( José de Souza Martins - O Estado de S.Paulo )
Em 1909, Francisca Júlia da Silva, com 38 anos, nascida em Xiririca, hoje EldoradoPaulista, casou-se na capela do Lajeado com Filadelfo Edmundo Munster, telegrafista da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Lajeado era o que veio a ser Guaianases, um lugarejo que devia o nome à imensa pedreira de onde era retirada a brita para forrar os dormentes da ferrovia. Francisca Júlia fora para o Lajeado quando sua mãe, professora primária, em outubro de 1908, recebeu transferência de Cabreúva para lá. Foi padrinho da noiva o poeta Vicente de Carvalho. Noiva que em Cabreúva fora professora de piano e tivera como aluno Erotides de Campos, então com 10 anos de idade. Ele viria a ser o prodigioso autor de composições como a lindíssima Ave Maria. Da desilusão de um frustrado noivado em Cabreúva, Francisca Júlia carregou até quase o fim da vida o alcoolismo.
Pouco tempo antes do casamento com o telegrafista, Francisca Júlia fora convidada a ingressar na Academia Paulista de Letras (APL), que se formava. Recusou. Alguns anos depois, seria homenageada com um busto na Academia Brasileira de Letras. Quem era, afinal, a mulher do telegrafista do Lajeado? Francisca Júlia era a maior poetisa do parnasianismo brasileiro, reconhecida e aplaudida por escritores como Olavo Bilac. Publicara seus primeiros poemas em jornais de São Paulo.
Em diferentes momentos, recolheu-se à vida doméstica, coisa que fez também depois do casamento. Era uma mulher bonita, de viso triste, reflexiva. Sua poesia é densa de competência linguística. Trabalhava com maestria a língua portuguesa. Em seus versos é claro o empenho em fazer de nossa língua instrumento de elaborada criação estética.
Com a descoberta, em 1916, de que o marido estava tuberculoso, tornou-se depressiva e mística. Filadelfo morreu em 31 de outubro de 1920. Após o enterro, Francisca Júlia tomou uma overdose de narcóticos e morreu na manhã do dia seguinte. Seria sepultada no Cemitério do Araçá, no dia de Finados. Ao seu funeral compareceu a fina flor da intelectualidade, incluindo Guilherme de Almeida, Paulo Setúbal, Mário de Andrade (que criticara sua poesia), Oswald de Andrade, Di Cavalcanti…
São os intelectuais de São Paulo que decidem propor ao governo do Estado a feitura do túmulo da poetisa, o que tramita no Legislativo por iniciativa do senador estadual Freitas Vale, da famosa Vila Kyrial, na Rua Domingos de Morais, lugar de encontro de artistas e escritores. Victor Brecheret esculpe para o túmulo, de mármore de Carrara, a bela Musa impassível, título de um poema de Francisca Júlia. A obra está hoje na Pinacoteca do Estado, restaurada. Uma réplica de bronze a substitui no túmulo do Araçá, como a murmurar: "Em teus olhos não quero a lágrima; não quero em tua boca o suave e idílico descante."
Em 1909, Francisca Júlia da Silva, com 38 anos, nascida em Xiririca, hoje EldoradoPaulista, casou-se na capela do Lajeado com Filadelfo Edmundo Munster, telegrafista da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Lajeado era o que veio a ser Guaianases, um lugarejo que devia o nome à imensa pedreira de onde era retirada a brita para forrar os dormentes da ferrovia. Francisca Júlia fora para o Lajeado quando sua mãe, professora primária, em outubro de 1908, recebeu transferência de Cabreúva para lá. Foi padrinho da noiva o poeta Vicente de Carvalho. Noiva que em Cabreúva fora professora de piano e tivera como aluno Erotides de Campos, então com 10 anos de idade. Ele viria a ser o prodigioso autor de composições como a lindíssima Ave Maria. Da desilusão de um frustrado noivado em Cabreúva, Francisca Júlia carregou até quase o fim da vida o alcoolismo.
Pouco tempo antes do casamento com o telegrafista, Francisca Júlia fora convidada a ingressar na Academia Paulista de Letras (APL), que se formava. Recusou. Alguns anos depois, seria homenageada com um busto na Academia Brasileira de Letras. Quem era, afinal, a mulher do telegrafista do Lajeado? Francisca Júlia era a maior poetisa do parnasianismo brasileiro, reconhecida e aplaudida por escritores como Olavo Bilac. Publicara seus primeiros poemas em jornais de São Paulo.
Em diferentes momentos, recolheu-se à vida doméstica, coisa que fez também depois do casamento. Era uma mulher bonita, de viso triste, reflexiva. Sua poesia é densa de competência linguística. Trabalhava com maestria a língua portuguesa. Em seus versos é claro o empenho em fazer de nossa língua instrumento de elaborada criação estética.
Com a descoberta, em 1916, de que o marido estava tuberculoso, tornou-se depressiva e mística. Filadelfo morreu em 31 de outubro de 1920. Após o enterro, Francisca Júlia tomou uma overdose de narcóticos e morreu na manhã do dia seguinte. Seria sepultada no Cemitério do Araçá, no dia de Finados. Ao seu funeral compareceu a fina flor da intelectualidade, incluindo Guilherme de Almeida, Paulo Setúbal, Mário de Andrade (que criticara sua poesia), Oswald de Andrade, Di Cavalcanti…
São os intelectuais de São Paulo que decidem propor ao governo do Estado a feitura do túmulo da poetisa, o que tramita no Legislativo por iniciativa do senador estadual Freitas Vale, da famosa Vila Kyrial, na Rua Domingos de Morais, lugar de encontro de artistas e escritores. Victor Brecheret esculpe para o túmulo, de mármore de Carrara, a bela Musa impassível, título de um poema de Francisca Júlia. A obra está hoje na Pinacoteca do Estado, restaurada. Uma réplica de bronze a substitui no túmulo do Araçá, como a murmurar: "Em teus olhos não quero a lágrima; não quero em tua boca o suave e idílico descante."
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