Academia São José de Letras dá posse aos novos acadêmicos.
No último sábado, dia 15 de Junho,
na região metropolitana de Florianópolis, o presidente Artêmio Zanon, da
Academia São José de Letras, em São José, Sc, em cerimônia de gala, deu posse
aos três novos acadêmicos. A solenidade se deu no prédio da Associação de
Amparo da Velhice de São José, sendo oferecido coquetel ao final.
Kátia Rebello irá ocupar a cadeira
nº 30, que homenageia Trajano Margarida; Marcos Meira a cadeira nº 14, que
homenageia Anibal Pires e Roberto J. Pugliese, editor do Expresso Vida, a
cadeira nº 35, que homenageia Nicolau Nagib Nahas.
A sessão solene foi prestigiada
por muitos convidados e o Acadêmico Roberto J. Pugliese assim se manifestou.
“ Senhor Presidente,
Senhores Acadêmicos,
Ilustres convidados,
Saudações acadêmicas!
A Língua
Portuguesa é a mais importante das inúmeras expressões culturais do país.
Principal responsável pela formação e consolidação desse imenso país ilhado
entre povos de outras falas, que permitiu resistir às investidas de conquistadores
pela comunicação fluente e única.
Foi desde os
primórdios Coloniais fundamental para a construção da nacionalidade e assim
continua nesses anos de globalização, redes sociais, multinacionais apátridas e
instrumentos midiáticos diuturnos que se
valem de estrangeirismos vulgarizados na intimidade das famílias, nas esquinas das metrópoles e
sertões perdidos.
Muito além da
vocação pelo futebol, da espiritualidade musical, da ginga e balanço de
alegria, do sabor da cachaça, do feijão com arroz, do doce de coco entre outras
marcas inconfundíveis, é o sotaque brejeiro do dialeto americano da Língua
Portuguesa, mais brasileira do que lusitana, que abraça os elementos formadores
da federação, mantendo-a uma única nação.
O pavilhão
verde amarelo é hasteado em todas as fronteiras ao som emocionado do Hino
Nacional, com a mesma compreensão e patriotismo face o linguajar que adotamos.
A Língua é o
Brasil. É a saudade daqueles que distantes choram a terra natal. É o patrimônio
que agredido está cada vez mais fragilizado e pede socorro.
Saibam, pois,
que essa é a principal razão de estar entre os cultores desta ilustrada
Academia. Sinto-me na obrigação de empenhar-me na tutela da delicada flor que
das margens do Tibre se expandiu ao Tejo, e se firmou pelos continentes e mares
distantes.
É assim honra
e alegria adentrar nesta Academia São José de Letras e me integrar ao
selecionado rol de cultos artesões do melhor traquejo da Língua Portuguesa.
Sinto-me importante e pela responsabilidade assustado, porém preparado para os
enfrentamentos.
O assento que
me é oferecido leva o nome de Nicolau Nagib Nahas, cujo patrimônio literário
legado aos catarinenses revela sua ousadia em edificar o movimento modernista
regional, antecipando-se trinta anos dos autores que vieram a integrar o
notabilizado Grupo Sul.
Resgatou, como
é sabido, a linguagem popular e padrão, sempre preocupado com os valores da
terra, trazendo consigo através de suas obras, a agitação cultural herdada da
Semana da Arte de 1922 que de São Paulo espalhou a cultura nacionalista então
inexistente.
Ocupar a
Cadeira 35 da desta Academia, para o anônimo chegante que sou, torna-se
inexplicavelmente grandioso, mormente lembrando de Gilberto Nahas, recentemente falecido, meu
antecessor a quem rendo respeito, e modestas, porém sinceras homenagens.
Militar
laureado, também se dedicou às letras. Foi colunista de periódicos dos mais
diversos, se revelando exponencial cultor das letras catarinenses. Seus poemas
foram publicados em obra coletiva deveras aplaudida pelos críticos.
Assim, com a
lanterna na popa, desta fortaleza cultural pretendo seguir a trilha dos que me
antecederam, valendo-me da experiência e exemplo dos Dignos Confrades no melhor
aperfeiçoamento em defesa da última flor do Lácio, difundindo e fortalecendo a
rica cultura do litoral no qual nos encontramos.
Seguirei a
trilha aberta pelos que lapidam as letras regionais, buscando enfrentar as
investidas rasteiras que, diuturnamente sofre a linguagem fluente popular,
cedendo espaços para a verbalização importada disseminada pelos meios de
comunicações.
A fala do
litoral catarinense, quase desenhada, construída artesanalmente ao longo dos
séculos, implantada pelos transloucados colonizadores, se impôs regionalmente e
sofre agressões constantes pelos falares trazidos de tantos cantos e recantos.
A linguagem
singular sofre investidas que a conspurcam.
Quero, pois,
com a caneta e a lupa ser mais um dos soldados a combater o bom combate e
prosseguir na defesa e aprimoramento da prosopopeia natural, construída desde
os primeiros navegadores que encalharam na costa desse pitoresco litoral.
Quero ajudar a
Academia, tutelar a fala dos primeiros bandeirantes que, audaciosos, ignoraram
o Tordesilhas e souberam conquistar e impor, sobre o território castelhano de
então, o mais precioso instrumento de unidade nacional, introduzindo na
Capitania de Santana a mesma fala e as mesmas letras, que foram plantadas por
toda Pindorama.
Como já dito,
a maior expressão cultural da nação é a língua de seu povo. Defender a Língua
Portuguesa é defender o Brasil.
Essa é a
proposta: Trazer o som típico, próprio da raiz da serra, das praias, das
escolas, dos bares, dos armazéns e demais sítios da orla atlântica para os
livros, cadernos e alfarrábios perpetuando e disseminando o linguajar erudito,
culto e popular do povo barriga- verde.
Boa noite,
muito obrigado. “
O Expresso Vida parabeniza os
responsáveis pela cerimônia e agradece aos convidados que se fizeram presentes.
Roberto J. Pugliese
titular da cadeira nº35 - Academia São José de Letras
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