24 agosto 2012

Portico da Vergonha


O jornal eletrônico O Primeiro Online, noticia (08.08.12) que sua reportagem encontrou na rede social Facebock , maquete virtual do pórtico de acesso a Cacequi, para quem chega ao município vindo de cidades vizinhas como São Vicente do Sul, São Pedro do Sul e Santa Maria da Boca do Monte. Também informa o veículo que o pórtico contará a história da ferrovia aos ditos turistas.

Em notícia publicada em seu portal, a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Cacequi, em 26.06.12, informa que o pórtico custará a bagatela de R$ 113.880,00 (cento e treze mil oitocentos e oitenta reais. Tudo isso graças a aprovação de um projeto aprovado junto ao Ministério do Turismo, do Governo Federal.
Gastar mais de R$ 100 mil na construção de um pórtico para a quarta cidade mais miserável do Rio Grande do Sul, precisaria, pelo menos, de uma certa dose de autocrítica. Ainda que essa autocrítica fosse mínima.

Agora dizer que uma tralha dessas vai “melhorar a qualidade de vida e a autoestima dos cacequienses”, já é gozação ou falta de bom senso.
Será que a incompetência dos mandatários municipais é tanta que não tiveram nenhuma outra idéia criativa para enviar ao Ministério do Turismo? Ou será que essa obra faz parte do projeto de autopromoção do Executivo Municipal? Ou é alguma benesse para a empresa privada responsável pela obra?

O cinismo é cada vez mais peculiar nas administrações que passam ou estão passando em Cacequi. Foi assim com o ginásio de esportes, o “remodelamento” das praças; com o esgoto, instalado primeiro no centro, para causar “boa imagem” aos que chegam ao município. Tudo isso sempre foi anunciado, pelos alcaides de hoje e de outrora, como a grande virada de Cacequi. E a virada nunca aconteceu. Pelo contrário: a cidade tem crescido como rabo de cavalo, ou seja, para baixo. E em todos os casos, com a aprovação de todos os que ainda estão na cidade pousando de “benfeitores do progresso” cacequiense.
Sua população, por exemplo, diminui a cada ano. As possibilidades de trabalho e vida digna para os cacequienses é cada vez mais uma quimera.

Mas, nada disso parece preocupar demais os legisladores e administradores da cidade de Cacequi. Para um prefeito que ganha mais de 10 mil reais ou de um vereador que ganha em torno de 3 mil reais, o que é gastar uma merreca de 100 mil reais com um amontoado de pedras e cimento, não é mesmo?

É bom sempre lembrar que os adágios populares podem e devem mudar. Há tempos atrás se dizia que “em terra de cego quem tem um olho é rei”. Mas, para os viajantes do presente a história já é outra: em terra de cego quem tem um olho é, simplesmente, caolho. Nesse jogo, também é preciso ecoar a ironia do velho e bom Raul Seixas: “quem não tem visão, bate a cara contra o muro”.

 ( Vitor Hugo Noroefé - vhnoroefe@hotmail.com - o autor é jornalista )
 
Roberto J. Pugliese

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