Memória 10
História de cães.
Certas situações se apresentam na vida que provocam a
iniciativa de agir rápido e com firmeza ou então, ignorá-la e seguir a vida,
sem se importar com a omissão covarde.
Pois com ele aconteceu algumas vezes exigindo coragem e
pronta iniciativa em nome de seu perfil justiceiro. Nessas memórias vale
lembrar de três ocasiões que dada as condições que alguns cachorros se
encontravam foi obrigado a ultimar
medidas peculiares.
Certa feita Lourenço retornava para sua casa em São
Francisco do Sul, era sábado e a maré estava muito alta. Não sabe ao certo, mas
era inverno, sol aberto, perto do meio dia e a costeira já recebia algumas
ondas, no bairro do Paulas.
Cenário bonito, porém, ao passar pela casa que na praia
ficava em palafitas sobre a praia, percebeu que ao lado, a casinha do cachorro
estava quase submersa e o cão continuava amarrado, porém acuado, sobre a mesma.
Parou o carro e chamou o dono para que soltasse o cão. O
homem disse que iria faze-lo depois. Imediatamente de dentro do carro falou com
energia que deveria faze-lo naquele instante e que iria chamar a policia.
Acuado o imbecil adentrou no mar e soltou o cachorro sob
a sua fiscalização. Com água pela cintura se viu obrigado a liberar o cão que
estava muito assustado e preso.
A seguir partiu.
Noutra ocasião, também em São Francisco do Sul, seguia
por uma rua em direção a sua casa. Iria para São Paulo e estava com certa
pressa. No entanto, passou por uma residência na qual, na porta havia inúmeros
cachorros e preso, entre a casa e a calçada, um cãozinho se encontrava na
abertura do registro d’água. Não teve dúvida, parou o carro, desceu e bateu
palmas.
Não havia ninguém na casa. Vacilou. Tentou arrancar, pela
rua, o cão preso, mas percebeu que ao puxar machucava-o ainda mais. Não teve
alternativa. Abriu o portão e ingressou no imóvel vago. Os demais cachorros
olhavam o comportamento daquele que poderia salvar o cachorrinho preso.
Foi ao registro da água, com cuidado tirou a tampa de
madeira que vedava parte da abertura e cuidadosamente suspendeu o cão que se
atirou na calçada e se juntou ao bando...
Partiu em seguida sentindo-se herói.
Enfim, nessas memórias, Lourenço certa vez também na
mesma ilha, percebeu que no imóvel situado do outro lado da rua,na ladeira onde
se encontra instalado seu escritório, no quintal devia ter cerca de uns 40 cães
confinados. Alguns amarrados, mas a maioria solta.
Uma casa velha e abandonada que do dia para a noite havia
sido ocupada por cães que foram colocados ali.
Passou um ou dois dias e a latição estava incomodando a
todos. O seu escritório era estratégicamente situado no segundo andar em ponto
que percebia toda a movimentação do casarão. No térreo a proprietária do salão
de beleza também percebera que havia cães e muito barulho.
Não teve dúvida. Foi com a proprietária do salão e
algumas freguesas que lá se encontravam até a esquina, junto ao consultório de
um veterinário e pediram para que soltasse os cães.
Em principio se negou. Disse que não podia entrar na casa
dos outros.
Ele explicou que assumia a responsabilidade e que por não
ser veterinário tinha receio dos cães. Mas entraria junto.
E foi o que fizeram.
Quando os cachorrinhos começaram a sair do casarão as mulheres que aguardavam na rua aplaudiram a ambos.
Lourenço se sentiu herói.
Roberto J. Pugliese
membro da
ACADEMIA ITANHAENSE DE LETRAS
membro da
ACADEMIA ELDORADENSE DE LETRAS
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