A Rádio Transmar de Cananéia, transmitiu em FM e pela rede mundial de computadores o 2º programa Expresso Vida. Segue o texto do programa.
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Programa nº02-
DISTINTOS OUVINTES,
saúde, justiça e paz, eu sou Roberto José Pugliese, cidadão honorário de
Cananéia, e o programa de hoje é dedicado a Benedito Calixto de Jesus, nascido na histórica Conceição de
Itanhaém, artista plástico e historiador e irá abordar o drama dos habitantes
dos lugares isolados no Lagamar de Cananéia.
Nos últimos tempos em homenagem ao meio ambiente e a
ecologia, Cananéia e outras tantas cidades do Vale do Ribeira e do litoral
foram brindadas com a criação de inúmeros parques e áreas objeto de proteção
ambiental.
Um fenômeno imposto de cima para baixo pelas autoridades
públicas brasileiras, em atenção a acordos internacionais, que pelo país à fora
tem causado inúmeros aborrecimentos a parte considerável da população
brasileira, especialmente os mais frágeis e anônimos rurícolas espalhados pela
orla coberta pela Mata Atlântica.
Repentinamente o caiçara que habitava as ilhas do Lagamar ou
a orla das praias desertas foi castrado do exercício jurídico de suas posses
nas quais habitavam tradicionalmente. Sítios herdados dos primeiros
colonizadores do sul do Estado de São Paulo, nos quais tiravam o sustento
próprio e de seus familiares, de modo comprovadamente sustentável por várias gerações. Sítios até então economicamente produtivos de
modo sustentáveis que tornaram-se áreas destinadas à preservação, nas quais, a
legislação impede a exploração econômica.
O homem da floresta perdeu a propriedade e a dignidade.
Incontáveis imóveis até então produtivos, os mais antigos ainda se lembram, nos
quais engenhos de farinha, engenhos de
açúcar, com pequenas criações para o consumo familiar, bananais restritos,
entre outras culturas, foram decretados áreas impróprias para serem cultivadas
transformando repentinamente esses senhores e suas famílias, em nômades
perdidos em cantos das periferias das
cidades.
A posse jurídica desses imóveis até então na mão de
lavradores aculturados nos rincões e grotas perdidas, foram expropriadas e, sem
alternativas, obrigou o deslocamento de famílias para os centro urbanos,
inchando as periferias empobrecidas.
O caiçara de Cananéia atualmente é encontrado nos bairros
distantes de Registro, de Paranaguá, de Curitiba e outras cidades que nada se
assemelham as próprias origens nas orlas dos manguezais.
Que tristeza.
Repentinamente famílias se tornaram invasores de seus
próprios sítios, a maioria deles herdados de pais, avós, bisavos... e
penalizados, muitos dos habitantes foram despejados à força sem quaisquer
direitos. E os poucos que resistiram, permanecem perdidos nos sítios que já não
são mais seus, sem condições de desenvolver as plantações e criações de outrora
e pressionados a se deslocarem, já que na maioria deles, não há energia
elétrica, estrada ou qualquer beneficiamento promovido pelos Poderes Públicos.
Escolas Agrupadas Rurais foram fechadas. Postos de Saúde,
então, nem pensar. Nos tempos atuais do mundo eletrônico, cibernético em que
temos tudo pela internet, como viver sem energia elétrica, proibida nessas
terras objeto de preservações ambientais.
Enfim, situação inóspita incentivadora à imigração,
obrigando os campezinos transformarem-se em urbanos, sem qualquer ajuda ou
incentivo a integração.
Lamentável
O Expresso Vida lamenta profundamente o que ocorre no Vale
do Ribeira, uma área geográfica sempre preservada de modo natural através dos tempos, sendo
explorada ao longo do tempo e agora, aparentemente destinada a reserva de
mercado para pessoas que no futuro irão ocupá-las, valendo-se de artimanhas tão
sabidas e conhecidas, promovidas nos bastidores dos legislativos e outros
poderes públicos.
Merece profunda reflexão e medidas imediatas na tentativa de
reverter o que testemunhamos. "
O Expresso Vida agradece a audiência e convida a todos a sintonizarem as ondas moduladas da Rádio Transmar para ouvir o programa nº03 na próxima quarta feira.
Roberto J. Pugliese
editor
www.puglieseadvogados.com.br
Cidadão honorário de Cananéia.
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