População tradicional.
A Costa da Lagoa, no interior da ilha de Santa Catarina,
trata-se do espaço que concentra, talvez o maior acervo cultural da Capital
catarinense. Semelhante a todo território onde habita população tradicional, lá
é encontrado com facilidade os costumes e os hábitos que os primeiros
habitantes da ilha trouxeram e implantaram às margens da Lagoa da Conceição.
São cinco ou mais gerações de história e
peculiaridades dos verdadeiros e mais autênticos manés que sobrevivem de modo distinto às mudanças radicais que a
cidade vem sofrendo, desde que foi descoberta por suas belezas, a partir de
meados do século passado.
São inúmeras as construções que constituem o bucólico pedaço
da história da ilha. Algumas abandonadas há décadas estão em ruínas. Muitas
foram erguidas há mais de cem anos. Mas é inegável que boa parte se
encontra preservada e habitadas pelos legítimos descendentes dos
primeiros ilhéus.
Naquele espaço junto a orla lagunar, existem moendas de
farinhas. As cantigas e danças ainda são praticadas contribuindo para o
folclore vivo da cidade. A farinhada,
a festa do Divino Espírito Santo, a procissão marítima e outras
manifestações da sociedade local, são praticadas e ajudam sobremaneira ao
entreterimento dos ilhéus e dos turistas que por lá aparecem.
Crendices e expressões de religiosidade, acompanhadas do
misticismo próprio dos tradicionais descendentes dos primeiros açorianos que por
ali se instalaram, são contadas pelos manezinhos
de agora e no boca a boca,
transmitidos para seus filhos. Os visitantes
se encantam pela beleza suis generis, pela peculiar locomoção em barcos através da
lagoa, enriquecendo o passeio e a visita, mas principalmente pelas expressões
populares que tornam cultura local a mais autentica da ilha.
As crendices
são tantas e envolventes que há aqueles
que já viram, em certas noites escuras, voando nas imediações, bruxas narigudas
pendurados em vassouras. Outros se depararam com sacis... E leros leros outros
intermináveis...
Aparentados
entre si, as inúmeras comunidades quase isoladas, espremidas entre a orla e a
serra de Ratones são conscientes da responsabilidade que se lhes impõe a
sociedade, para que mantenham a Costa preservada, indelével às mudanças dos
tempos de hoje, mantendo-a no todo, um reduto abrigado do caos, diferenciando-a
pela plenitude de segurança, paz e muitas histórias.
Nesse
contexto mágico é chegado o tempo de se descobrir e explorar verdadeiramente a
Costa da Lagoa, de forma a permitir que o cenário impar sirva de motivação
àqueles que chegam à cidade, provocando mais outra surpresa e deslumbramento no
rol de tantas belezas que confundem os menos avisados. A implantação planejada
num manejo equilibrado é, já sem tempo, indispensável para que o manezinho da
Costa se integre na cadeia produtiva organizada da ilha de Santa Catarina.
Vale
refletir.
Roberto J. Pugliese
membro do Instituto dos Advogados de Santa Catarina
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