O jornal eletrônico O Primeiro Online, noticia (08.08.12) que sua
reportagem encontrou na rede social Facebock , maquete virtual do pórtico de
acesso a Cacequi, para quem chega ao município vindo de cidades vizinhas como
São Vicente do Sul, São Pedro do Sul e Santa Maria da Boca do Monte. Também
informa o veículo que o pórtico contará a história da ferrovia aos ditos
turistas.
Em notícia publicada em seu portal, a assessoria de imprensa da
Prefeitura Municipal de Cacequi, em 26.06.12, informa que o pórtico custará a
bagatela de R$ 113.880,00 (cento e treze mil oitocentos e oitenta reais. Tudo
isso graças a aprovação de um projeto aprovado junto ao Ministério do Turismo,
do Governo Federal.
Gastar mais de R$ 100 mil na construção de um pórtico para a quarta
cidade mais miserável do Rio Grande do Sul, precisaria, pelo menos, de uma certa
dose de autocrítica. Ainda que essa autocrítica fosse mínima.
Agora dizer que uma tralha dessas vai “melhorar a qualidade de vida e a
autoestima dos cacequienses”, já é gozação ou falta de bom senso.
Será que a incompetência dos mandatários municipais é tanta que não
tiveram nenhuma outra idéia criativa para enviar ao Ministério do Turismo? Ou
será que essa obra faz parte do projeto de autopromoção do Executivo Municipal?
Ou é alguma benesse para a empresa privada responsável pela obra?
O cinismo é cada vez mais peculiar nas administrações que passam ou estão
passando em Cacequi. Foi assim com o ginásio de esportes, o “remodelamento” das
praças; com o esgoto, instalado primeiro no centro, para causar “boa imagem” aos
que chegam ao município. Tudo isso sempre foi anunciado, pelos alcaides de hoje
e de outrora, como a grande virada de Cacequi. E a virada nunca aconteceu. Pelo
contrário: a cidade tem crescido como rabo de cavalo, ou seja, para baixo. E em
todos os casos, com a aprovação de todos os que ainda estão na cidade pousando
de “benfeitores do progresso” cacequiense.
Sua população, por exemplo, diminui a cada ano. As possibilidades de
trabalho e vida digna para os cacequienses é cada vez mais uma quimera.
Mas, nada disso parece preocupar demais os legisladores e administradores
da cidade de Cacequi. Para um prefeito que ganha mais de 10 mil reais ou de um
vereador que ganha em torno de 3 mil reais, o que é gastar uma merreca de 100
mil reais com um amontoado de pedras e cimento, não é mesmo?
É bom sempre lembrar que os adágios populares podem e devem mudar. Há
tempos atrás se dizia que “em terra de cego quem tem um olho é rei”. Mas, para
os viajantes do presente a história já é outra: em terra de cego quem tem um
olho é, simplesmente, caolho. Nesse jogo, também é preciso ecoar a ironia do
velho e bom Raul Seixas: “quem não tem visão, bate a cara contra o muro”.
( Vitor Hugo Noroefé - vhnoroefe@hotmail.com - o autor é jornalista )
Roberto J. Pugliese
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