Sitio Morumby
Depois desse período de
garimpeiros, a região foi desbravada por
agricultores. Primeiro o arroz. Iguape ficou famosa na Europa pelo produto com
atributos especiais de grande qualidade. A seguir a banana e o chá. Essa última
cultura veio contrabandeada, escondida no miolo de pão, e implantada no
interior do Vale do Ribeira pelos imigrantes japoneses se tornou mais uma
alavanca da economia.
A ostra de Cananéia se
transformou em marca. Sinonimo desse crustácio dada a fama e a qualidade.
Lourenço se recorda que numa ida à Recife, viu uma placa informando o cardápio
de determinado restaurante, que havia ostras frescas de Cananéia.
No entanto, a região era
inóspita e isolada. A floresta Atlantica cobrindo a maior parte de todo o seu
território e a falta de estradas ficou
até 1960, longe de tudo, quando o presidente Juscelino inaugurou a então BR 2 e
o Ribeira foi redescoberto.
Dez anos depois guerrilheiros
obrigaram as autoridades olharem para a região. Foi mais uma vez descoberto e
surgiram inúmeras obras de infra estrutura, mostrando um mínimo de presença do
Poder Pública.
Por determinação do ditador
de plantão, o governador Laudo Natel se obrigou asfaltar estradas, construir escolas
rurais, ampliar o ramal da ferrovia até Cajati e dar assistência maior a
região. Até criou a SUDELPA, autarquia que durante as décadas que existiu deu
apoio aos paupérrimos municípios de lá.
Distante 60 km da sede municipal, o Ariri, foi alcançado
por terra. Uma estrada foi aberta e hoje ainda é o leito que segue o trajeto da
BR 101, ainda não implantada na região. A Caverna do Diabo foi iluminada e o
terminal pesqueiro do CEAGESP foi inaugurado em Cananéia.
E nessa época Lourenço chegou
ao Vale do Ribeira. Acreditou no potencial da região, ainda carente de tudo,
situado nas imediações de Sorocaba,
Santos, São Paulo e Curitiba, com tudo para realizar. Uma região verde em todos
os sentidos do termo.
Durante alguns anos rodou por
lá. Notário em São Paulo conheceu investidores, fazendeiros, políticos. Se
organizou de modo a ter na clientela, parcela considerável de loteadores da
Ilha Comprida, Iguape, Cananéia, formando carteira diversificada de clientes e
permitindo que mensalmente fosse à região levar escrituras para registro ou
buscá-las.
Para esse fim travou amizade
com os responsáveis do escritório de representação dos municípios de Iguape e
Cananéia em São Paulo: Gaspar Silva e Wagner Piquelli que propiciaram bastante suas
relações com loteadores, entre os quais Dr. Machado e Waldemar, proprietários
do Balneário Varella, de Iguape, os quais o ajudaram bastante no início de sua advocacia.
Lourenço chegou a comprar um
lote de terreno no empreendimento para que adquirisse confiança dos
proprietários e assim tivesse a indicação para lavrar as escrituras dos demais adquirentes.
O Vale na época recepcionava
muitos aventureiros que se aproveitavam do povo ingênuo para os lograrem. Era
quase uma terra de ninguém que sobre ela muita gente boa e má chegou de
repente.
E ainda solteiro, Lourenço,
investiu alguns trocados na aquisição de um sítio. Um japonês que plantava chá
e abacaxi ia mudar para a cidade para dar educação aos filhos. Durante uns dois
ou três anos, até as vésperas do casamento foi teicultor, vendendo as folhinhas
do chá que produzia à multinacional Tender Leaf.
O sítio era no Serrote,
bairro de Registro, próximo à divisa de Juquiá. Ao comprar, a primeira
providencia foi dar ao imóvel, mandando averbar no registro imobiliário o nome
que escolheu: Sítio Morumby.
Já casado, participou do GAP
da Sudelpa, numa tentativa de colaborar no desenvolvimento da região. Grupo de
Assessoria e Participação idealizado pelo Governador Paulo Maluf.
Chegou a implantar dois
loteamentos em Iguape: Chácara Taiti e Chacara Haiti, no Rocio, próximo ao
extinto campo de pouso. Conheceu muitos corretores de imóveis, entre os
quais Juca, de Miracatu, onde, juntamente
com ele, montou um escritório, onde além da corretagem de fazendas, também
regularizam a documentação imobiliária.
Enfim, Lourenço se dedicou bastante
à região, aliando negócios particulares e ações para o desenvolvimento local.
Até hoje tem interesses e
vive o Vale mesmo há mais de 500 km de distancia...
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São José de Letras
Autor de Terrenos de Marinha e seus Acrescidos, Letras Jurídicas
Autor de Direitos das Coisas, Leud
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