A TRAGÉDIA ESPERADA.
O
acidente que provocou trágica situação danosa ao norte de Santa Catarina, com o
incendio numa das empresas de logísticas de São Francisco do Sul, foi previsto
há muitos anos atrás.
Para
quem não conhece, o município tem sua sede numa ilha, ligada ao continente por
um aterro e nela se encontra instalado o porto que é adminstrado pelo Estado e
parte pela iniciativa privada.
É
uma cidade histórica e com paisagens paradisíacas, com vocação de seu povo
voltada para a agricultura familiar e pesca artesanal. Povo humilde, inocente e
simplório, que nos últimos anos, veio a ser ludibriado na sua boa fé, por
espertalhões ligados ao porto, administração do Estado e do Municipio, que
envolventes, propuseram radicais mudanças na qualidade de vida local.
Para
acolher a multinacional francesa interessada na instalação de usina de aço,
receber benefícios fiscais de todas as esferas, e prove-la de abastecimento de
água e energia elétrica na ilha carente dessaa fontes de vida, envolveram parcela
considerável da população, com promessas de emprego e melhorias diversas.
Do
dia para a noite a cidade então bucólica, aprasível e amena, viu que os
empregos se limitaram a auxiliares de serviços gerais, dado o despreparo dos
pés descalsos que, sem a mínima condição, não seriam aproveitados no complexo
industrial implantado. A falta d’água provocada pela irrigação da usina, o
congestionamento da rodovia que liga a sede municipal ao resto do Estado e o
incomodo provocado pela concessionária privada ferroviária, que atravessa a
cidade em vários trechos, causando diariamente em horários vários,
congestionamentos incontáveis com as manobras dos trens, em pouco tempo revelou
o engodo dos coronéis que mandam na ilha na ingenuidade ignorante da parcela
quase total da população.
A
cidade pobre permaneceu pobre. O povo carente, tornou-se miserável e esquecido
e o turismo que a cidade desenvolvia, com algumas mansões de capitães de
indústria de Joinville, Curitiba e alhures foram esquecidas e substituídas
pelos pic-nics, promovidos por
operários faroféiros que aos domingos sujam as praias com seus churrasquinhos e
latinhas de cerveja espalhadas aos arredores de acampamentos erguidos, ao som
de sambões cujos decibéis são incotroláveis, e ostensivas agressões morais e ambientais ao bem estar do
todo.
Com
a usina, hoje nas mãos de multinacional indiana, outras empresas de apoio,
também poluentes e especializadas, que deveriam estar instaladas em Duque de
Caixas, Cubatão ou nos arredores de Belo Horizonte, ergueram suas filiais na
mesma ilha. E a bucólica ilha se transformou repentinamente, sem a mínima
estrutura, numa controvertida cidade que deixou de ser minimamente turística,
espantou seus pescadores tradicionais e hoje é desorganizada e desestruturada na busca de torna-se um pólo industrial.
São
Francisco do Sul é uma potencia poluente que concentra poder e renda em mãos
privilegiadas de poucos, que nem moram na cidade, investem seus lucros longe da
ilha e conduzem a população sofrida e boba, como se leva o gado e os
mancos para onde se deseja.
A
cidade não dispõe se quer de bombeiros militar. O Hospital é precário. A
Delegacia de Polícia, única, que tem sob seu comando servidor público
inamovível há trinta anos, num recorde inigualável quicá no mundo ocidental democrático.
Ruelas congestionadas recebem o peso excedente de carretas que estão trincando
imóveis históricos tombados pela União e, as composições intermináveis da ALL –
América Latina Logística, a francesa que cruza toda a cidade, sem qualquer obra
de arte, permanece incólume nas agressões ambientais e de trafego, provocando stress a qualquer turista que não está
habituado ao caos nos seus passeios.
Quem
pode se manda. Procura emprego noutro lugar. Investe seu dinheiro noutra
paisagem. A cidade está à míngua: Falta água nos balneários. As praias são
poluídas e o porto, ensurdesse o centro histórico dia e noite sem cessar.
O
plano diretor não apresenta solução para adequar-se à cidade aos verdadeiros
anseios naturais e próprios da população, mas é manipulado há anos, visando os
interesses das multinacionais e dos empresários portuários.
Enfim,
sem estrutura adequada para ser a cidade industrializada pretendida, é um risco
para qualquer um continuar na ilha. Não vale a pena, pois, os mega empresários
dominantes, aplicam seus recursos longe de São Francisco do Sul, restando sem
rumo, 40 mil francisquenses mambebes que sem destino, rodam de lá, prá cá,
prestando à elite local, serviços humilhantes, dentro de suas capacitações
inexistentes.
Decorre
pois que o acidente foi previsto há bom tempo. A cidade sem a mínima vocação
industrial habitada por tradicionais pescadores artesanais sem condições de tornarem-se repentinamente
operários especializados para ingressarem nas fábricas erguidas, teve mudança
radical no seu perfil dócil, recebendo milhares de pessoas oriundas de outros
cantos do país e do mundo, que lá seguem diariamente no dia a dia de seus
turnos e retornam para cidades vizinhas onde residem.
Não
dispõe, como já dito acima, de qualquer infra estrutura necessária ao bem estar
e segurança da população, que segue seu caminho sob o risco pirigoso de
acidentes diversos que, acontecendo, provocam o desespero e tragédias como a
última vivenciada ou outras já ocorridas ao longo dos últimos anos.
Assim,
para concluir, insta salientar que, o antropofagismo francisquense, já
denunciado pelo Expresso Vida é a realidade que o seu povo,inculto, inocente e
manipulado, tende a perpetrar pelo destino que optou ao abandonar a pesca, o
turismo e a preservação de seu ambiente natural e histórico do centro urbano
privilegiado.
presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos da OAB-Sc
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