14 outubro 2012

Politica ambiental destruitiva. Reflexões !


A política ambiental em Pindorama.


Cananéia é a lamentável síntese de Pindorama. Já me manifestei dessa forma noutras ocasiões e cada vez mais firmo essa conclusão. Mas a situação não se limita apenas àquela ilha paradisíaca do litoral sul paulista. Todo o Lagamar, o Vale do Ribeira, o litoral paranaense e de um modo geral, a costa brasileira é o verdadeira estrato da política ambiental brasileira que revela muito bem o paradoxo de Pindorama.
Para tristeza daquele povo caiçara, empobrecido e sofrido por estar estabelecido nas vizinhanças de sedes das mais diversas unidades de conservações, que assim inibem a prática de inúmeras atividades econômicas, agora por pressões internacionais que exigem do país a implementação de políticas preservacionistas, o Ministério Público do Estado e da União, vem promovendo ações civis demolitórias de construções erguidas há décadas, impondo aos seus titulares, penalidades que a par de estúpidas tornam-se exageradamente injustas.

Em defesa do meio ambiente, ecologistas de todos os quilates, se esquecem de que a região num todo, depende economicamente da exploração do turismo e que, hotéis, pousadas, casas de veranistas movimentam as suas atividades laboriosas e, demolições que se louvam em legislação, muitas vezes, posteriores aos prédios contemplados, a par de violar direitos adquiridos não resultam em tutela ambiental como pretendem.

É preciso repensar. Refletir melhor a atuação isolada dos defensores do meio ambiente seja agentes públicos ou privados isolados ou organizados em associações, pois o Vale do Ribeira como um todo, o Lagamar e assim também as ilhas e o litoral e a zona costeira, se de um lado devem ser preservados, mantendo-se, o que ainda resta da Mata Atlântica e todo o eco sistema desse singular bioma, também é preciso dar oportunidade aos que ali habitam e que historicamente, situados há mais de 500 anos, sempre se dedicaram a atividades que, minimamente agrediram a natureza.

Agressão inexpressiva a ponto de passados séculos, permanecerem como sendo a região melhor preservada ecologicamente, quer pelos seus tradicionais habitantes, como os inúmeros descendentes de quilombolas, indígenas, caiçaras quer também pelos freqüentadores como são os turistas, pesquisadores e cientistas, pois tanto uma como outra gama de pessoas, que ali se dirigem para esses fins, são indubitavelmente amantes da natureza e do meio ambiente, pois enfrentam tantas dificuldades para lá chegarem ou se estabelecerem, que, se assim não fossem, teriam outros destinos ou já longe do Lagamar estariam.

Enfim, num país que falta habitação, que o turismo é incipiente, que a educação ambiental ainda engatinha e outras expressões culturais não atingiram a maturidade, é absurdo ultimarem-se medidas, respaldadas pelas diversas Cortes, no sentido de que hotéis ou casas de habitação singulares sejam demolidas em homenagem a fauna e a flora já adaptada a situações consolidadas.

Lamentável a política ambiental em Pindorama. Lamentavel o prejuízo social que se constata. Lamentável tantas injustiças sendo decretado por órgãos do Judiciário, nem sempre experiente e vivido o bastante para jurisdicionarem destinos de pessoas e coletividades hoje inseguras.

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
( membro da Academia Eldoradense de Letras e da Academia Itanhaense de Letras )

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