Ser avô!
Não esqueci dos meus avós.
Lembro-me bem de todos. Inesquecíveis.
Queridos amigos especiais.
(...)
Quem sabe (?) por ter passado
o tempo,
A vida seguido seu ritmo em
direção ao fim,
Deixado ótimas recordações
para trás,
Tenho saudades de tempos que
passaram
E num quadro amável, eu os
incluo.
São personagens especiais.
Principais em boas épocas.
Foram figuras queridas.
São indescritíveis os meus
avós.
Saudades dos velhinhos que
não deixaram cópias.
Faz falta.
Ninguém conseguiu ocupar o
vazio deixado pelas suas ausências.
Ninguém.
Vovó Conceição querida por
todos.
Muito amorosa, era delicada e
me prestigiava em tudo...
Encantava-se com as minhas
histórias e eu, com as dela.
Tinha aquela das meninas e do
corcunda que moravam no porão.
Sempre me aplaudia.
Sempre me prestigiava!
O vovô Chico na vaga
lembrança que guardo,
Sempre de paletó de pijama,
cabeça branca e muito simpático, me tratava com todo cuidado.
O filho de seu filho e por
ser o topo da estirpe, tinha o trato imperial...
Vovô Tancredo paciente deixava
seus afazeres para confabular sobre sua vida.
Tinha muitas histórias reais
e imaginárias:
Pedro Malazartes era um dos
protagonistas.
Outros eram os bens- te -vi.
Nos seus últimos dias, já
acamado, pedia que eu fizesse sua barba. Fora quem me batizara.
Trazia balinhas de cevada nas
latinhas da Sonkssen.
Chocolates Diamantes Negros.
Sempre carinhoso dava toda
atenção aos reclamos que apresentava.
Os docinhos de banana com
chocolate cortados em losângulo a vovó Lindinha não deixou a receita. Fazia especialmente
para mim. Guluseima inesquecível.
Dos tantos bisavós, conheci
apenas um...
Vi uma vez talvez. Ainda me
lembro: Paletó, gravata, bengala, meio careca, meio curvo andando no terreiro
do sítio.
Saudades queridos vovôs
inesquecíveis.
(...)
Agora sou eu.
Serei vovô. Estou me
preparando.
Uma espécie de gestação à
distancia.
Verdadeiramente um estado
interessante ser aprendiz de avô.
Gestar a expectativa para o
se-lo.
É um dom.
O dom especial que se
adquire.
Título nobiliárquico.
Vale mais que a carta patente
de oficial superior das forças armadas de qualquer país.
Ser avô !
Ser avô, para quem não sabe,
vale definir: Ser avô é ser avô.
E o conteúdo exprime a
grandeza inexplicável e profunda do termo.
Ser avô traz consigo músicas
doces e perfumes suaves.
Encanta os netos e o próprio
avô.
Ser avô tem censura dos
filhos.
Mas não dos netos.
O avô é quem expede a carta
de alforria,
ou decreta a extinção da
pena, impõe regras parciais,
sempre favoráveis aos
netinhos e às netinhas.
Nem que estes já tenham mais
que a maioridade.
O avô ensina o lado melhor da
vida aos seus netinhos de qualquer idade.
Mesmo que já esteja
ultrapassado.
Dá escondido, balas, bombons
e até um trocadinho para o sorvete. Ignora notas vermelhas e autoriza,
Passando por cima de ordens
superiores, que no próximo sábado ela vá ao baile...
E ainda, quem sabe, dá um
dinheirinho à mais para o ingresso no cinema da soirée. ( ! )
Normas colhidas dos velhos
manuais dos avós.
Todos gostam da casa do avô.
Tem biscoitos fora de hora e
não precisa estudar, pode brincar com os primos até depois do jantar. E se não
tiver fome, pode jogar bola até a meia noite sem se preocupar...
Esqueça o jantar.
E se não tiver primo, brinca
com o próprio vovô.
(...)
Na casa do avô não precisa tomar
banho, escovar os dentes e fazer uma porção de coisa chata que o pai e a mãe
mandam fazer.
Não existe castigo na
casa do avô.
Penalizar o neto é coisa
ultrapassada já diziam os meus avós.
Pode andar descalço.
Não precisa se pentear.
Pedir colo. Dormir depois do
avô.
Pode até, no colo do vovô,
dirigir o fusquinha na avenida.
Essa é a regra da casa do
avô.
Aliás a primeira regra da
casa do avô é que não existem regras e tudo é negociável, com a aquiescência do
vovô e da vovó.
Talvez por isso, os filhos do
avô, enciumados, criticam a ampla e irrestrita liberdade democrática que impera
nas casas dos avós.
O avô leva o menino no parque.
( ainda que nunca tenha ido
ao tal parque) .
Leva a menina no shopping
( mesmo não suportando esse
tipo de passeio fútil )
E se precisar... bem se
precisar, pode contar com o avô.
Ele sabe mais... tem experiência
e é tolerante. Afinal ele é o avô.
Se der tempo, isso é uma
imprevisão porque a vida tem andado tão depressa, quero ensinar minha neta, que
está chegando, a dirigir automóvel, pilotar barco e andar de bicicleta.
Mostrar o equilíbrio do
ciclismo sem rodinhas explicando a vida.
A filosofia do avô é o
resultado da longa jornada da estrada da própria história. Curvas, subidas,
buracos, planícies, descidas: Dificuldades e aprendizados que se entrega
despretensiosamente aos netos que haverão de sucedê-lo.
Ensinei o pai, que é bom no
volante e darei explicações para a garota.
Isso se em 2028, ainda
existir automóvel...
E ela, com seus quatorze aninhos,
estiver a fim de passear com o jovem velhinho sabe tudo... Rica imaginação.
Mas não será de graça: Ela
terá que me ensinar mexer no telefone celular,
Formatar a internet e jogar o
jogo da velha on line.
Enfim, estou contando os
minutos: Rafaela chega em Julho, de mala
e cuia, para ficar e para encantar toda a família e várias gerações, inclusive
a mim seu avô paterno.
Vamos passear de mãos dadas
no cair da tarde dos outonos cinza. Nas
primaveras que trouxerem o encanto das manhãs coloridas. Vamos passear pelas
praias, pelas montanhas talvez e campos e campinas floridas dispostos especialmente
para encantar a juventude e a vida renascendo, cumprindo o rito infinito do
desconhecido, pela graça e singeleza da
neta querida que seguirá o rumo da eternidade.
Fruto do fruto que fui e
frutifiquei, cumprimos na insignificância, o destino da eternidade cósmica.
Eu, o vovô, ela a netinha
querida.
Aguardo sua chegada contando
os segundos.
Apreensivo alguns momentos.
Tranquilo outros.
Enquanto isso vou treinando para ser vovô.
E rabiscando versos que é o
que sei fazer para ofertar-lhe.
Tenho procurado textos,
letras, palavras, conexões desconexas peculiares à singeleza de quem está para chegar.
Busco letras, pontos,
cedilhas e travessões nas gavetas do meu coração: As expondo bagunçadas sobre a
mesa dos meus sentimentos, para acertá-las bem direitinho, com maiúsculas no
início das frases e reticências ao final, empacotando e as guardando para a
Rafaela.
Carinhosamente vou entregar
assim que puder.
Deus a proteja. ( Sempre !)
www.pugliesegomes.com.br
É . . .somos a avós da linda Rafaela!! Um presente maravilhoso que Deus nos deu e tenho certeza de que ela será nossa grande amiga! Bem vinda Rafaela nossa netinha querida!!
ResponderExcluir