Trinta e cinco anos depois. Memória nº 04
Corria o ano de 1986. Ele morava em Itanhaém, Sp, era
secretário da subsecção local da OAB,SP e precisava de serviços jurídicos em
Santa Catarina.
Valeu-se da posição exercida e entrou em contato com o
secretário geral da OAB SC para pedir a prestação de serviços, que muito
atencioso, o prestou e se negou a cobrar pelo mesmo.
Os anos passaram e por volta de 1990 foi a Florianópolis à
passeio e lembrando-se da elevada atenção dispensada pelo colega catarinense, levou
uma de suas obras, então recém lançada e autografando, passou no escritório do
causídico e deixou como agradecimento. O colega não se encontrava motivo que
Direito Notarial Brasileiro foi entregue a recepcionista.
Recentemente, agora nas últimas eleições da OAB SC, ele
apoiando uma das chapas concorrentes, se encontrava no prédio sede do Conselho
Seccional, quando numa roda de advogados, percebeu um conhecido com uma ex-aluna,
conversando com um casal de idosos. Bem idosos.
Para cumprimentar a ex aluna e seu pai, também seu
conhecido, pediu licença e adentrou à roda, quando foi apresentado, aludindo a
sua condição de professor que fora em Joinville e identificando-se que agora
estava domiciliado há 3 anos na linda ilha da magia.
O idoso, vestido de forma elegante e formal, acompanhado que
estava de sua esposa, como dito, também de idade avançada, ao ouvir o nome
dele, antecipou-se e disse que anos atrás conhecera um tabelião em Iguape com o
mesmo nome. Ele, que sempre correu o Vale do Ribeira e freqüentou o litoral sul
paulista, imediatamente corrigiu, dizendo que não existira nenhum tabelião com
o seu sobrenome.
- Então Cananéia, ... ou Peruíbe.(?)
O tabelião, acrescentou o elegante advogado,escreveu um
livro sobre direito notarial e me presenteou, divagando sobre cidades litorâneas paulistas, tentando apontar o
lugar certo e a pessoa, quando, numa luz de recordação, ele lembrou-se do episódio
de 1986 exclamando:
- Itanhaém. Fui eu. A
primeira obra do gênero editada no pais. Eu escrevi.
O idoso era o ex secretário do Conselho Seccional da
OAB que agradecido pela gentileza do
colega de Itanhaém, guardara seu nome e, agora estava comentando que recebera o
presente do autor do livro.
O mundo roda. Dá voltas. E passo a passo, o que se constrói
um dia, vislumbra-se no futuro.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brAutor de Direito das Coisas, Leud
Autor de Direito Notarial Brasileiro, Leud
Membro da Academia Itanhaense de Letras.
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