Poderes Públicos e os
serviços de água, luz e telefone instalados deveriam garantir a legalidade de
suas obras. Que se embasou nos alvarás de funcionamento de seus
estabelecimentos e nas plantas aprovadas atestados por habite-se e atos administrativos selados por autoridades que sempre
mereceram a fé de seus elevados cargos.
Balela sem escrupulo. Trapaça oficial que agora resulta
em ordem demolitória que será cumprida pelas autoridades que sempre ignoraram
que as diversas comunidades ribeirinhas estavam vivas e em crescimento.
Foram décadas
enfeitando as bordas lagunares com o glamour de sofisticadas construções
que trouxeram turistas e serviu de cartão postal sofisticando a cidade. Foram
séculos construindo a cultura original dos filhos do Desterro que, enfrentando
por gerações seguidas as adversidades naturais, politicas e sociais ergueram aglomerados típicos sem que o Poder
Público que hoje os ameaçam tenha ultimado qualquer ato para impedi-los de ali
permanecerem.
A história da cidade será insanamente apagada. A
cultura genuinamente construida pelas comunidades tradicionais espalhadas ao largo da sofisticada lagoa, será destruida
e o acervo vivo das tradiçoes locais dispersados. O rico
folklore mané incinerado.
Enfim, ainda há tempo para estancar o caos que se avizinha. A mobilização
politica é fundamental e exige ações imediatas. A sociedade atenta e unida
ainda pode pleitear por distribuição de justiça e reverter todo o palco trágico
que se apresenta.
Ou aguardar inerte a tragédia geral, pois as
construções ao longo da praia do Campeche, da Armanção e por aí a fora serão as
próximas...
Roberto J. Pugliese
Presidente da Comissão de Direito
Notarial e Registros Públicos da OAB-Sc.
Consultor da Comissão de Direito
Notarial e Registrária do Conselho Federal da OAB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário