04 novembro 2012

Marajó: Turismo rural inexpressivo e decepcionante.


MARAJÓ, RETRATO DA AMAZONIA ABANDONADA.

No início de 2012 fui à passeio à distante ilha do Marajó, a maior do mundo como é classificada, na boca do rio Amazonas, no imenso Estado do Pará, na região amazônica.
Estive em Soure, um dos 13 municípios da ilha. O território insular tem dimensão superior há muitas nações, com área suficiente para se constituir em unidade independente da federação.

Sede de Comarca, Soure dispõe de campo de pouso e algumas pousadas e pequenos hotéis. Tem hotéis fazendas onde é possível encontrar animais selvagens, inclusive jacaré, onças e cobras venenosas entre outros incontáveis.
Também tem um pequeno e bem precário hospital e a pitoresca polícia montada sobre búfalos. Aliás, a ilha dispõe do maior rebanho bubalino do país. Trata-se de um dos atrativos bem interessantes, dada a docilidade desses animais quando domesticados.

É um território essencialmente rural, cuja população vive da agricultura, pesca, pecuária e do comércio insipiente e turismo precário.
A começar pelas condições desastrosas que existem para se chegar à ilha, com uma única balsa fazendo o trajeto entre Belém e Salvaterra, com saídas às 6 horas da manhã e retorno às 16 horas, sendo vedado aos interessados antecipar o lugar, de forma a exigir que esperem em fila, aonde automóveis, motos, caminhões, carroças e todos os veículos com esse destino, cheguem pela madrugada e fiquem aguardando a abertura dos portões de embarque, tornando a indústria do turismo insular rudimentar ao extremo.

Bagunça generalizada para o embarque. Para a compra de passagens de ida. Passagens de volta... sem qualquer comodidade para os passageiros que enfrentam de duas a três horas de viagens pelo rio Tocantins e Amazonas, dependendo do vento, maré e peso que o ferryboat estiver carregando.
Fomos, eu e minha mulher, para ficarmos 05 dias. Decepção. Ficamos 03 e seguimos de volta para Belém, completando o período de férias na capital perigosa, violenta e dinâmica que merece ser visitada, mesmo com todas as dificuldades que se enfrenta para conhecer o Brasil.

Marajó, um amontoado de ilhotas que a rodeiam constituindo um arquipélago na qual ela se destaca, tem belezas naturais exóticas, com fauna e flora diferenciadas e topografia que admite constantes cheias e banhados, não tem condições mínimas para receber fluxo de turistas oriundos de vários lugares do Pará, do país e do mundo.
Lamentável. Faltam organização e intervenção do Poder Público para que as belezas naturais, com praias desertas e paradisíacas, rios e ribeirões piscosos, floresta tropical espalhada, e no todo o quadro caprichado pintado pelo Criador seja explorado de forma a propiciar retorno financeiro e social àqueles que investiram suas economias em tão remoto confim.

Limitando-me a discorrer sobre Soure, sede de Comarca, lembro que a zona urbana, mais do que suja é toda indisciplinada, com inúmeras vias largas, sem calçamento, a ponto de ter trilhas nas quais búfalos, motos e carroças disputam espaço com automóveis, caminhões e ônibus. Além de cães e gatos vagantes.
Bagunça generalizada. Sem autoridade para se quer impor respeito e exigir que se obedeça as regras mais simples de transito, entre outras andar na mão e evitar a contramão. Regras tais como o uso de capacetes e sanitárias, entre outras de confinar búfalos distantes das residências, preferencialmente na zona rural.

Enfim: Marajó que poderia ser uma perola na entrada do rio Amazonas, servindo de amostra do que se pode encontrar ao longo da hiléia, revela nitidamente, o povo relaxado, sem educação primária na qual, as autoridades, sem exceção, desde as do Executivo e Legislativo Municipal até as dos Poderes do Estado, mostram-se indolentes e sem o menor entusiasmo ou condição de reverter a situação lastimável que se testemunha.
Lamentável.

Sendo Soure a principal cidade da ilha, na qual se presencia tanta sujeira e omissão das autoridades o que se imaginar das outras doze pequenas cidades espalhadas nas costas de seu litoral?
Infelizmente, o Brasil por omissões de seus dirigentes, administradores, comandantes, consegue desperdiçar todo o potencial que dispõe em todos os campos sociais, influenciando sobremaneira para a precariedade de seu IDH, mesmo tendo a sua economia, a classificação destacada de  ser a 6ª do mundo contemporâneo.

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br

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