06 fevereiro 2014

Os costumes, o poder, a elite, o Brasil e o povo.


Prefeito de Coari (AM) é acusado de abusar de meninas de 9 a 15 anos.

 

A Globo divulgou no tradicional programa Fantástico a trágica nota que o prefeito da cidade de Coari, no interior do Amazonas, é acusado de abusar de menores.

 

O Expresso Vida não estranha.

 

São lugarejos isolados.

 

São lugarejos que a tradição de mando, onde alguém que tenham poder pode tudo e não existe lei para ele, faz com que fatos como esse, lamentavelmente sejam corriqueiro.

 

Não há para quem apelar.

 

O Prefeito manda. O Juiz manda. A policia manda. Todas as autoridades, vereadores, deputados, senadores e pessoas com recursos financeiros mandam e não tem para quem apelar.

 

É a realidade do interior do país. De um interior perdido na selva em que os desafetos, os adversários, os inimigos podem desaparecer...

 

Segundo denúncia, Adail Pinheiro oferecia dinheiro e presentes em troca de práticas sexuais com menores de idade.

 

As autoridades ficaram chocadas com as novas acusações feitas contra um velho conhecido deles, um político que há anos é alvo de graves denúncias de pedofilia.

 

O acusado pela Justiça de crimes sexuais contra menores é Adail Pinheiro. Adail vive na mesma cidade das vítimas. Ele é prefeito de Coari, uma cidade de 77 mil habitantes, às margens do Rio Solimões, no interior do Amazonas. Para chegar lá, é preciso enfrentar uma viagem de nove horas de lancha.

 

Coari é a segunda cidade com maior arrecadação do Amazonas. É também o segundo município com o maior PIB do estado. Uma empresa de petróleo instalada lá levou mais recursos para a região, mas boa parte da população não sente os reflexos disso.

 

Adail é do PRP, Partido Republicano Progressista, e está no terceiro mandato. Foi eleito pela primeira vez em 1999. Em 2008, chegou a patrocinar o desfile de carnaval de uma escola de samba do Rio de Janeiro. Os cariocas cantavam Coari.

 

E Coari, alguns meses depois, foi surpreendida por uma grande operação da Polícia Federal. A polícia acredita que nos últimos cinco anos foram desviados mais de R$ 49 milhões. Na época, os policiais também colheram indícios de que o prefeito Adail Pinheiro chefiava uma rede de exploração sexual que contava com servidores públicos para identificar e aliciar as vítimas.

 

Adail chegou a ser preso. Ficou 63 dias na cadeia, mas foi solto por determinação da Justiça.

 

Na Amazônia legal, ou seja desde os prados de Roraima até os cafundós do Tocantins, no interior do Pará, Acre, Rondônia e Amazonas, a cultura local é sintetizada no manda quem pode e obedece quem tem juízo...

 

Mas casos semelhantes não se resumem ao Amazonas e se repetem onde existe o poder dos poderosos e a lei é ignorada.


Esse é o país que não se envergonha de seus costumes e está patrocinando a próxima Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas.

 

Tristeza.

 

Tristeza pela figura que o país apresenta como devassado pelo turismo sexual ignorado pelas autoridades. Pelo tráfico de crianças. Pela pobreza moral, espiritual e econômica de grande parte da população.

 

O Expresso Vida clama para que o Ministério Público cumpra com o seu dever.

 

Roberto J. Pugliese


presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc

 

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