Lagoa da Conceição: Salvem-se quem puder
!
Parece mentira o que se
presencia na ilha de Santa Catarina, com agentes públicos perseguindo sem
trégua a população que se acomodou ao longo dos anos, se espalhando e construindo a cidade urbanizada
que ocupa quase todo o território ilhéu.
Entre os alvos preferidos a
região da Lagoa da Conceição é a que tem sofrido maiores investidas.
Autoridades públicas estribadas em plêiade complexa de legislação, sem qualquer
sensibilidade social, ora determinam a abertura de espaço para acesso ao
espelho d’água, ora promovem ações demolitórias ou negam alvará de
funcionamento aos comerciantes, ora isso, ora aquilo e a insegurança espanta
investidores daqui e dali.(...)
A próxima investida é a
homologação da demarcação unilateral promovida pela Secretaria do Patrimônio da
União, delimitando os terrenos de marinha e assim, expropriando sem qualquer
indenização, posses e propriedades particulares e impondo-se absurdas cobranças
pelas ocupações.
Desassossego total em nome de
plano diretor às avessas; de restrições ambientais em espaços consolidados; de
balburdia e omissões rotineiras ao longo da história que, repentinamente, numa
guinada cruel, traz à lume a fragilidade da população amedrontada.
A insegurança jurídica
campeia na mesma proporção das ações radicais dos que pretendem corrigir erros,
omissões e equívocos que já se consolidaram e integram a estética do cobiçado
cartão postal.
Resta às vítimas do
autoritarismo transloucado buscarem alternativas jurídicas em defesa de seus
direitos. A paz social e a harmonia idealizada pelos manézinhos e imigrantes só será atingida se combaterem sem trégua o
bom combate.
E a solução é a obtenção dos
alvarás de habitabilidade. Através desses instrumentos administrativos é que
construções serão carimbadas como regulares e comerciantes poderão exercer
legalmente seus negócios.
Vale o esforço. Em qualquer
situação, na mescla de ordens jurídicas locais e federais; na melhor
interpretação constitucional e com fundamento em julgados já amplamente adotados
nas Cortes Superiores, construções erguidas que permanecem à sombra das leis,
podem ser reconhecidas. Ainda há tempo.
Não há outro caminho para a
harmonia desejada. Salvem-se os atentos. Salvem-se aqueles que lutam pelas
próprias causas. Salvem-se os que puderem. A solução é única e vale para todos.
Roberto J. Pugliese
Presidente
da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Consultor
da Comissão de Direito Notarial e Registrária do Conselho Federal da OAB.
Diretor
Adjunto de Opinião da ACIF-Sul.
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