04 abril 2014

A mão do império no mandato do Jango.


Os EUA e o golpe.

Apesar dos cinquenta anos terem passados aos poucos a história verdadeira começa a ser apresentada. O golpe de 1964 obrado pelos militares e por civis, que derrubou o presidente eleito João Goulart, teve a importante participação dos Estados Unidos da América.

O governo americano fez e planejou o golpe para alterar a situação política brasileira. E as gravações americanas reveladas chocam nosso sentimento de brasilidade.

Em uma delas, no Salão Oval da Casa Branca, a 30 de junho de 1962, a situação brasileira foi discutida. A certa altura o presidente John Kennedy perguntou ao embaixador Lincoln Gordon: “Você acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?” Gordon responde: “... isso é o que eu chamo de contingência perigosa possivelmente requerendo uma ação rápida”. O presidente aquiesceu. Admitiu, assim, uma intervenção militar país para derrubar o governo constitucional existente!

Bulhufas para a cidadania do povo amigo ou para a soberania de um país parceiro.

Kennedy foi assassinado.

O vice presidente que assumiu repentinamente herdou um espólio militar e intervencionista. O Brasil estava na relação.

A interferência americana no Brasil de Goulart começou com Kennedy liberando financiamento, através do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais, o IPES, e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática, o IBAD, para campanhas eleitorais de 1962, meios de comunicação, grupos religiosos e propaganda, tudo para desestabilizar o governo brasileiro. O ex-agente da CIA, Philip Agee, informa que houve apoio financeiro para, entre outros, “quinze candidatos ao Senado, duzentos e cinquenta candidatos à Câmara e mais de quinhentos candidatos às Assembleias Legislativas.”.

Mas a intervenção também foi feita com a introdução de americanos no território brasileiro, travestidos de membros de “corpos de Paz”. “Somente no ano de 1962, quase cinco mil cidadãos americanos entraram no Brasil, número muito superior à média histórica”

E finalmente veio a Operação Brother Sam, articulada para dar apoio às forças golpistas brasileiras caso houvesse alguma resistência. O acerto foi que, em seguida ao aparecimento de um presidente que confrontasse Goulart, os Estados Unidos o reconheceria, e daí por diante dariam o respaldo necessário.

A Operação baseou-se na Frota do Caribe, e foi capitaneada pelo porta-aviões de propulsão nuclear Forrestal, acompanhado por seis destróieres, um encouraçado, um porta helicópteros com 50 helicópteros, um navio de transporte de tropas, uma esquadrilha de aviões de caça, navios petroleiros com 130 mil barris de combustível e 25 aviões C-136 para transporte de material bélico.

Era uma frota de guerra. Parte dela chegou às costas do Espírito Santo e outra parte foi orientada a retornar, posto que não houve resistência. Algumas das informações acima eram conhecidas, se bem que negadas. Agora, essas e muitas outras vieram de arquivos americanos e foram apresentadas no extraordinário documentário “O dia que durou 21 anos”. Não são mais contestadas.

Muitos dos golpistas não sabiam da dimesão e efeitos do que estavam fazendo. Do que fora articulado. Mas agora sabem que foram cúmplices, conscientes ou não, de um estratagema que previa a invasão do país. Os que tinham consciência disso cometeram o que se chama de traição nacional.

O Expresso Vida entende que esses golpistas, civis e militares, brasileiros ou não devam ser julgados e se condenados, penalizados severamente.

Lamentavel a omissão das autoridades nesse sentido.




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