09 outubro 2012

Pindorama: A piada !


Eleições na Pindorama.

 

Foram três os candidatos que disputaram a prefeitura nas urnas. Sem papas na língua, valendo-se do que o povo comentava pelas esquinas, tratava-se de um bêbado contumaz, um ladrão cara de pau e um desequilibrado irado que buscavam através do processo democrático votos para retornarem ao cobiçado cargo.

 

Interessante a qualificação dos indicados pelas Coligações Partidárias engendradas pelos caciques políticos do município, que na gama de quase 35 mil cidadãos aptos a serem postos à prova das urnas, a escolha recaiu para três privilegiados postulantes, que já ocuparam o paço municipal e fizeram valer todo o poder que lhes cabe, decorrentes da ordem jurídica vigente.

 

Democracia fajuta para a escolha.

 

Ludibriar o esquálido povo depauperado, que sobrevive, na sua maioria de pequenos biscates, empregos temporários desqualificados, sem aspiração independe de qualquer sistema político de escolha, pois a chibata, dentro e fora dos Partidos Políticos fala alto. E quanto mais alto, mais assusta, faz tremer e impõe respeito pelo medo.

 

Os ilhéus são humildes e tradicionalmente humilhados pelo Poder: O mesmo Poder Político que emana daquele povo  amedrontado, que não se impõe e rotineiramente recua aos gritos e berros dos que os domina, explorando descaradamente as riquezas produzidas, de modo a constituir também o poder econômico dominante.

 

Salvo algumas poucas privilegiadas famílias, das quais, grande parte oriundas de outros lugares, que conscientes mantém a independência e podem enfrentar, mesmo com severas críticas e muita dificuldade os poderosos donos da ilha, no mais, a população inconsciente, desmotivada, cambaleando bamba à sombra de tutores que os levam a destinos pré impostos, são esteios que sustentam o estatus quo que define o comando da partilha de bens e poder.

 

A sociedade revelou oficialmente, na lógica de votar em quem melhor pode fazer pelo eleitor em particular e pelos cidadãos, que entre aqueles que estiveram  à prova das urnas, escolhesse apontando sua  preferência para o alcoólatra por ser fanfarrão, dócil, filho da terra, mesmo tendo ao seu tempo, revelado incapacidade para gerir seus destinos.

 

Revelou que, consciente que o candidato foi descaradamente ladrão, montando ao seu tempo, verdadeira quadrilha à semelhança dos mensaleiros do Lula, tendo sido por vezes afastado de suas funções por ordem judicial, poderia merecer retornar pois é o que tem de melhor a oferecer à sociedade. É o espelho a ser seguido. Um ícone vindo de longe que, radicado, já trouxe conhecimentos e poderá oferecer mais, já que o ilhéu reconhece no íntimo que, mesmo soberbo e fingindo altivez, é frágil e depende do migrante para evoluir.

 

Ou então poderia ter optado pelo administrador bipolar, que representando grupos econômicos locais e interesses de fora, aos berros e tapas na mesa, sem qualquer limite, impôs sua forma grosseira e ditatorial de organização, transformando a prefeitura numa empresa enxuta de servidores ociosos, livre de cabides tradicionais e restrições nem sempre legais, a par de suspeitas vagarem pelas frestas das herméticas paredes, aludindo a desvios financeiros e favorecimentos.

 

Enfim: O ilhéu escolheu o perfil que mais se aproxima da personalidade da maioria. Escolha difícil para cidadãos incultos, brutos e pobres de espírito que formam a maioria da coletividade, cujo personagem mais importante de sua história, longe de qualquer disputa, ainda é o bandido que, filho da terra, de lá, fez fama em São Paulo, atacando mulheres indefesas...e ainda não teve erguida uma estátua em sua homenagem, mesmo tendo levado o nome da ilha para as telas de cinema e para o Carandiru, onde residiu por trinta longos anos.

 

Sociedade cuja mão de obra tradicional, os estivadores do movimentado porto marítimo explorado pelos donos de Pindorama Island, sabem investir em luxosos automóveis, gastarem suas parcas fortunas que os iludem, com festas, bacanais e pencas de filhos de amantes, esposas e putas, e  à semelhança dos garimpeiros de Serra Pelada, que para mostrarem suas conquistas, enfeitam seus dentes com ouro, mal sabem desenharem seus nomes nos papéis que lhes exigem a vida.

 

Sociedade cuja parcela de indivíduos desconhece seus pais, filhos que são de aventureiros que por lá aportaram por horas e sumiram. Sociedade cujo dilema maior é optar pelo cabresto do bêbado, do larápio ou do administrador aloprado.

 

A ilha poderia ser uma vila em Goiás ou cidade no Nordeste ou pequena povoação perdida na Amazonia. Não se imagina que  esteja no Rio ou em São Paulo. O que é certeza é que a ilha existe e se encontra no litoral brasileiro. Infelizmente. E seus eleitores, com suas mazelas e dificuldades, entre os três, optaram pelo candidato que não é tachado de ladrão ou bonachão.

 

Alea jacta est !

 

O Pindorama conduziu o  para segui-lo. Pretende mais quatro anos de administração severa e rigorosa, com chicote e força, como reflete o perfil do eleito.

 

O ilhéu fez sua opção. Vamos aguardar. Com o respaldo das urnas, agora se antes fora severo, o será muito mais, e quem sabe, erguerá no centro da pça. da Matriz a até hoje esquecida grande estátua do maior filho de Pindorama.

Verdade ou mentira, o quadro descrito pode ser ilusão ou não, pois em Pindorama, tudo pode acontecer. ( ficção que se coaduna a realidade espalhada)

 

 

Roberto J. Pugliese

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