Memórias nº 53
Associação Amigos da
Prainha e outras recordações.
Com o passar dos
anos foram chegando e se instalando famílias vindas de outras cidades,
notadamente da Capital, muitas por recomendação médica.
Na Prainha, no
final dos anos trina, após a Revolução Constitucionalista, os pais do Dr.
Antonio Apostólico, que frequentou o Itanhaem Iate Clube até recentemente, ergueram
um pequeno rancho, de frente para o mar, junto à esquina do referido Caminho que da praia seguia ao Porto
Novo. Toninho, como era carinhosamente tratado, viveu sua infância na Prainha
em razão da saúde de sua mãe, saindo de lá para estudar, mas retornando como
turista e frequentando anos seguidos o mesmo rancho.
Durante a guerra a
casa foi requisitada pelo exército, sendo ocupada por uma guarnição vinda de
Santos, sob o comando do sargento Francisco Paniquar, que casando-se com uma
filha da cidade, acabou por permancer e fazer a vida em Itanhaém.
O Caminho do Porto
Novo era nos idos da década de XX, uma trilha que ligava o barranco do rio onde
encalhavam embarcações e seguia tortuoso, costeando o Sapucaitiva, até a
Prainha, então bucólica e isolada praia
pintada pelos ilustres filhos da cidade: Calixto e Emidio de Souza.
A Prainha com o
passar dos tempos, tornou-se Praia dos Pescadores e o Porto Novo, após a
urbanização que se deu por volta de 1950, transformou-se num bairro povoado,
principalmente por casas de veraneio, designado por uns, como Praia dos Sonhos,
mais abrangente e por outros, Prainha simplesmente.
Com grande
extensão de frente para o caminho, então designado por Porto Novo, o pai de
Lourenço, desmembrou uma parte, vendendo de forma a financiar a construção de
outra casa, essa de tijolos, desmembrando-a também, do Rancho que veio a ser
vendido.
O caminho,
oficializado, passou a ser rua e com a morte de Sebastião das Dores, tomou esse
nome.
O ilustre
homenageado fora um pescador que enfrentou o mar durante muitos anos, indo
pescar com um barco à remo, no qual cabiam seis ou oito tripulantes que pela
manhã, deixavam a rede há uns 2 ou 3 quilômetros da praia e à tarde iam buscar.
O velho pescador
residia com a sua família na Prainha, que para muitos sempre foi designada
Praia dos Pescadores.
O lugar aprazível
e privilegiado na beleza durante muitas décadas teve apenas a família do
Sebastião por lá. Dona Dita seu marido Maneco Silveira eram alguns dos
moradores da praia. Com o passar dos anos, foram chegando turistas e erguendo
suas casas, ranchos e transformando em aconchegante praia quase particular, de
forma a espantar os antigos moradores, os pescadores, que foram residir no distante Belas Artes.
Por volta do
início da década 1960 chegaram de Barra do Sul, as canoas motorizadas de
pescadores que migraram para lá. E ali permanecem. Esses novos profissionais
modernizaram as pescarias da Prainha e seus filhos, tornaram-se amigos dos
filhos de turistas formando um seleto grupo de jovens bastante unidos.
Certa vez,
Lourenço, Fábio, Alexandre e Giba foram cercados por uma turma de jovens da
cidade e quase levaram uma grande surra. Ficaram até altas horas cercados nas
imediações do antigo parquinho, na avenida Pedro de Toledo, onde depois foi
erguido o suntuoso cartório de registro imobiliário.
Noite seguinte,
voltaram ao parquinho acompanhado dos jovens pescadores e descontaram o que se
passara na véspera. Arrumaram confusão
tremenda a ponto da polícia intervir diante do quebra quebra generalizado.
Nos anos que
Lourenço foi residir na casa de seus pais na Prainha dos Pescadores, foi
idealizada e passou a funcionar a Associação dos Amigos da Prainha, sendo
eleito primeiro presidente por indicação do professor Miguel Reali que também
tinha seu rancho de férias nas imediações. Durante uns quinze anos a associação
funcionou, trazendo alguns benefícios ao bairro.
Certa vez
decidiram fechar a rua que dava acesso à praia. Impedir que veículos chegassem
à praia, instalando uma cancela, que abria apenas para moradores. A confusão
foi geral, culminando com ordem do Ministério Público no sentido de bloquear a
cancela.
A Associação tinha
como sede as instalações do Itanhaém Iate Clube que permitia os associados
reunirem-se nas reuniões ordinárias e assembleias. Com o tempo, a vocação dos
turistas que frequentam Itanhaém e a Prainha foi mudada radicalmente, de modo
que a Associação também perdeu o foco.
O Iate Clube antes
associação da alta granfinhagem
paulistana igualmente perdeu seus associados e... Tudo mudou.
Enfim, atualmente
a frequência turística de Itanhaém e da Prainha, assim como do litoral paulista
deixou de ser seleta como outrora. Salvo Cananéia, pela dificuldade de acesso,
o turismo na orla paulista se tornou bem popular, com raros focos mais
selecionados.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brPresidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Sócio do Instituto dos Advogados de Santa Catarina
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