Eleições na Pindorama.
Foram três os candidatos que
disputaram a prefeitura nas urnas. Sem papas na língua, valendo-se do que o
povo comentava pelas esquinas, tratava-se de um bêbado contumaz, um ladrão cara
de pau e um desequilibrado irado que buscavam através do processo democrático
votos para retornarem ao cobiçado cargo.
Interessante a qualificação dos
indicados pelas Coligações Partidárias engendradas pelos caciques políticos do
município, que na gama de quase 35 mil cidadãos aptos a serem postos à prova das
urnas, a escolha recaiu para três privilegiados postulantes, que já ocuparam o
paço municipal e fizeram valer todo o poder que lhes cabe, decorrentes da ordem
jurídica vigente.
Democracia fajuta para a
escolha.
Ludibriar o esquálido povo
depauperado, que sobrevive, na sua maioria de pequenos biscates, empregos
temporários desqualificados, sem aspiração independe de qualquer sistema
político de escolha, pois a chibata, dentro e fora dos Partidos Políticos fala
alto. E quanto mais alto, mais assusta, faz tremer e impõe respeito pelo medo.
Os ilhéus são humildes e
tradicionalmente humilhados pelo Poder: O mesmo Poder Político que emana
daquele povo amedrontado, que não se
impõe e rotineiramente recua aos gritos e berros dos que os domina, explorando
descaradamente as riquezas produzidas, de modo a constituir também o poder
econômico dominante.
Salvo algumas poucas
privilegiadas famílias, das quais, grande parte oriundas de outros lugares, que
conscientes mantém a independência e podem enfrentar, mesmo com severas
críticas e muita dificuldade os poderosos donos da ilha, no mais, a população
inconsciente, desmotivada, cambaleando bamba à sombra de tutores que os levam a
destinos pré impostos, são esteios que sustentam o estatus quo que define o comando da partilha de bens e poder.
A sociedade revelou
oficialmente, na lógica de votar em quem melhor pode fazer pelo eleitor em
particular e pelos cidadãos, que entre aqueles que estiveram à prova das urnas, escolhesse apontando sua preferência para o alcoólatra por ser
fanfarrão, dócil, filho da terra, mesmo tendo ao seu tempo, revelado incapacidade
para gerir seus destinos.
Revelou que, consciente que o
candidato foi descaradamente ladrão, montando ao seu tempo, verdadeira
quadrilha à semelhança dos mensaleiros do Lula, tendo sido por vezes afastado
de suas funções por ordem judicial, poderia merecer retornar pois é o que tem
de melhor a oferecer à sociedade. É o espelho a ser seguido. Um ícone vindo de
longe que, radicado, já trouxe conhecimentos e poderá oferecer mais, já que o
ilhéu reconhece no íntimo que, mesmo soberbo e fingindo altivez, é frágil e
depende do migrante para evoluir.
Ou então poderia ter optado
pelo administrador bipolar, que representando grupos econômicos locais e
interesses de fora, aos berros e tapas na mesa, sem qualquer limite, impôs sua
forma grosseira e ditatorial de organização, transformando a prefeitura numa
empresa enxuta de servidores ociosos, livre de cabides tradicionais e
restrições nem sempre legais, a par de suspeitas vagarem pelas frestas das
herméticas paredes, aludindo a desvios financeiros e favorecimentos.
Enfim: O ilhéu escolheu o
perfil que mais se aproxima da personalidade da maioria. Escolha difícil para
cidadãos incultos, brutos e pobres de espírito que formam a maioria da
coletividade, cujo personagem mais importante de sua história, longe de qualquer
disputa, ainda é o bandido que, filho da terra, de lá, fez fama em São Paulo,
atacando mulheres indefesas...e ainda não teve erguida uma estátua em sua
homenagem, mesmo tendo levado o nome da ilha para as telas de cinema e para o
Carandiru, onde residiu por trinta longos anos.
Sociedade cuja mão de obra
tradicional, os estivadores do movimentado porto marítimo explorado pelos donos
de Pindorama Island, sabem investir em luxosos automóveis, gastarem suas parcas
fortunas que os iludem, com festas, bacanais e pencas de filhos de amantes,
esposas e putas, e à semelhança dos
garimpeiros de Serra Pelada, que para mostrarem suas conquistas, enfeitam seus
dentes com ouro, mal sabem desenharem seus nomes nos papéis que lhes exigem a
vida.
Sociedade cuja parcela de
indivíduos desconhece seus pais, filhos que são de aventureiros que por lá
aportaram por horas e sumiram. Sociedade cujo dilema maior é optar pelo
cabresto do bêbado, do larápio ou do administrador aloprado.
A ilha poderia ser uma vila
em Goiás ou cidade no Nordeste ou pequena povoação perdida na Amazonia. Não se
imagina que esteja no Rio ou em São
Paulo. O que é certeza é que a ilha existe e se encontra no litoral brasileiro.
Infelizmente. E seus eleitores, com suas mazelas e dificuldades, entre os três,
optaram pelo candidato que não é tachado de ladrão ou bonachão.
Alea jacta est !
O Pindorama conduziu o para segui-lo. Pretende mais quatro anos de
administração severa e rigorosa, com chicote e força, como reflete o perfil do
eleito.
O ilhéu fez sua opção. Vamos
aguardar. Com o respaldo das urnas, agora se antes fora severo, o será muito
mais, e quem sabe, erguerá no centro da pça. da Matriz a até hoje esquecida
grande estátua do maior filho de Pindorama.
Verdade ou mentira, o quadro descrito pode ser ilusão ou não, pois em Pindorama, tudo pode acontecer. ( ficção que se coaduna a realidade espalhada)
Verdade ou mentira, o quadro descrito pode ser ilusão ou não, pois em Pindorama, tudo pode acontecer. ( ficção que se coaduna a realidade espalhada)
Roberto J. Pugliese
Nenhum comentário:
Postar um comentário