04 abril 2014

Ditadura: Histórias de violencias e injustiças.


Ditadura sanguinária a partir de 1964 !

 

O Expresso Vida transcreve o texto colhido do blog indicado adiante, divulgado pela Rede Nacional de Advogados Populares, Renap.

 

Trata-se de relato que aponta o trágico período da história do país que os ditadores violaram todas as regras básicas de respeito a direitos mínimos, naturais e humanos.

 

Vejamos:

 

Em um dos mais importantes e verossímeis depoimentos já prestados por agentes da ditadura (1964-85), o coronel reformado Paulo Malhães afirmou que ele e seus parceiros cortavam os dedos das mãos, arrancavam a arcada dentária e extirpavam as vísceras de presos políticos mortos sob tortura antes de jogar os corpos em rio onde jamais viriam a ser encontrados.

 

O relato histórico do oficial do Exército foi feito à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e revelado nesta sexta-feira pelo repórter Chico Otávio.

 

Malhães se referia a presos políticos assassinados na chamada Casa da Morte, um imóvel clandestino na região serrana fluminense onde servidores do Centro de Informações do Exército detinham, torturavam e matavam opositores da ditadura. De acordo com o coronel, os cadáveres eram ensacados junto com pedras. Dedos e dentes eram retirados para impedir a identificação, na eventualidade de os restos mortais serem encontrados. As vísceras, para o corpo não boiar.

 

Veterano da repressão mais truculenta do passado, Malhães figura em listas de torturadores elaboradas por presos. É ele quem assumiu ter desenterrado em 1973 a ossada do desaparecido político Rubens Paiva (post aqui).

 

Seu testemunho, sem vestígios de arrependimento, contrasta com o de aparente mitômano surgido em anos recentes. Malhães não é um semi-anônimo,mas personagem marcante para seus pares em orgãos repressivos e para presos políticos.

 

Dois trechos do seu depoimento à comissão, conforme reprodução de “O Globo'' (a reportagem pode ser lida na íntegra clicando aqui):

 

“Jamais se enterra um cara que você matou. Se matar um cara, não enterro. Há outra solução para mandar ele embora. Se jogar no rio, por exemplo, corre. Como ali, saindo de Petrópolis, onde tem uma porção de pontes, perto de Itaipava. Não (jogar) com muita pedra. O peso (do saco) tem que ser proporcional ao peso do adversário, para que ele não afunde, nem suba. Por isso, não acredito que, em sã consciência, alguém ainda pense em achar um corpo.”

 

“É um estudo de anatomia. Todo mundo que mergulha na água, fica na água, quando morre tende a subir. Incha e enche de gás. Então, de qualquer maneira, você tem que abrir a barriga, quer queira, quer não. É o primeiro princípio. Depois, o resto, é mais fácil. Vai inteiro.”

 

Com a frieza de quem conta ter ido à padaria, Malhães afirmou, referindo-se ao local onde vive, a Baixada Fluminense: “Eu gosto de decapitar, mas é bandido aqui''.

 

O Expresso Vida lembra que todas as lições de tortura foram ensinadas na Escola das Américas, na cidade do Panamá, patrocinada pelos Estados Unidos da América para ajudar a instalar na América Latina as diversas ditaduras alinhadas a política norteamericana e eliminar os adversários.

 

Lembra também que toda a crueldade do período da ditadura militar foi amplamente patrocinada por órgãos da grande mída nacional, especialmente pelas Organizações Globo.

 

No aniversário de cinquenta anos do golpe militar o Expresso Vida deixa patente sua indignação em relação aos então donos do poder e sua tristeza em relação às vítimas. 

Roberto J. Pugliese
Autor de Direito das Coisas, 2005 - Leud 

(Fonte=http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/03/21/ditadura-militar-diz-que-arrancava-dedos-dentes-e-visceras-de-preso-morto/)

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