Travessia de catraia.
São raras as pessoas,
salvo as da região, que conhecem o
transporte marítimo de pessoas e coisas existente há muitas e muitas décadas
que liga Santos ao Guarujá. Uns barcos saem da costa santista, próximo dos
restaurantes e clubes nas imediações do acesso ao ferry boat, na Ponta da
Praia, e seguem para o porto existente em Vicente de Carvalho. Outros que saem do mesmo porto, seguem para a
praia do Goes com parada no Forte situado no meio do caminho, na ilha de Santo
Amaro, no Guarujá.
Outro transporte
semelhante que une o porto existente em Vicente de Carvalho, ao Mercado
Municipal de Santos são as catraias. São barcos que transportam aproximadamente
30 passageiros que residem na ilha de Santo Amaro e trabalham na ilha de São
Vicente, ou em Cubatao ou então estudam fora de seus domicílios e se valem
desse pitoresco transporte.
São embarcações
destinadas a travessia marítima entre Santos e a costa oeste do Guarujá. Une o
centro de Santos ao bairro operário do Guarujá. Um transporte barato, eficiente
e popular. Uma antiga tradição usa por populares.
Um passeio muito
interessante que atravessa todo o cais por um túnel que une o pequeno porto
existente na orla do Mercado Municipal de Santos e o canal. Um túnel com
aproximadamente 300 metros de comprimento por 2 ou 3 de largura que atravessa
por baixo do cais do porto santista e atinge o
estuário. Dalí em diante, a céu aberto, a catraia atravessa o canal em
direção a estação existente em Vicente de Carvalho no município de Guarujá.
Bem interessante
que merece ser visitado.
Lourenço por volta de 1968 passou uma semana com
Omir, seu grande amigo, no Guarujá, onde a família deste tem até hoje
apartamento. Todas as tardes ao anoitecer, de
ônibus e iam a Vicente de Carvalho e no porto das catraias, atravessavam
até o mercado municipal em Santos e de lá, à pé ou de bonde, iam à zona das
boates e casas de shows e espetáculos destinados principalmente aos marinheiros
do mundo que, despreocupadamente se divertiam naquela confusão de luzes e
cores...
Certa noite um ou outro arrumou uma discussão com
um estivador ou marinheiro e foram obrigados a tomar o bonde que passava, e no
desespero de quem salve-se quem puder sumirem daquela boca suspeita.
Passaram-se muitos anos. Mais de 30 anos. Certa
feita Lourenço acabara de jantar com Ivone Lourenço, sua mulher, num dos
restaurantes situados junto ao canal, em Santos, e do restaurante onde se
encontravam lembrou-se das catraias e seguiu para aqueles lados dizendo que a
levaria num passeio bem interessante.
Sua mulher que já fora ao Monte Serrat durante o
dia, pensou que voltaria para lá à noite... mas a grande surpresa foi dar um
passeio e irem de catraia, atravessando o túnel e o canal naquela noite.
Depois voltaram... e foram para o apart-hotel onde
se encontravam hospedado.
Naquele principio de madrugada o casal passou por
situação interessante e perigosa. Ao deixarem o automóvel nas proximidades do
Mercado Municipal, lugar de péssima frequência, presenciaram um casal brigando
com muita violência nas palavras quase chegando às vias de fatos. O lugar era
escuro, sujo e vazio. No retorno para Santos, quando a embarcação adentrou ao
túnel, depois de alguns metros parou, e um pederastra, levantou uma laje do
solo portuário e adentrou ao cais, provavelmente para fazer algum ou vários
programas.
No trajeto, catraia cheia de operários e
estudantes que de Santos seguiam para seus lares no Guarujá e no retorno, quase
vazia, fez com que recordasse da semana que passara com Omir... viajando quase
todas as noites e madrugadas de lá para cá e de cá para lá.
Bem interessante que o túnel que atravessa sob o
cais do porto de Santos tem lâmpadas com luzes fraquinhas dispostas a cada 5 ou
6 metros tornando o trajeto bem pitoresco. Igualmente quando do Mercado se
dirige à Vicente de Carvalho, ao sair do túnel e se deparar com os imensos
navios que estão no canal ou atracados... Bem interessante.
O passeio merece ser realizado. Vale à pena: É
histórico, tradicional, cultural e emocionante.
Roberto J. Pugliese
Autor de Terrenos de Marinha e seus
Acrescidos, Letras Jurídicas
Autor de Direitos das Coisas, Leud
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