Lembrando o bom amigo !
Faz muito tempo... Bem mais
que cinqüenta anos. Acho que foi em 1955, um pouco antes talvez.
Com o entusiasmo de sua
juventude e o amor indisfarçável, atravessou a rua com a pequena bicicleta numa
das mãos e as minhas pequeninas na outra, e na calçada iniciou a explicação.
Mais uma lição.
- Não tenha medo. Pedale sem
parar que terá maior equilíbrio. Vai, estou aqui do seu lado.
E assim foi. Sem as rodinhas
de apoio, após algumas tentativas, consegui aprender andar de bicicleta.
Consegui, sob a sua carinhosa
orientação, equilibrei-me o suficiente e dei a volta no quarteirão.
E do mesmo modo, não muito
tempo depois, na Prainha dos Pescadores, em Itanhaém, tendo sua segurança de
estar ao meu lado, ele que não sabia, me ensinou a nadar.
Passaram-se os anos e lá
estava ele, como sempre ao meu lado, parceiro, companheiro e amigo, me ensinando
a dirigir automóvel... Que beleza, 1963 ou antes... e sob seu olhar, já dava
umas voltas ao redor do quarteirão...
Mas não foi só isso. Aprendi
muito. Bem mais que andar de bicicleta, nadar, dirigir automóvel... a ser
gente, ser homem... A ser leal e ter
coragem. Através de seu exemplo sou corajoso e com segurança enfrento as
dificuldades da vida mentalizando suas lições.
Vasculhando seus pertences,
após o óbito, me deparei com um livro Saudades - que há anos atrás ganhara de
um cliente. Um dos inúmeros tantos outros clientes que, na sua forma de ser, de
expor seu conhecimento e respeitar o próximo ajudara.
E no verso da primeira folha,
a dedicatória do autor, o texto manuscrito, assim dizia:
“ Ao ilustrado e benquisto amigo Francisco Pugliese, o competentíssimo
escrivão tabelião, em quem não se sabe que é mais cérebro ou coração, a
homenagem de admiração e gratidão de Tales C. Andrade. Ano Bom, 1956, São Paulo
“
Nos dias dos pais... resta-me
suas lições, exemplos e SAUDADES !
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
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