MARAJÓ,
RETRATO DA AMAZONIA ABANDONADA.
No
início de 2012 fui à passeio à distante ilha do Marajó, a maior do mundo como é
classificada, na boca do rio Amazonas, no imenso Estado do Pará, na região
amazônica.
Estive
em Soure, um dos 13 municípios da ilha. O território insular tem dimensão superior
há muitas nações, com área suficiente para se constituir em unidade independente
da federação.
Sede
de Comarca, Soure dispõe de campo de pouso e algumas pousadas e pequenos
hotéis. Tem hotéis fazendas onde é possível encontrar animais selvagens,
inclusive jacaré, onças e cobras venenosas entre outros incontáveis.
Também
tem um pequeno e bem precário hospital e a pitoresca polícia montada sobre
búfalos. Aliás, a ilha dispõe do maior rebanho bubalino do país. Trata-se de um
dos atrativos bem interessantes, dada a docilidade desses animais quando
domesticados.
É
um território essencialmente rural, cuja população vive da agricultura, pesca,
pecuária e do comércio insipiente e turismo precário.
A
começar pelas condições desastrosas que existem para se chegar à ilha, com uma
única balsa fazendo o trajeto entre Belém e Salvaterra, com saídas às 6 horas
da manhã e retorno às 16 horas, sendo vedado aos interessados antecipar o
lugar, de forma a exigir que esperem em fila, aonde automóveis, motos,
caminhões, carroças e todos os veículos com esse destino, cheguem pela
madrugada e fiquem aguardando a abertura dos portões de embarque, tornando a indústria
do turismo insular rudimentar ao extremo.
Bagunça generalizada para o embarque. Para a compra de passagens de ida.
Passagens de volta... sem qualquer comodidade para os passageiros que enfrentam
de duas a três horas de viagens pelo rio Tocantins e Amazonas, dependendo do
vento, maré e peso que o ferryboat estiver carregando.
Fomos, eu e minha mulher,
para ficarmos 05 dias. Decepção. Ficamos 03 e seguimos de volta para Belém,
completando o período de férias na capital perigosa, violenta e dinâmica que
merece ser visitada, mesmo com todas as dificuldades que se enfrenta para
conhecer o Brasil.
Marajó,
um amontoado de ilhotas que a rodeiam constituindo um arquipélago na qual ela
se destaca, tem belezas naturais exóticas, com fauna e flora diferenciadas e
topografia que admite constantes cheias e banhados, não tem condições mínimas
para receber fluxo de turistas oriundos de vários lugares do Pará, do país e do
mundo.
Lamentável.
Faltam organização e intervenção do Poder Público para que as belezas naturais,
com praias desertas e paradisíacas, rios e ribeirões piscosos, floresta
tropical espalhada, e no todo o quadro caprichado pintado pelo Criador seja
explorado de forma a propiciar retorno financeiro e social àqueles que investiram
suas economias em tão remoto confim.
Limitando-me
a discorrer sobre Soure, sede de Comarca, lembro que a zona urbana, mais do que
suja é toda indisciplinada, com inúmeras vias largas, sem calçamento, a ponto
de ter trilhas nas quais búfalos, motos e carroças disputam espaço com
automóveis, caminhões e ônibus. Além de cães e gatos vagantes.
Bagunça
generalizada. Sem autoridade para se quer impor respeito e exigir que se
obedeça as regras mais simples de transito, entre outras andar na mão e evitar
a contramão. Regras tais como o uso de capacetes e sanitárias, entre outras de
confinar búfalos distantes das residências, preferencialmente na zona rural.
Enfim:
Marajó que poderia ser uma perola na entrada do rio Amazonas, servindo de
amostra do que se pode encontrar ao longo da hiléia, revela nitidamente, o povo
relaxado, sem educação primária na qual, as autoridades, sem exceção, desde as
do Executivo e Legislativo Municipal até as dos Poderes do Estado, mostram-se
indolentes e sem o menor entusiasmo ou condição de reverter a situação
lastimável que se testemunha.
Lamentável.
Sendo
Soure a principal cidade da ilha, na qual se presencia tanta sujeira e omissão
das autoridades o que se imaginar das outras doze pequenas cidades espalhadas
nas costas de seu litoral?
Infelizmente,
o Brasil por omissões de seus dirigentes, administradores, comandantes,
consegue desperdiçar todo o potencial que dispõe em todos os campos sociais,
influenciando sobremaneira para a precariedade de seu IDH, mesmo tendo a sua economia,
a classificação destacada de ser a 6ª do
mundo contemporâneo.
Roberto
J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
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