16 junho 2012

Jogo de bicho ostensivo em Florianópolis.

O Jogo do bicho – Hipocrisia institucional.
É sabido que a corrupção corre solta pelo país, de norte a sul, sem exceção. Não se excluí dessa cultura que nos acompanha por séculos a província paulista, também com seu povo, suas elites, seus empresários e políticos metidos em atrapalhadas escandalosas que inibem toda a população e pessoas de bem.
Mas a grande diferença é que em São Paulo as falcatruas se dão de forma refinada. São grandiosas no resultado e disfarçadas, importando em ordens que submetem políticos e administradores, impondo-lhes condições e com resultados dignos da grandeza do Estado.
Em São Paulo o jogo do bicho é proibido tanto quanto de resto o é no pais inteiro. Sabe-se que, proibido ou não, muitos jogam, muitos ganham, há banqueiros e todo o esquema em funcionamento. Policiais envolvidos e a corrupção corre solta. Mas tudo é disfarçado. Por baixo do pano é que o bicho rola no Estado.
Noutros lugares, é sabido que o bicho também corre solto, porém, corre solto mesmo. No Rio de Janeiro, há banquetas na cidade e no Nordeste é comum as casas lotéricas afixarem o resultado do bichopublicamente, sem que ninguém se importe. Mas tanto no Rio, como no Nordeste, igual a S. Paulo, o bicho é proibido desde 1946.
Porém o jogo maldito criado pelo Barão de Itararé trata-se de evento de grandiosidade nacional. É uma das expressões culturais brasileiras, que, aliás, já deveria estar tombado pelo IPHAN há muitos anos. No entanto, repete-se: é proibido e não pode ser jogado.
Em Santa Catarina, na sua capital, outro dia, me deparei com uma casinha, instalada publicamente que serve para venda desse jogo. Tem hora para abrir. Hora para fechar e toda uma organização. Só bicho é negociado na birosca existente numa avenida de bastante movimento no sul da ilha.
Nela, não há venda de outras loterias. Só o jogo do bicho. Lógico que muitos são os que estão envolvidos com o funcionamento da birosca, pois, situada à margem da via pública, junto ao meio fio, não dispõe de placa, número e provavelmente de alvará de funcionamento. Autoridades de todos os níveis sabem e ignoram sua existência.
E assim, quando se analisa o bicho, proibido, lá e acolá e a forma de estar ou não ostensivo ou camuflado, se conclui porque existem diferenças no comportamento social do povo paulista e dos demais brasileiros.
Num lugar o que é proibido, se cumpre a lei, proibindo o jogo. Se o jogo por lá existe, é escondido e disfarçado. Noutros, a mesma ordem proibitiva é ostensivamente ignorada e todos a desrespeitam sem se incomodar com a reprovação ética social, pois ninguém se importa. E o jogo proibido corre solto, livre e em abundancia, desmoralizando a lei e as próprias autoridades.
Roberto J. Pugliese

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