9 de Julho sempre !
Vestidas de macacões as
mulheres foram para as fábricas. Adolescentes correram para se alistarem. Almofadinhas do
largo de São Francisco trocaram seus ternos pelas botas e uniformes caquis da
gloriosa Força Pública. Jóias de família, anéis, brincos e baixelas foram
doadas para patrocinar o movimento. Todos se mobilizaram para o enfrentamento.
Trezentos mil voluntários,
com a mesma coragem dos bandeirantes de outrora, se apresentaram para a luta.
Indiferentes às dificuldades, ao som de Paris
Belfort, dos discursos de Ibraim
Nobre e outros tribunos, trinta e cinco
mil paulistas, foram às frentes de batalhas.
Com seus pitorescos
capacetes, as fronteiras do Estado foram cercadas pelos entusiastas soldados, que visualizavam a
pátria livre do ditador, sem dar importância as privações inerentes à guerra.
Se quer se preparam para o
combate. Valia a força de vontade. Era a pressa para a libertação do jugo
injusto e arbitrário.
Cunha, Campinas, Franca,
Itararé, Pindamonhangaba, o Estado pouco a pouco foi sendo sitiado. Santos e
seu movimentado porto, bombardeado, não recebeu as armas compradas no exterior.
Não havia víveres suficientes para as tropas e trabalhando dia e noite sem
descanso a criativa indústria não supria as necessidades que a Revolução Constitucionalista
exigia.
O governo federal mobilizara cem
mil soldados. A luta era desigual. Os poucos mais de cinco milhões de
habitantes do Estado viviam um único sentimento: Vencer o caudilho Getúlio.
A Revolução revelou no curto
período de seus combates sangrentos a disposição do povo, que largando seus
afazeres, foi às trincheiras e se submeteu as agruras próprias das batalhas. Mostrou
que igual ao aço, o paulista pode quebrar, mas não se curva.
E a liderança se fez sentir.
Perdeu nas armas porem venceu impondo a legalidade. Não se permite esquecer o
maior evento épico brasileiro. Tão pouco os heróis anônimos que tombaram pela
liberdade.
Ainda que passados 80 anos
daquele 9 de julho a epopéia paulista está viva. Não será esquecida. Não morrerá nunca. Enfim:
“és paulista? Ah ! Então tu me
compreendes! Trazes, como eu, o luto na tua alma e lâminas de fel no coração”, como
conclama o poema.
Roberto J. Pugliese
( Paulistano que se orgulha de ser paulista !)
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