Eduardo Benvenuti, do Canadá para o mundo.
O que o mercado de trabalho pensaria a respeito de um jovem
que abandonou o curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica da USP e uma
carreira promissora na área financeira em uma multinacional, com proposta de
trabalho nos Estados Unidos, para passar seus dias jogando videogame? Eduardo
Benvenuti, dono do currículo acima, pouco se importa. Afinal, ele hoje tem uma
remuneração mensal equivalente à de um diretor de uma grande empresa fazendo o
que mais gosta, sem chefe e no horário que bem entende. Aos 26 anos, seu
trabalho consiste, basicamente, em jogar videogame e colocar as partidas em seu
canal no YouTube. Ele recebe proporcionalmente ao número de visualizações que
consegue, graças ao contrato firmado com o Machinima, espécie de rede
internacional que negocia as propagandas que são exibidas antes dos vídeos.
Embora nenhuma das fontes ouvidas na reportagem tenha
revelado o quanto ganham – segundo eles por questões contratuais –, o Valor
apurou que essas networks pagam de US$ 2 a US$ 3 aos seus associados a cada mil
cliques recebidos. Somando toda a produção, ao fim do mês a renda dos youtubers
brasileiros mais bem-sucedidos varia atualmente de R$ 10 mil a R$ 40 mil – sem
contar o que eles podem faturar por conta própria com publicidade e parcerias.
Foi Benvenuti, inclusive, quem desbravou esse caminho no
país. “Comecei a gravar os jogos por hobby, inspirado nos youtubers
estrangeiros. No entanto, logo identifiquei que havia um público muito
interessado e um grande mercado a ser explorado aqui”, conta ele, conhecido na
internet como BRKsEDU. Após fazer contato com o Machinima e expor seus
argumentos, não apenas se tornou um associado como também ganhou a função de
recrutador. “Minha missão era descobrir outros canais de games com bom
potencial de crescimento e apresentá-los à companhia”, explica.
Empreendedores natos
Hoje, morando no Canadá, ele já deixou essa função para se
concentrar no próprio canal e no curso de business marketing que faz no Mohawk
College, na cidade de Hamilton. “Meu objetivo é conseguir visto de residência e
abrir uma empresa aqui. No futuro, penso em prestar consultoria sobre mídias
sociais”, afirma.
Outro que trocou uma carreira na área financeira para viver
dos games foi Eric Hamers, o MxDeegan. Formado em economia pelo Ibmec no Rio,
ele chegou a trabalhar como analista na área de fusões e aquisições para uma
companhia de seguros, mas largou tudo quando seu canal começou a render algum
dinheiro. “Sempre tive espírito empreendedor, então foi fácil tomar essa
decisão. Sou muito mais feliz e bem-sucedido hoje do que se tivesse seguido um
caminho tradicional”, garante.
Hamers, que tem 24 anos de idade, afirma que são diversos os
motivos que levam alguém a procurar esse tipo de vídeo – como conhecer melhor
um determinado jogo antes de comprá-lo, coletar informações ou aprender dicas.
Muitos, porém, assistem pelo simples entretenimento. “Os brasileiros estão
entre os que mais participam e passam tempo na internet no mundo. É um público
muito crítico, mas fiel”, revela.
Na opinião de Ivan Freitas da Costa, diretor de marketing e
desenvolvimento institucional da faculdade de tecnologia Fiap, jovens como
esses são empreendedores natos. Afinal, eles não apenas descobriram um nicho de
mercado, mas também uma maneira de explorá-lo. “São pessoas apaixonadas por uma
ideia e que conseguiram transformá-la em realidade usando as ferramentas que
estão ao seu alcance. Isso é muito valioso em um profissional”, afirma.
“É preciso ser criativo”
Além de ter a tecnologia necessária – como placa de captura
de imagens, um programa de edição e um microfone para “conversar” enquanto joga
– e o conhecimento para operá-la, é preciso também desenvolver habilidades de
comunicação e relacionamento. “É fundamental saber se expressar, sustentar uma
opinião e até improvisar”, afirma Costa.
Érika Caramello, gerente de marketing digital na Fiap,
ressalta que informalidade é até desejada pela audiência, geralmente composta
por adolescentes. “Esse é um assunto que deve ser tratado de forma leve e
divertida. Cada youtuber tem sua personalidade e estilo, e quem acompanha com
frequência se sente como se estivesse assistindo a um amigo”, analisa. Prova
disso é que os que já estão estabelecidos mantêm canais secundários mais
pessoais e livres – Benvenuti, por exemplo, mostra curiosidades do seu
dia-a-dia no Canadá –, além de investirem nas chamadas live streams, onde
respondem, ao vivo, as perguntas da audiência.
Segundo Érika, o crescimento acelerado desses canais se deve
a todo um contexto que envolve o aumento da acesso da população nos últimos
anos aos computadores, à banda larga e aos jogos eletrônicos de maneira geral.
“Os vídeos são em português, gratuitos, com uma linguagem simples e sobre um
tema que está em evidência” diz. Um reflexo desse sucesso foi a proliferação
recente de canais apostando no mesmo filão. “Existe espaço para todos, mas é
preciso ser criativo. Quem tentar copiar os canais que já são grandes não vai
sobreviver”, diz Benvenuti.
“Mudanças acontecem muito rápido”
Engana-se também quem pensa que se trata de um trabalho
fácil. Bruno Aiub, um dos mais famosos youtubers do Brasil e conhecido pela
alcunha de Monark, garante que fica pelo menos 12 horas por dia envolvido com
seu canal. Além de produzir material diariamente, ele gasta um bom tempo
fazendo networking com seus pares, empresas e interagindo nas redes sociais –
recentemente contratou uma pessoa para ajudá-lo a administrar o fórum de seu
site.
Prestes a completar 22 anos de idade, ele tem cerca de 350
mil inscritos em seu canal – que, segundo suas contas, cresce entre 10% e 20%
ao mês – e seus vídeos já somam algo em torno de 10 milhões de visualizações
mensais. “Me preocupo em sempre tentar renovar o conteúdo. É tudo muito
dinâmico, não dá para se acomodar”, diz.
Aiub também já foi convidado para participar e até dar
palestras em eventos relacionados ao assunto, mas passou a ser mais seletivo
após um susto meses atrás: ele avisou seus “seguidores” que compareceria,
informalmente, ao lançamento de um jogo em um shopping de São Paulo.
“Apareceram mais de 1200 pessoas e a loja não estava preparada para receber
tanta gente. A situação ficou tão complicada que me tiraram dali escondido,
pelo teto”, lembra.
Mesmo com tanta popularidade, ele confessa sentir certa
insegurança em relação ao futuro, uma vez que trancou um curso de
desenvolvimento de jogos logo no início e não tem curso superior. “É preciso se
adaptar às mudanças, pois elas acontecem muito rápido no mundo virtual”, diz.
Por enquanto, ele planeja uma temporada no exterior para estudar inglês. “Posso
fazer o meu trabalho de qualquer lugar, basta uma boa conexão com a internet”,
explica.
O Expresso Vida parabeniza a iniciativa dos jovens
percursores dessa atividade e recomenda aos que gostam de games para acompanhar
as peripécias de BRKsEdu.
***
[Fonte: Observatório da Imprensa: Rafael Sigollo, do Valor
Econômico]
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brAutor de Direito das Coisas, Leud
Membro da Academia Itanhaense de Letras.
legal tio Eduardo chegou longe mesmo e eu que achava queele fazia sucesso na bateria na igreja antigamente ,ele sempre me responde por mensagens no twitter muito atencioso =)
ResponderExcluiriiiii tá pegando hein
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